Dica de Série: The Last of Us

Oi pessoal, tudo bem?

Ainda que o timing esteja um pouquinho atrasado, não poderia deixar de falar sobre The Last of Us, uma das séries que ganharam o público e a crítica esse ano – com razão. Muito aguardada por quem já era fã do jogo, ela também fez um ótimo trabalho em conquistar quem não era, e eu me enquadro nesse público. Vamos falar a respeito?

Sinopse: Vinte anos após a queda da civilização, Joel é contratado pra tirar Ellie de uma zona de quarentena perigosa. O que começa como um pequeno trabalho, logo se transforma em uma jornada brutal pela sobrevivência.

Faz um tempo que histórias pós-apocalípticas não me interessam mais. Sendo um pouquinho mais específica, desde que The Walking Dead (da qual já fui muito fã) perdeu totalmente minha atenção e eu dropei. Por isso, mesmo sabendo que The Last of Us vinha de um jogo cuja história era elogiadíssima, temi que fosse sentir a mesma monotonia que TWD me causou, o que felizmente não aconteceu. The Last of Us compartilha da melhor fase de The Walking Dead, da época em que a série mais me cativava, trazendo dois elementos dos quais eu sentia muita falta nesse tipo de produção: a aflição pura pelo medo real de algo possa acontecer com os personagens e o foco total no desenvolvimento psicológico deles e na construção de suas relações. Essa combinação faz de The Last of Us uma série que se desenvolve lentamente, mas com doses de adrenalina bem colocadas.

A história gira em torno de Joel e Ellie, uma dupla que se une contra a própria vontade. No futuro em que eles vivem, a humanidade foi quase dizimada por um fungo – que existe e se chama Cordyceps, mas na série ele evoluiu para uma versão muito mais violenta, capaz de controlar o corpo dos seres humanos –, e os sobreviventes vivem em colônias controladas por um exército ditatorial, a FEDRA. Contra essa forma de governo estão os Vagalumes, um grupo rebelde que deseja a liberdade, e Ellie é feita de refém por esse grupo, que acredita na possibilidade dela ser a chave para uma possível cura. Joel, por motivos particulares (e por seu posicionamento político neutro, aliando-se a quem for necessário para sobreviver), aceita escoltar Ellie até uma base dos Vagalumes, mesmo sem ter a menor simpatia pela garota e não desejar se aproximar de ninguém devido aos próprios traumas e perdas. Com o tempo, porém, os dois vão criando um vínculo que vai além da sobrevivência.

Eu amei demais a performance de Pedro Pascal como Joel e Bella Ramsey como Ellie. Não joguei o jogo pra comparar, mas as emoções que eles transmitem na série pra mim são completamente críveis em relação ao que ambos viveram. Joel é um personagem que teve a pior perda possível: no primeiro episódio da série, em meio ao caos do apocalipse acontecendo, ele perde sua filha, a quem ele amava mais do que tudo no mundo. A série tem um salto temporal de 20 anos a partir daí, e é perceptível o quanto ele fechou o seu coração devido ao ocorrido. Mesmo que no presente ele tenha uma companheira (Tess), que também deixa uma marca profunda em Joel, é nítido que nada é tão doloroso pra ele quanto a perda da jovem Sarah. E isso torna ainda mais difícil a aproximação com Ellie, porque o papel de pai que ele exercera no passado não é algo que ele deseje pra si novamente, ou até mesmo que ele sinta ser capaz. Ele não tem a menor pretensão de se aproximar da garota, mas conforme ela vai conquistando sua simpatia e, com o tempo, o seu afeto, as coisas vão se transformando contra a sua vontade e Joel ganha uma segunda chance.

Ellie, por sua vez, é uma jovem que foi treinada a vida toda pra fazer parte do exército, a FEDRA. Mas mesmo sendo tão jovem, ela também enfrentou perdas significativas: cresceu sem os pais, perdeu amigos, teve pouquíssimo afeto destinado a si mesma e, no presente, tornou-se uma espécie de moeda de troca. Ela tem muita dificuldade em acreditar que Joel também não vai abandoná-la, mas sua forma de lidar com tudo que sente é com hostilidade ou com excesso de humor. Demora até que ela consiga se abrir, e quando vemos os lampejos da sua fragilidade fica claro para o espectador (e para Joel) que ela é apenas uma criança.

Mas para além da dupla de protagonistas, The Last of Us consegue fazer a proeza de te fazer se apaixonar, se apegar e depois te deixar em lágrimas por personagens que você conhece em um único episódio. Sendo mais específica, o terceiro. Sim, o polêmico, que causou o maior burburinho quando saiu porque tem um monde de nerdola homofóbico por aí que não consegue admirar a beleza de uma história de amor bem contada só porque quem a protagoniza é gay. O terceiro episódio de The Last of Us é um dos mais bonitos a que assisti em muito tempo, com um romance comovente entre Frank e Bill, dois homens que não poderiam ser mais diferentes e, ainda assim, encontram um no outro a salvação e o amor necessários para viver cada dia. Eu literalmente trouxe um rolo de papel higiênico para o braço do sofá enquanto assistia esse episódio de tantas lágrimas que eu chorei, precisava secar os olhos e assoar o nariz com frequência, me emocionei demais com a delicadeza dessa história. A beleza do romance e o final agridoce desse episódio são inesquecíveis e, sinceramente, só por esse episódio a temporada inteira já valeu. Mas não pensem que foi a única história marcante a ser contada: The Last of Us mexe conosco em praticamente cada episódio. Quando conhecemos os irmãos Henry e Sam, por exemplo, um pedaço do nosso coração fica naquele episódio, e eles nos fazem questionar o que é ser humano, afinal. Enfim, se eu ficar me alongando sobre todas as emoções causadas pelos personagens de The Last of Us, vai ser impossível parar de digitar.

Mesmo que você não se identifique com histórias pós-apocalípticas, sugiro que você dê uma chance a The Last of Us. Ela utiliza a infestação de Cordyceps como pano de fundo para construir relações entre personagens e questionamentos sobre quem somos. É uma série que faz você pensar sobre o que realmente vale a pena na vida, colocando diversas coisas em perspectiva por meio de uma situação extrema. Além disso, tem dois protagonistas carismáticos – com aquela dinâmica perfeita e divertida entre um grumpy e uma sunshine – que nos conquistam sem esforço. Vale a pena conferir!

Título original: The Last of Us
Ano de lançamento: 2023
Criação: Craig Mazin, Neil Druckmann
Elenco: Pedro Pascal, Bella Ramsey, Anna Torv, Lamar Johnson, Melanie Lynskey, Nico Parker, Keivonn Woodard, Merle Dandridge, Nick Offerman, Murray Bartlett

Dica de Série: Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton

Oi pessoal, tudo bem?

Confesso que inicialmente não hypei no anúncio do spin-off Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton (mesmo sendo fã da série Bridgerton), mas acabei dando uma chance pra série durante as férias e cá estou pra me redimir e indicar pra vocês essa produção que, sim, conseguiu trazer uma história mais profunda e madura do que o material de origem. ❤ Vamos conhecer?

Sinopse: Neste spin-off, o casamento da rainha Charlotte com o rei George é muito mais que uma história de amor: é uma transformação na alta sociedade do universo de Bridgerton.

A série tem como foco duas linhas do tempo: no passado, conhecemos a origem da rainha, como ela foi trazida para conhecer o rei George, o início de seu casamento, a doença do rei, a construção do amor deles, mas também todo o impacto que essa união teve na sociedade inglesa na época; no presente, acompanhamos Charlotte constantemente preocupada em saber se George morreu ou não, e também com o futuro da sua família, pois infelizmente a esposa de seu filho mais velho e seu neto faleceram, e agora não há um herdeiro legítimo ao trono e ela precisa que algum de seus filhos se case e gere uma criança. O impacto da linha do tempo presente provavelmente vai refletir na próxima temporada de Bridgerton, já que existem interações entre Lady Danbury e Violet Bridgerton também, mas o que realmente fisga o espectador é a timeline do passado, em que descobrimos como a sociedade chegou ao ponto que vimos lá na primeira temporada da série de origem, além de ser também a linha do tempo que nos revela a história de amor que – até então – só tinha sido levemente abordada, e o espectador tinha apenas pequenas peças que possibilitavam saber que Charlotte e George se amavam muito, mas sem conhecer a fundo seu passado.

Devo dizer que eu esperava uma série bastante romântica, justamente por saber que Charlotte viveu uma vida devotada a George. O modo como a doença dele foi apresentada em Bridgerton, e o cuidado que ela tem com a situação, mostra uma ternura que já indicava que ali existia um sentimento muito verdadeiro. Para a minha surpresa, Rainha Charlotte é uma série que foca muito pouco no romance. Nos três primeiros episódios, o casal protagonista mal se fala! Eles compartilham uma cena muito fofa quando se conhecem, aí logo se casam (pois Charlotte é trazida à Inglaterra já como uma noiva prometida ao rei) e brigam logo após a cerimônia, quando George se recusa a dormir com ela e morar na Casa Buckingham. Charlotte passa dias e dias a fio solitária, sentindo-se abandonada e com a sensação de que falhou como esposa, arrependida de ter se casado e com uma sensação de amargura muito profunda. Posteriormente, a série nos apresenta os primeiros episódios pelo ponto de vista de George, e é nesse momento que o espectador tem seu coração partido em mil pedacinhos: finalmente entendemos o motivo pelo qual ele tomou tais decisões e o que George realmente esteve fazendo enquanto se manteve distante da rainha. Ainda assim, isso não muda o fato de que, ao longo dos 6 episódios, a maior parte do tempo os dois passam separados. Tanto que eu demorei bastante a acreditar que Charlotte já estivesse apaixonada por George, mesmo sabendo que a recíproca fosse verdadeira; foi apenas no fim da temporada que senti de verdade esse amor acontecendo, e quando ele veio, ele veio arrebatador. O último episódio de Rainha Charlotte – em especial, a última cena – é de arrepiar, e eu chorei de soluçar. É linda, sensível, cheia de referências a coisas importantes na história do casal e dá uma sensação agridoce muito marcante. É um final primoroso, e ao mesmo tempo em que parte o nosso coração, ele também nos dá um pouquinho de esperança, revelando um lampejo da sanidade de George e o profundo amor que os conecta desde a juventude.

Uma surpresa de Rainha Charlotte diz respeito à doença do rei, que esteve presente ao longo de todo o relacionamento dos dois. De certo modo, esperei por um romance arrebatador que, talvez no final, fosse ser atrapalhado pela descoberta dos sintomas, o que não ocorreu. Isso traz um peso emocional muito mais intenso do que as temporadas prévias de Bridgerton (por exemplo) haviam apresentado, e Charlotte e George lidam com uma pressão em seu relacionamento que vai muito além do peso da responsabilidade de governarem a Grã-Bretanha. O fato deles serem tão jovens e já serem marcados por esse desafio torna tudo ainda mais difícil, porque o espectador descobre que a vida do casal foi marcada por um obstáculo instransponível. Por outro lado, saber que George encontrou uma parceira capaz de amá-lo sob todas as circunstâncias, e de aceitar todas as suas facetas, também é acalentador. Além disso, esse plot mexe muito com quem assiste por mostrar a terrível face dos tratamentos psiquiátricos da época, que eram baseados na mais pura tortura. A barbárie que George enfrenta é revoltante, e saber que muito disso foi perpetrado durante séculos é de embrulhar o estômago. Pessoas que tinham condições mentais ainda mais instáveis, incapazes de se defender, sofreram muito mais nas mãos de médicos que faziam os piores experimentos em nome de “curar a mente”, e ver isso refletido na série é bastante impactante.

Mas se eu disse que Rainha Charlotte foca pouco no romance (pelo fato de Charlotte e George passarem bastante tempo afastados ou brigados), no que ela foca? Na minha opinião, no impacto social que ter uma rainha negra causou na sociedade inglesa no universo fictício de Bridgerton. Charlotte faz amizade com a jovem Lady Danbury, que ganha o título graças à mãe de George, a princesa-viúva Augusta. Esse título é fornecido ao marido de Agatha Danbury pra mostrar ao Parlamento que o intuito de casar George com uma mulher de pele escura foi intencional – o que eles chamam de Grande Experimento. O “escurecimento” da corte é um movimento político que Augusta faz pra que não haja dúvidas de que tudo foi planejado previamente (o que não é verdade, pois ela imaginava que a pele de Charlotte fosse mais clara). Ainda assim, uma vez que se torna Lady Danbury, Agatha usufrui desse título com muita sabedoria, negociando seus direitos com Augusta em troca de informações e garantindo que aquilo que é fornecido aos lordes brancos também seja fornecido ao seu marido e à sua família. O plot de Lady Danbury é extremamente interessante: ela odeia o marido, que pratica estupro marital constantemente, mas quando ele morre (afinal, é um idoso) ela se vê bastante perdida com a total liberdade que passa a ter, considerando que foi prometida a ele aos 3 anos de idade e toda a sua vida girou em torno dele e de seus gostos pessoais. Agatha é uma mulher que precisa reaprender sobre si mesma e entender o que é ter seu próprio espaço no mundo, além de lutar com unhas e dentes pra não perder seus privilégios e garantir os seus direitos. Sua amizade com Charlotte também é muito bacana, porque ela consegue conscientizar a rainha da importância que ela tem ao servir de exemplo para a corte e para a sociedade como a primeira mulher negra em sua posição. Adorei acompanhar sua evolução e sua história de origem e terminei a série admirando-a ainda mais como personagem.

Além de tudo, é claro que Rainha Charlotte mantém o mesmo nível de excelência de Bridgerton no que diz respeito à trilha sonora e belos figurinos. Há também representatividade LGBTQIA+ por meio de Brimsley, o leal braço direito de Charlotte, e Reynolds, também leal valete de George. Em relação às cenas de sexo, achei menos calientes quando comparadas às da série original. Quem assistiu, o que achou? 👀

Em resumo, quebrando várias das minhas expectativas, Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton me surpreendeu demais, de uma forma totalmente positiva. Eu esperava uma coisa e encontrei outra, muito mais profunda, bem trabalhada e complexa. Amei isso! A série trata de saúde mental, de mudanças sociais, de racismo, de um amor que é construído com o tempo e que também perdura com o tempo. É uma história sobre aceitar quem amamos em todas as suas facetas, mesmo aquelas que a própria pessoa não aceita e das quais ela quer fugir. É uma história inspiradora e muito bonita, que me emocionou muito mais do que pensei que poderia quando dei um “play” tão despretensioso. Se tornou minha temporada favorita no universo Bridgerton! ❤ Recomendadíssima!

Título original: Queen Charlotte: A Bridgerton Story
Ano de lançamento: 2023
Direção: Tom Verica
Elenco:India Amarteifio, Corey Mylchreest, Arsema Thomas, Golda Rosheuvel, Adjoa Andoh, Michelle Fairley, Ruth Gemmell, Sam Clemmett, Freddie Dennis, Hugh Sachs

Daisy Jones and The Six: erros e acertos

Oi pessoal, tudo bem?

Não é segredo pra ninguém que tenha lido minha resenha de Daisy Jones & The Six ou visto meus posts no Instagram que eu não gostei do livro por diversas razões, mas que tinha expectativas de que gostaria mais da série. Novamente fui gongada pela vida e tive mais uma sessão intensa de “passando raiva graças a Daisy Jones e Billy Dunne”, dessa vez ao longo de 10 longos episódios. Brincadeiras à parte, a série realmente funcionou mais do que o livro pra mim, me mantendo mais interessada e “consertando” alguns problemas que me incomodaram nas páginas. Por outro lado, ela também me decepcionou bastante em relação a certos plots e personagens importantes do livro ao adaptá-los de forma bem problemática. 🥲

Então, pra tentar ser justa no meu balanço final a respeito da adaptação – e pra não escrever uma resenha repetitiva, já que falei sobre o livro há pouco tempo –, resolvi fazer um post semelhante ao que escrevi sobre a segunda temporada de Stranger Things, trazendo pra vocês quais foram (na minha opinião) os erros e acertos de Daisy Jones & The Six! Por motivos óbvios, esse post tem spoilers sobre a série.

Erros

Higienização e romantização da personagem de Daisy: uma das primeiras coisas que ficam claras para o leitor no livro é que, desde a adolescência, Daisy faz uso intenso de drogas e álcool. Negligenciada (e indesejada) pelos pais, ela se torna uma groupie aos 14 anos e começa a frequentar bares e pubs, saindo com caras mais velhos e entrando em contato com o rock n’ roll, mas também com o abuso de substâncias. Quando ela passa a fazer parte dos Six, seu vício é uma parte fortíssima de quem ela é, tanto que ela nem sabe quantas pílulas toma por dia ou quais drogas mistura. Na série, porém, até o terceiro episódio isso mal é mencionado. Daisy parece uma jovem inspirada que só quer poder fazer a sua música em paz enquanto mal e mal fuma um baseado. Além disso, todo o lado negativo da sua personalidade demora muito a ser mostrado: no livro, Daisy é egoísta, irresponsável e não liga se suas ações vão afetar os outros negativamente. A sensação que tive enquanto assistia à série é de que criaram uma versão “palatável” de Daisy, para que o espectador pudesse gostar e torcer por ela.

Falta de magnetismo em Billy e Daisy individualmente: enquanto eu lia Daisy Jones & The Six, a dupla de protagonistas era sempre descrita como pessoas das quais você não conseguia desviar o olhar. O magnetismo que ambos exerciam era – depois da química e do talento musical – um dos grandes motivos pelos quais a parceria dava tão certo. Todo mundo queria ver Daisy e Billy de perto, e eles eram verdadeiros ícones do rock. Na série, contudo… Daisy começa bem sem sal pro meu gosto, mas com o passar dos episódios vai se destacando e ganhando a personalidade marcante que eu tanto queria ver. Já o Billy, coitado, não poderia ser mais sem graça. A adaptação foca totalmente no seu sofrimento como alguém que luta contra o vício em drogas e álcool, o que mostra a competência dramática da atuação de Sam Claffin, mas deixa todo o brilho do “showman” Billy Dunne de lado, o que é uma pena.

“Consumação” da atração de Billy e Daisy: eu odeio triângulos amorosos, e se envolvem traição meu ranço fica ainda pior. No caso do livro, pelo menos, Taylor Jenkins Reid opta por contar uma história nunca concretizada, o que torna essa história cheia de reminiscências ainda mais melancólica, já que gira em torno de muitos “e se?”. Na série, porém, fizeram a burrada de incluir no roteiro (mais de uma vez!) cenas em que Billy beija Daisy, desrespeitando seu casamento com Camila da pior forma e toda sua própria construção de personagem feita no livro. O que me leva ao próximo e, provavelmente, pior erro da adaptação.

O desrespeito à personagem de Camila e ao amor de Billy por ela: que Billy eventualmente se apaixona por Daisy é evidente, especialmente durante o processo de composição do álbum Aurora. Porém, ao longo das páginas, ele deixa claro de diversas formas o quanto amou Camila e o quanto ela sempre foi sua prioridade. Não porque ela era sua esposa, não porque era mãe de suas filhas, não por seu senso de dever: pelo que ela representava pra ele e porque ele a amava. Em determinado momento, Billy diz que se Daisy era fogo, Camila era sua água, e era disso que ele precisava. Em suas entrevistas ele deixa claro o quanto faria de tudo pra ter mais momentos com ela e o quanto ela representou em sua vida. A série falhou durante todo esse processo, especialmente ao colocar falas que indicavam que ele só não ficava com Daisy porque tinha uma família, ou seja, como se o amor por Camila já nem existisse mais. Isso é um desrespeito tremendo por aquela relação e pela personagem que foi a cola do casamento e da banda como um todo. Até tentaram se redimir nas cenas finais, quando Billy conversa com a filha, mas sinceramente? Já não adiantava mais. Pra quem só viu a série, acho difícil compreender a magnitude do sentimento entre ele e a Camila. E eu, como fã dessa personagem, acho um verdadeiro desperdício. 🙁

Acertos

Trilha sonora: apesar de inicialmente eu ter ficado meio de nariz torcido por terem trocado as letras originais das músicas, tenho que elogiar o empenho da série em fazer uma trilha sonora tão realista e um trabalho de divulgação tão bem feito pra tornar Daisy Jones & The Six e o álbum Aurora reais. Mesmo que não seja meu estilo de música especificamente (achei que ficou um pouco country rock demais pra mim), a produção caprichou e o resultado é excelente e imersivo.

Figurinos e ambientação: assistir Daisy Jones & The Six é mergulhar na época em que a série se passa. A paisagem, os figurinos, os cenários, cada detalhe é pensado com cuidado e transporta o espectador para as décadas de 60 e 70. É engraçado sentir nostalgia por uma época em que você não estava vivo, mas é uma sensação parecida com essa que a série te faz sentir. Dá vontade de estar naqueles estádios lotados, assistir a banda se apresentar ao vivo e sentir aquela energia também.

Camila como sexto membro dos Six: quando anunciaram que Pete Loving, o sexto membro da banda, não faria parte da série, os fãs no Twitter começaram a especular que a Camila poderia ser o sexto membro da banda – inclusive pelo destaque dado a ela nas fotos em grupo. Bingo! Eu adorei essa mudança e acho que fez todo sentido, especialmente pelo papel que ela tem em manter todos unidos e até pelo próprio papel de esposa do Billy, que sempre o apoiou na carreira musical. Além do mais, a série traz mais foco pra Camila como pessoa, o que é um grande acerto: ela ganha uma profissão (fotógrafa, e muito talentosa), e alguns dilemas próprios bem interessantes.

Mudanças no personagem de Eddie: no livro, Eddie é um cara recalcado (com boas razões) que passa a entrevista inteira reclamando do ego gigantesco do Billy (e tá errado?). Na série, provavelmente pra torná-lo menos insuportável, os roteiristas dão mais razões pra ele ser amargo como é. Primeiro, ele é tirado do seu posto inicial como guitarrista contra sua vontade, sendo colocado no baixo; depois, quando assume os vocais na ausência de Billy, também é retirado da sua posição sem muita consideração; e por fim, a mudança mais interessante diz respeito a seus sentimentos por Camila. Adorei esse plot e achei que essa (e as outras) mudança ajudou muito a dar profundidade a um personagem que, no livro, era raso e só sabia reclamar por despeito.

Foco na cena LGBTQIA+ negra de Nova York: Simone, a melhor amiga de Daisy, é uma personagem que não tem tanto espaço no livro, ainda que seja super importante para a protagonista. Na série, ela ganha um episódio com bastante foco na sua vida em Nova York, onde ela conhece uma DJ que a ajuda a ascender na carreira cantando em boates. As duas iniciam um relacionamento amoroso e constroem uma relação muito bonita, e eu adorei ver esse espaço na trama destinada à cena queer e negra da época.

Acho que os principais tópicos que eu gostaria de abordar são esses, pessoal.
E vocês, já assistiram Daisy Jones & The Six? Curtiram?
Vou adorar saber nos comentários! 😀 

Dica de Série: Ruptura

Oi pessoal, tudo bem?

Hoje a dica é de uma das séries mais interessantes a que assisti nos últimos tempos, e olha que isso não é pouca coisa, hein? Hoje o nosso papo é sobre Ruptura.

Sinopse: Mark lidera uma equipe de funcionários cujas memórias foram cirurgicamente divididas entre vida profissional e pessoal. Um misterioso colega aparece fora do ambiente trabalho, e ele começa uma jornada para descobrir a verdade sobre seu emprego.

Imagine uma realidade em que você pudesse separar sua vida pessoal da profissional. Mas não estou dizendo isso de forma metafórica, daquele jeito saudável que a gente tenta fazer quando busca equilíbrio entre os nossos compromissos. Estou falando de um modo brutalmente literal: nessa realidade, você poderia fazer uma intervenção no seu cérebro que “apagaria” a sua versão de “fora do trabalho” (ou “Outie”) no momento em que você chegasse ao escritório, assim como apagaria sua versão “do escritório” (ou “Innie”) quando você saísse dele. Durante o expediente, você não lembraria nada sobre quem você é lá fora: seus gostos, sua família, seus hobbies, seus amores; fora do expediente, você não saberia se seu trabalho é meramente burocrático ou se, digamos, envolve escravizar ou matar pessoas, por exemplo. Esse é o grande dilema moral de Ruptura, que gira em torno desse procedimento médico que dá nome à série e é realizado pelo protagonista – Mark S. – após perder a esposa em um acidente, sendo consumido pelo luto. Como cerca de 8h ou 9h do seu dia são dedicadas ao trabalho, lhe parece uma boa troca não ter que lembrar que essa dor existe durante esse período. Porém, quando ele é abordado por um homem que alega ser seu ex-colega de departamento, Mark começa a apresentar sintomas estranhos e a nutrir dúvidas desse sistema.

Ruptura é o tipo de série que vem e faz você sentir o impacto. A fotografia é pálida, a abertura é profundamente angustiante e o tom da história faz você se sentir tão preso quanto os personagens. A ambientação por si só é um personagem também: Mark e sua equipe trabalham em um escritório que mais parece um labirinto, todo sem janelas e com fortes luzes brancas, causando neles uma sensação de que o tempo não passa. Considerando que os Innies realmente não sentem o tempo passar (afinal, no momento em que eles saem do escritório, sua consciência é desligada e só é religada ao retornarem), é como se eles vivessem aprisionados dentro das paredes da Lumon, a empresa por trás do procedimento da ruptura.

A saúde mental no ambiente de trabalho é um dos tópicos mais latentes de Ruptura, e fica evidente na personagem Helly. Ela é a novata da equipe e tem grande dificuldade de se ajustar, tentando se demitir a todo custo. Acontece que, ao entrar na Lumon e fazer a ruptura, sua versão Outie grava um vídeo contando pra você que foi realmente você quem decidiu por aquilo, e que é de fato a melhor escolha, numa tentativa de fazer a versão Innie se tranquilizar e aproveitar o trabalho. Contudo, isso não funciona com Helly, que tenta diariamente burlar o sistema para fugir do prédio e conseguir ter suas memórias de volta no ambiente exterior, de modo que possa “avisar a si mesma” lá fora que a Lumon é uma cilada. O plot de Helly vem acompanhado de alguns gatilhos, inclusive suicídio, então fica o aviso caso você seja uma pessoa sensível a esse tópico. Mas por meio dela vemos como é o desespero de alguém que deseja se libertar de uma rotina esmagadora e claustrofóbica e não consegue, enquanto seus pares ao redor parecem ter se conformado a ponto de fazer parte da engrenagem. Essa problematização perdura ao longo de toda temporada, até que pequenos sinais de rebeldia vão acontecendo e o status quo vai sendo alterado.

É muito bacana ver a transformação da equipe de Mark ao longo da temporada. Os já mencionados Mark e Helly têm grande foco porque o primeiro é o principal protagonista e a segunda é justamente quem mexe com a “paz” do setor, mas temos também Irving e Dylan, os outros dois membros da equipe que são fundamentais pra que movimentos significativos aconteçam ao longo dos episódios. Acho que a grande questão aqui é que essa equipe representa a rebeldia, a curiosidade e a liberdade do espírito humano: por mais que tentem cercear as pessoas, limar suas possibilidades e controlar os seus passos, a busca por ir além sempre está ali, no fundo do coração, por fazer parte da nossa natureza. A curiosidade de saber o que está acontecendo, de ir mais a fundo, de se ver livre da opressão, principalmente depois que você “quebra o vidro” da ilusão que tentam criar (ilusão essa que a Lumon faz na mesma medida em que utiliza de coerção física e psicológica pra colocar as pessoas “nos trilhos”).

Ruptura é uma série de desenvolvimento lento, com cenas mais pacatas, que focam nos diálogos e no aprofundamento psicológico dos personagens e das suas relações, mas nem por isso ela é uma série entediante ou cansativa. Pelo contrário, a sensação que os episódios causam é de querer ver mais para descobrir mais informações, e também angústia, tanto no ambiente externo (enquanto a versão Outie de Mark tenta investigar as pistas que seu ex-colega de departamento deixou) mas, principalmente, no ambiente interno (devido a opressão do escritório). Ainda que a série crie um ambiente inóspito de forma proposital e, quem sabe, levemente exacerbada, não podemos dizer que é irreal; muitos lugares pelo mundo oferecem condições de trabalho iguais ou piores para seus funcionários, influenciando diretamente na sua sensação de bem-estar e saúde psicológica. Passando ou não pelo procedimento médico, Ruptura nos faz confrontar o equilíbrio entre vida e trabalho de uma forma bastante dura, e como eu disse antes: você sente o impacto. 👀 Vale a pena conferir!

Título original: Severance
Ano de lançamento: 2022
Direção: Dan Erickson
Elenco: Adam Scott, Britt Lower, Zach Cherry, John Turturro, Tramell Tillman, Jen Tullock, Dichen Lachman, Christopher Walken, Patricia Arquette

Dica de Série: Ted Lasso

Oi gente, tudo bem?

Nem só de decepções minhas últimas semanas têm sido (quem leu os dois posts anteriores vai entender 😂). Hoje eu quero dividir com vocês uma dica que simplesmente ganhou meu coração todinho, me arrancando sorrisos, lágrimas e esperança: Ted Lasso, uma série que já ganhou vários prêmios e é super elogiada. ❤

Sinopse: Jason Sudeikis é Ted Lasso, treinador de um pequeno time de futebol americano de faculdade da cidade de Kansas contratado para ser o técnico de um time de futebol profissional na Inglaterra, apesar da falta de experiência.

Quem diria que eu, que sou zero apegada a esportes, teria meu coração arrebatado por uma série que fala sobre isso? Na trama, Ted Lasso é um treinador de futebol americano que é contratado, junto de seu treinador técnico – Beard –, para treinar um time de futebol inglês (ou seja, nosso futebol tradicional). Ted nada entende do assunto, mas topa o desafio mesmo assim, e é recebido em Londres com muita animosidade, já que o esporte é forte na cultura do país e o time para qual Ted é contratado – AFC Richmond – tem uma legião leal de fãs. Com o tempo, Ted precisa construir relações fortes no time, ao mesmo tempo que passa por desafios na sua vida pessoal.

Como descrever Ted Lasso? Bom, começo dizendo que ele é o tipo de amigo que todo mundo deveria ter na vida. Ele é quase irreal de tão perfeito? Sim, mas isso não vem ao caso. 😂 Ted é alguém que te cativa à primeira vista. Ele tem um nível de empatia enorme, um coração que mal cabe no peito e uma crença ferrenha no potencial de cada uma das pessoas com quem trabalha. Um exemplo dos seus gestos de carinho tão naturais é o ritual que ele constrói com Rebecca, sua chefe: toda segunda-feira ele vai até o escritório dela com biscoitos pelos quais ela se apaixona, e esse dia da semana ganha um caráter especial graças a esse pequeno momento.

Rebecca é uma personagem que, à primeira vista, pode incomodar. Ela contratou Ted sabendo que ele tinha zero experiência com futebol porque seu intuito verdadeiro era afundar o Richmond. Essa atitude é um desejo de vingança contra o ex-marido, que a traiu e a trocou por mulheres mais jovens, mas que tinha no clube de futebol sua maior paixão. Como Rebecca ficou com Richmond após a separação, ela quer feri-lo levando o time para o buraco. Isso é super mesquinho, né? É claro. Mas juro pra vocês, a série consegue humanizar Rebecca de uma forma muito natural. A gente sente a dor do abandono, o medo de ficar sozinha e a humilhação e o escárnio públicos que ela enfrenta. Porém, quanto mais convive com Ted, mais ela vai sendo contagiada por seu otimismo e a amizade que os dois constroem pouco a pouco se torna uma das melhores coisas da produção.

Os personagens são definitivamente o ponto alto de Ted Lasso. Adoro a alegria contagiante de Keeley (e sua amizade com Rebecca), os palavrões do craque veterano Roy Kent, o caminho de redenção do petulante Jamie Tartt, o jeitão taciturno (mas leal ao Ted) de Beard, entre outros personagens que roubam a cena quando estão na tela. Até os vilões conseguem causar uma profunda comoção na gente. Por mais que Ted Lasso seja uma série sobre um time de futebol, ela é muito mais sobre as relações humanas, o poder dos laços e, é claro, sobre liderança.

Me senti inspirada pelo jeito de liderar de Ted. Ele é muito mais atento do que as pessoas ao seu redor imaginam, prestando atenção em pequenos detalhes que podem fazer a diferença na motivação de alguém. Ele se preocupa genuinamente com as pessoas que ele lidera, fazendo tudo que está ao seu alcance pra que elas acreditem em si mesmas tanto quanto ele acredita nelas. Ted Lasso foi uma série que mexeu comigo até em questões profissionais, no sentido de admirar profundamente o modo que o personagem lida com o dia a dia e querer ser cada vez mais parecida com ele. ❤

Ted Lasso é tudo e mais um pouco. Ela é bom humor, ela é emoção, ela é amadurecimento, ela é sensível (fala inclusive sobre saúde mental), ela é emoção (com os jogos de futebol) e ela é inspiração. Se você nunca quis dar uma chance por não se identificar com o mundo esportivo, juro que te entendo porque eu também não me identifico. Mas meu conselho é: abra seu coração e conheça essa série e esse personagem – ou melhor, essa gama de personagens – que vão te deixar com um sorriso no rosto.

Título original: Ted Lasso
Ano de lançamento: 2020
Direção: Jason Sudeikis, Bill Lawrence, Joe Kelly
Elenco: Jason Sudeikis, Brendan Hunt, Hannah Waddingham, Nick Mohammed, Brett Goldstein, Juno Temple, Phil Dunster, Jeremy Swift, Toheeb Jimoh

Dica de Série: Quem Era Ela

Oi pessoal, tudo bem?

Quem Era Ela estava no meu radar de leituras há mil anos, mas acabei conhecendo a história por meio da sua adaptação em minissérie. Hoje divido minha opinião sobre essa produção com vocês!

Sinopse: Uma mulher se apaixona por um arquiteto e tem uma estranha premonição sobre sua casa, quando descobre que outra mulher morreu ali.

Jane é uma mulher que passou por um terrível trauma pessoal e decide se mudar para começar seu processo de cura. Ao ser aprovada em um rígido “processo seletivo” para morar na Folgate Street, Nº 1 – uma casa minimalista projetada por um arquiteto de renome –, Jane sente que finalmente terá seu recomeço. Só que, morando na casa, ela começa a se sentir desconfortável ao perceber as inúmeras interações tecnológicas que parecem vigiá-la. Ao mesmo tempo, ela descobre que a inquilina anterior morreu na residência e, para completar o estranho panorama, ela se aproxima do tal arquiteto, Edward. Aos poucos Jane fica em dúvida do papel desse homem tão misterioso nos acontecimentos trágicos da casa, e começa a investigar tudo que aconteceu ali.

Quem Era Ela transcorre em duas timelines diferentes: a de Jane e a de Emma, a garota que morreu. Na história de Emma, descobrimos que ela se mudou para a casa com Simon, seu então noivo. A jovem também tem seus traumas e segredos, buscando na casa consolo e também status. Assim como Jane, Emma se vê envolvida pelo mistério e charme de Edward, rompendo com Simon e entrando de cabeça nesse novo relacionamento. Em ambas as linhas do tempo, a série nos apresenta a um Edward metódico, agindo inclusive da mesma forma com ambas as mulheres. É óbvia a tentativa do roteiro de deixar claro o quão problemático é esse comportamento, já que Edward também tem traços controladores não só na casa que projetou, mas em sua vida pessoal também.

A premissa de Quem Era Ela sempre me interessou muito, mas a execução da minissérie se revelou decepcionante. Achei o andamento dos episódios morno e, além de tudo, o roteiro inverossímil. Não consegui engolir o encantamento das duas personagens por Edward, mas especialmente o de Jane (já que Emma era mais bobinha e imatura mesmo). A personagem desconfia dele, se sente desconfortável com o que passa a descobrir na casa e, mesmo assim, entra em um relacionamento com o arquiteto. Why, God? Esse tipo de atitude me faz querer gritar com a personagem e xingá-la por não ter um único neurônio operante na cabeça.

Emma, a personagem por quem deveríamos sentir empatia, é alguém bem difícil de engolir. Carente, chata e dependente, a forma como ela se apoia em Edward é meio deprimente. Isso faz com que metade do enredo – que foca nela – seja difícil de assistir. Jane pelo menos tem um senso de autopreservação e, ao mesmo tempo que se relaciona com Edward, resolve investigá-lo, bem como a planta da casa em si.

A casa por si só é um personagem bem assustador. Ela não é só minimalista: ela é sem vida, sem alma, sem aconchego. Existem regras inegociáveis para morar nela: você não pode redecorá-la, você não pode beber no sofá, você não pode fazer isso, você não pode fazer aquilo. Como chamar um espaço assim de lar? Ela é toda tecnológica e faz tudo por comando de voz (o que encanta Emma, por exemplo, que quer exibir o sucesso pros amigos), mas aos poucos vai ficando doentio o fato de que a casa pergunta coisas cada vez mais pessoais e determinantes para o morador, como seu posicionamento político, crenças e valores pessoais. Cadê a LGPD pra barrar esse projeto? 🗣️

Queria dizer pra vocês que gostei de Quem Era Ela, mas a verdade é que minhas expectativas foram bastante frustradas. Gostei apenas do final, em que Jane toma uma atitude muito bacana em relação a si mesma, protegendo seus interesses e respeitando o seu momento. Apesar de não ter sido um final “comercial de margarina”, ele foi bem otimista, dado tudo que aconteceu. Infelizmente, já tirei o livro da minha wishlist de leituras, porque não fiquei morrendo de vontade de conferir essa história de novo. :/ E vocês, já leram ou assistiram? Se sim, quero saber o que acharam nos comentários!

Título original: The Girl Before
Ano de lançamento: 2021
Direção: Lisa Brühlmann
Elenco: Gugu Mbatha-Raw, David Oyelowo, Jessica Plummer, Ben Hardy

Dica de Série: Wandinha

Oi gente, tudo bem?

Ainda dá tempo de falar sobre a série que se tornou febre no TikTok? Espero que sim, porque eu amei Wandinha e não poderia deixar de indicar por aqui. 🤭

Sinopse: Inteligente, sarcástica e apática, Wandinha Addams pode estar meio morta por dentro, mas na Escola Nunca Mais ela vai fazer amigos, inimigos e investigar assassinatos.

Após um… digamos… “incidente” na escola que Wandinha frequentava (também conhecido como defender seu irmão de bullies usando piranhas enquanto eles treinavam na piscina), a jovem Addams é transferida pra uma escola especial, na qual seus pais também estudaram: a Nevermore Academy. Ela é conhecida por ser um internato para quem tem habilidades e características especiais, então por lá existem lobisomens, vampiros, sereias e outras pessoas excluídas da sociedade que possuem dons. A escola fica ao lado de uma cidade minúscula, Jericho, cuja economia até gira em torno do internato, mas tem um histórico não superado de ódio aos excluídos. Quando mortes estranhas começam a acontecer e todos passam a desconfiar dos alunos da Nevermore, Wandinha decide investigar por conta própria, dando início a uma trama muito maior do que ela – e com consequências letais.

É impossível falar desse fenômeno da Netflix sem mencionar a atuação de Jenna Ortega, que entregou uma Wandinha maravilhosamente ácida e cativante, mesmo que cheia de defeitos. A arrogância é um deles, por exemplo. 😂 Pra completar, ela tem uma postura totalmente fechada a novos amigos e relações. Por outro lado, Wandinha é inteligente, destemida e obstinada, além de engraçada justamente pelo seu modo seco, apático e cínico de ver a vida. Os comentários dela envolvendo morte e outras coisas obscuras são divertidos e rapidamente você se afeiçoa ao jeito turrão da personagem. O grande mérito por trás disso reside na atuação entregue e dedicada de Jenna Ortega, que se empenhou a criar vários “detalhes” na personagem (como o fato de atuar sem piscar). 

As amizades que a série constrói também são um ponto forte. Wandinha e Mãozinha, sua fiel escudeira, bolam planos juntas e Mãozinha está sempre ali para o que a protagonista precisa: seja entrar num cômodo trancado e desligar as câmeras, seja para amolecer um pouco o coração de gelo da garota. Como pode a gente torcer tanto pra uma mão, né? 😂 A outra amizade que surge na vida de Wandinha é Enid, sua colega de quarto e exato oposto em todos os sentidos possíveis. Eu adoro os paralelos de como tudo que cerca Enid é colorido, vibrante e otimista, enquanto o universo de Wandinha é preto, branco e cinza. Enid tem que insistir nessa amizade e por um bom tempo se doa mais do que Wandinha, mas é também com essa persistência que Enid consegue transformar o coração da amiga de uma forma significativa e bonita.

O único ponto que não gostei é o triângulo amoroso da primeira temporada, envolvendo um “normie” de Jericho e um aluno da Nevermore. Enquanto o primeiro, Tyler, vai conquistando Wandinha aos poucos por mostrar que, independentemente dela ser diferente, ela merece seu afeto, o segundo, Xavier, tem uma aura de mistério e uma química com a garota que fica clara desde o início da série. Os dois acabam envolvidos na investigação de Wandinha, que descobre que há um monstro à solta causando as mortes, e são muito importantes para todo o desenrolar da trama. Não posso falar muito sobre nenhum deles pra não soltar spoilers, mas posso dizer que são nomes que vão estar presentes de forma significativa em toda a investigação – e na conclusão dela.

Adorei o plot investigativo, porque naturalmente tenho afinidade com esse tipo de história. O fato de Wandinha não ser só uma série adolescente sobre romance, os poderes de clarividência da protagonista ou sua adaptação à escola nova me agradou muito, porque deu um senso de propósito à história e ótimos ganchos. A cada nova descoberta que Wandinha faz sobre o monstro e os mistérios envolvendo Jericho e Nevermore, você fica com mais e mais vontade de continuar dando play. Gostei bastante do desfecho da história e acho que amarrou bem as pontas soltas, deixando um caminho de possibilidades para uma segunda temporada, mas sem depender exclusivamente dela (ainda bem que a confirmação da renovação já chegou!).

Independentemente da coreografia que tomou conta do TikTok, Wandinha é uma série divertida e envolvente por si só. O clima macabro, o humor ácido e a investigação são pontos fortes que tornam a produção um entretenimento de qualidade, daqueles que divertem e fazem você nem ver o tempo passar, mesmo com episódios mais longos. Vale o hype e vale o play! 📺

Título original: Wednesday
Ano de lançamento: 2022
Criação: Alfred Gough, Miles Millar
Elenco: Jenna Ortega, Emma Myers, Hunter Doohan, Percy Hynes White, Joy Sunday, Georgie Farmer, Christina Ricci, Victor Dorobantu, Gwendoline Christie, Riki Lindhome

Dica de Série: Abbott Elementary

Oi galera, tudo bem por aí?

No clima de Critics Choice Awards (que rolou no último domingo) vim indicar pra vocês uma série maravilhosa que levou dois prêmios pra casa, incluindo de melhor comédia: Abbott Elementary!

Sinopse: Abbott Elementary conta os dramas de um grupo de professores dedicados os quais provam seu amor ao ensino nas escolas públicas da Filadélfia.

A trama acompanha um grupo de professores que atua numa escola carente da Filadélfia, a Abbott Elementary. A série é feita no estilo mocumentário (como The Office e Modern Family) e segue como principal ponto de vista o da jovem professora Janine Teagues. Otimista, determinada e um tanto ingênua, Janine coloca toda a sua energia e seu coração em ser uma boa professora para as crianças, mas muitas vezes sua boa vontade acaba colocando a si mesma e aos outros professores em maus lençóis. Ao longo da primeira temporada, vemos a personagem ganhar mais camadas enquanto ela evolui de uma profissional insegura e uma mulher na zona de conforto para alguém que confia mais em si mesma e nas suas decisões, ao mesmo tempo que provoca mudanças importantes em seus colegas.

O grupo de funcionários da escola também é sensacional. Jacob Hill é um dos professores mais jovens, assim como a protagonista, o que lhes confere um vínculo de amizade mais próximo; Barbara Howard é uma veterana da escola bastante competente, mas sisuda, e a verdadeira ídola de Janine, que tenta fazer de tudo pra agradá-la; Melissa Schemmenti é engraçadíssima, uma personagem que se envolve em várias “mutretas” estranhas e possivelmente tem umas conexões criminosas aqui e acolá; Gregory Eddie é o novato que deseja ser diretor da escola, mas que começa a admirar o trabalho diário que Janine faz (e eu diria que não só o trabalho… 👀); e como não falar da personagem mais sem noção que vi nos últimos tempos? Me refiro à hilária diretora Ava Coleman, que só conseguiu o cargo por ter chantageado o superintendente ao pegá-lo traindo a esposa. Sério, inacreditável. 😂 Por último, mas não menos importante, temos também o rabugento zelador, Mr. Johnson, que sempre tem umas tiradas que nos fazem rir.

A química dos personagens em tela faz com que você logo se afeiçoe a cada um deles, e a relação que eles constroem fica cada vez mais interessante. Muitos dos professores mais antigos meio que já perderam a fé no sistema e sabem que o governo pouco se importa com uma escola periférica de população mais expressivamente negra. Verbas pra coisas simples, como materiais escolares, um novo tapetinho de descanso pros alunos ou pra consertar uma luz no corredor são dificílimas e burocráticas de se conseguir, e o tempo fez com que os funcionários da escola se tornassem céticos e simplesmente aceitassem que a vida é assim mesmo. É aí que Janine, sendo praticamente um unicórnio brilhante e cheio de alegria, faz a diferença: por mais que suas atitudes às vezes gerem algumas confusões, ela também consegue inspirar seus colegas a não desistirem. Janine surge como um sopro de esperança e de motivação para que, trabalhando juntos, eles ofereçam o melhor que podem às crianças.

Claro que isso é uma crítica social ao sucateamento da educação pública e periférica dos Estados Unidos (aplicável ao Brasil também), que muitas vezes terceiriza para o professor resolver problemas que a escola e o governo deveriam se encarregar, mas apesar disso ela é trazida com um viés positivo. A série ainda explora alguns dramas de pais e alunos, o que traz um peso leve, mas bem-vindo, à história, dando-lhe dimensões mais profundas. Ainda assim, Abbott Elementary consegue fazer isso sem perder de vista seu cerne engraçado e contagiante, que foca mais na esperança do que nas dificuldades.

E tem espaço pra uma pitadinha de romance também, viu? 👀 Pra quem assistiu The Office, acredito que rapidamente vocês vão identificar um mood “Jim e Pam” entre a Janine e o Gregory. Ela também namora um cara desde a escola, e Gregory é pego pela câmera olhando pra ela em diversos momentos (e ficando todo sem graça por isso rs). Eles têm afinidade e Janine ajuda Gregory a enxergar como seu papel de professor temporário pode mudar a vida das crianças para as quais ele leciona. O vínculo entre eles cresce aos poucos e é impossível não shippar esse casal.

Abbott Elementary era tudo que eu vinha buscando numa série de comédia: episódios curtinhos, personagens um pouquinho caricatos mas cheios de carisma e situações genuinamente engraçadas. Ri alto em diversos episódios e me diverti do início ao fim da primeira temporada. Não vejo a hora da segunda também chegar ao Star+, porque já quero rever o corpo docente dessa escola que deixou saudades. 🥰 Série recomendadíssima!

Título original: Abbott Elementary
Ano de lançamento: 2021
Criação: Quinta Brunson
Elenco: Quinta Brunson, Tyler James Williams, Janelle James, Lisa Ann Walter, Sheryl Lee Ralph, Chris Perfetti, William Stanford Davis

Assisti, mas não resenhei #9

Oi pessoal, tudo bem?

Mas olha só quem tá com uma fila enorme de títulos pra serem resenhados, não é mesmo? 👀 Pra fazer justiça a algumas séries e filmes que aguardam pacientemente sua vez de aparecerem por aqui, cheguei com mais uma edição do Assisti, mas não resenhei. Bora? o/

Bem-vindos à Vizinhança

Essa série deu o que falar quando estreou na Netflix por ser baseada na história real de uma família que comprou um casarão chiquérrimo mas que nunca conseguiu morar lá porque começou a receber bilhetes anônimos super ameaçadores de alguém que se intitulava como “The Watcher”. Essa premissa é ótima e, sendo baseada em fatos reais, dá bem mais curiosidade pra assistir. A série toma liberdades criativas pra “engrossar o caldo” – como o fato de que, na adaptação do caso, a família chega a se mudar e tem que lidar com as ameaças já dentro de casa –, mas o desfecho é um pouco frustrante por ser totalmente aberto. E assim, eu concordo que não ter uma conclusão específica faz sentido se compararmos ao que aconteceu à família que sofreu as ameaças (eles nunca descobriram de quem era a autoria das cartas), mas na verdade acaba sendo um gancho que a Netflix deixou pra uma segunda temporada. Minha opinião sincera sobre a produção como um todo: a série me instigou, mas tem defeitos. Os personagens são meio estranhos, o pai tem uma obsessão/mania bem esquisita de sexualizar a filha com comentários julgadores e, apesar de algumas cenas boas de tensão, tem uma temporada mais lenta do que o necessário. Em contrapartida, a trama faz um ótimo trabalho em te deixar desconfiado de todos os personagens, naquela sensação de vigilância constante.

Easy-Bake Battle

Eu assisti a esse reality por um único motivo, e ele se chama Antoni Porowski. Eu sou apaixonada por Queer Eye e ele é um dos integrantes mais fofos e queridos do squad, então fiquei bem animada ao entrar na Netflix e ver que existe um reality de cozinha amadora conduzido por ele. Antoni é a segunda pessoa dos Fab Five que me recordo de ter ganhado uma produção própria na Netflix (sendo o primeiro Jonathan, cuja série não gostei e larguei na metade) e, apesar de não ser uma temporada memorável, fiquei com o coração quentinho só por matar a saudade do seu jeito meigo e acolhedor. A premissa é: os competidores são desafiados a preparar receitas caseiras e usarem truques que qualquer pessoa poderia aplicar em casa, como por exemplo colocar bolachas dentro de um saquinho ziplock e triturá-las com um rolo de massa (exemplo específico, eu sei, mas é o que me veio à cabeça 😂). Porém, apesar de foto, o reality é meio estranho porque as regras não são bem definidas e os critérios também não, fazendo com que torcer pra algum candidato seja meio pointless. Provavelmente não assistiria a uma segunda temporada, mas não considerei um tempo perdido pela vibe otimista que o Antoni transmite.

O Enfermeiro da Noite

Adoro séries e filmes que falem sobre crimes reais, e esse longa da Netflix estrelado por Jessica Chastain e Eddie Redmayne conta uma parte da história de um dos criminosos mais letais dos Estados Unidos a partir do ponto de vista da sua amiga do trabalho. Na trama, Jessica interpreta Amy Loughren, uma enfermeira noturna que está passando por dificuldades de saúde e em casa, sendo mãe solo de duas meninas. Ela cria um forte vínculo de amizade com o novo enfermeiro transferido, Charles Cullen, que a ajuda no trabalho e também com suas filhas. Porém, quando vários pacientes noturnos da UTI começam a falecer de forma inesperada, Amy passa a desconfiar que Charles tenha algum envolvimento nisso. Na história real, estima-se que ele foi responsável por mais de 300 mortes, e seu modus operandi envolvia principalmente adulterar bolsas de soro, adicionando doses letais de insulina ou outros fármacos. Amy foi essencial para ajudar a polícia a finalmente pegá-lo, pois até então ele só vinha sendo transferindo de hospital para hospital. Achei o filme bacana e ele prende a atenção, contudo não foi a produção mais marcante do mundo pra mim. Jessica Chastain e Eddie Redmayne são excelentes, mas o foco do filme é bem mais a relação dos dois e menos a investigação – e acho que eu tinha expectativas de que fosse diferente. Mas vale a pena dar o play e tirar suas próprias conclusões. O filme é bom, só não achei memorável. 😉

Não se Preocupe, Querida

Esse filme veio embalado em um mundo de polêmicas graças às brigas nos bastidores, que provavelmente ganharam mais atenção que a história em si. Apesar dos pesares, achei o thriller de Olivia Wilde envolvente: acompanhamos um casal, Alice e Jack, que aparentemente vive na década de 50 em uma vida saída diretamente de um comercial de margarina. Eles moram num bairro planejado construído pela empresa de Jack e Alice vive como uma perfeita dona de casa exemplar. Porém, quando ela começa a ter alucinações e memórias estranhas, somadas ao fato de que uma de suas amigas passou pelos mesmos sintomas e depois desapareceu, Alice resolve investigar o que a empresa do marido tanto esconde. É um filme que angustia pelo silenciamento feminino e pelo gaslighting constante, já que todos tentam fazer com que Alice pareça louca. Só fica um aviso sobre o final aberto: não gostei dele e acho que foi aberto até demais para o meu gosto, não me dando nenhuma sensação de conclusão da trama.

E aí, pessoal, já assistiram a algum dos títulos?
Se sim, me contem a opinião de vocês sobre eles nos comentários! 🥰

Dica de Série: O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder

Oi gente, tudo bem?

Não tá fácil botar em dia os conteúdos do que andei lendo e assistindo nos últimos meses, mas juro que tô tentando. 😂 E é claro que uma das grandes apostas da Amazon não poderia ficar de fora do meu radar, especialmente porque sou apaixonada pela trilogia dos filmes originais: estou falando dela, a série O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder (que aflição desse “de”, gente, custava colocarem “do”???).

Sinopse: Tendo início em uma época de relativa paz, a série acompanha um grupo de personagens que enfrentam o ressurgimento do mal na Terra-média. Das profundezas escuras das Montanhas de Névoa, das majestosas florestas de Lindon, do belíssimo reino da ilha de Númenor, até os confins do mapa, esses reinos e personagens criarão legados que permanecerão vivos muito além de suas partidas.

Os primeiros minutos de Os Anéis de Poder impressionam: uma narração acompanhada de cenas belíssimas mostra como era o mundo antes da primeira guerra contra Morgoth, o grande responsável pelo mal que assolou a Terra-Média. Ele era um ser poderoso, uma das criações de Eru (o equivalente a Deus na mitologia do Tolkien) e o mentor de Sauron, um vilão que conhecemos bem. Após a queda de Morgoth, Sauron parece ter desaparecido junto de seu mestre, mas uma guerreira élfica não acredita nisso e está obstinada em sua busca para encontrá-lo para se vingar da morte de seu irmão mais velho – essa guerreira é Galadriel, em uma das novas facetas que a série dá a um personagem conhecido pelos fãs.

Confesso pra vocês que tive bastante dificuldade de associar a Galadriel dos filmes com a Galadriel guerreira. Vale lembrar que a versão televisiva da personagem é muito jovem, ainda imatura e impetuosa, enquanto sua contraparte cinematográfica já é uma líder de seu povo em uma idade bem mais “avançada”. Mas quisera eu que meu problema com Galadriel fosse apenas essa nova característica: a verdade é que achei a personagem birrenta, insolente e tediosa, e a atuação linear e insossa de Morfydd Clark não ajudou em nada para mudar minha opinião.

Os Anéis de Poder tem vários plots paralelos: Galadriel tentando convencer o reino de Númenor a combater Sauron; Elrond (sim, o pai da Arwen) tentando salvar seu povo com a ajuda de seu grande amigo, o príncipe anão Durin IV; a chegada de um Estranho caído do céu e sua interação com o povo nômade conhecido como “pés-peludos”; o povo das Terras do Sul tentando sobreviver a um ataque orc iminente. Com episódios de cerca de 1h de duração, a série peca em trazer muitos elementos e desenvolvê-los com grande lentidão, tornando difícil a vontade de maratonar ou não instigando uma grande curiosidade pro próximo episódio. Outro ponto problemático é que muitos eventos da trama ficam subentendidos e não são bem explicados, especialmente para os espectadores que não leram os livros. Isso me incomoda bastante, porque cada mídia precisa funcionar de maneira independente, mesmo que seja uma adaptação. Não foram poucas as situações em que me senti boiando na trama e com a impressão de que só quem leu O Silmarillion tava conseguindo compreender o todo. :/

Como aspecto positivo, não posso deixar de fora o capricho visual em cada cena e cada figurino. A Amazon não poupou esforços pra fazer de Os Anéis do Poder uma produção imersiva e deslumbrante, e enquanto assistia às belezas do mundo imaginado por Tolkien eu só conseguia pensar que se pausasse o episódio em qualquer momento ele me garantiria um lindo wallpaper hahaha! Além disso, a diversidade de corpos e cores de pele também são pontos de destaque, algo em que o gênero fantasia sempre pecou e que felizmente parece estar querendo se redimir nessa produção. 

Enquanto assistia Os Anéis do Poder, me peguei em mais de um momento me perguntando pra onde a série desejava ir. Eu não li O Silmarillion e não tava preocupada com fidelidade em relação ao material original; eu só queria uma boa história baseada no mundo de O Senhor dos Anéis. Apesar de ter momentos bacanas, no geral a série não conseguiu me cativar. O que salvou minha experiência foi o final, que trouxe um plot twist legal e referências bacanas à trilogia que me fazem querer saber como os roteiristas vão se aproximar dela. Mas, se não fosse por isso (e pelo meu amor ao mundo de O Senhor dos Anéis) eu provavelmente abandonaria. :/ E vocês, gostaram de Os Anéis de Poder? Me contem nos comentários!

Título original: The Lord of the Rings: The Rings of Power
Ano de lançamento: 2022
Criação: Patrick McKay, John D. Payne
Elenco: Morfydd Clark, Ismael Cruz Cordova, Charlie Vickers, Markella Kavenagh, Daniel Weyman, Nazanin Boniadi, Robert Aramayo, Owain Arthur