Oi pessoal, tudo bem?
Que o primeiro Pantera Negra é um dos meus filmes favoritos do MCU não é novidade. Que a morte prematura de Chadwick Boseman partiu meu coração em pedacinhos também não. Por isso, eu estava ao mesmo tempo ansiosa e receosa pra ver como lidariam com a ausência dele na continuação, Pantera Negra: Wakanda Forever. Vamos descobrir?
Sinopse: Rainha Ramonda, Shuri, M’Baku, Okoye e Dora Milaje lutam para proteger sua nação das potências mundiais intervenientes após a morte do rei T’Challa.
O filme começa já dando um soco na boca do nosso estômago e fazendo a gente sentir novamente a perda de Chadwick – dessa vez, sob o manto de T’Challa, acometido por uma doença misteriosa e não revelada. Vemos que Shuri veio trabalhando na tentativa de fazer uma versão criada em laboratório da Erva Coração (que Killmonger eliminou no primeiro filme após passar pelo ritual do Pantera Negra), mas a garota falha em sua missão e perde o irmão, cena seguida pelo funeral de T’Challa. Não tenho nem o que dizer, gente: as lágrimas chegam nos primeiros minutos do filme. Além da cerimônia fúnebre ser linda (com trajes e canções típicas e o rosto pintado de T’Challa em uma parede enorme de uma construção), a gente sente que está se despedindo de Chadwick mais uma vez. Eu sinceramente estou com os olhos marejados só de lembrar disso enquanto escrevo.
A perda do Pantera faz com que Wakanda fique numa posição mais vulnerável, já que as grandes nações desejam que o país compartilhe o Vibranium. Com a recusa, é criada uma máquina capaz de detectar o metal raro e poderoso, que é surpreendentemente encontrado no mar. Quando o exército americano se aproxima dessa fonte de Vibranium, criaturas surgem na água e começam a cantar, levando os soldados a pularem do barco. É uma cena que me fez pensar diretamente nas sereias, mas sob aquele viés mais vilanesco do mito, sabem? Gostei bastante dessa abordagem. Esse povo que estamos conhecendo pela primeira vez são oriundos do reino de Talokan, uma espécie de Atlantida protegida e governada pelo Príncipe Namor, que inicialmente deseja se unir a Wakanda contra os povos da superfície, mas que declara animosidade contra o reino de Ramonda quando se recusam a fazê-lo.
Eu gostei bastante de Namor como antagonista. Seu passado foi bem explorado, ele revela um lado mais vulnerável (apesar de também saber ser cruel) e seus motivos são compreensíveis. Namor não gera o mesmo sentimento causado pelo intenso Killmonger e suas razões, mas a fonte de sua ira contra a superfície é parecida: ainda criança Namor viu o vilarejo de sua mãe ser escravizado pelos espanhóis, o que lhe dá inúmeros motivos para não confiar em ninguém da superfície. A história de origem sobre seus talentos e sobre as características de seu povo também é bem bacana e aposto que muitos fãs adoraram poder finalmente ouvi-la no contexto do MCU, mas não vou falar a respeito pra não dar spoiler nem estragar a experiência. 😛
Mas se Namor é um bom antagonista, devo dizer que o brilho do filme reside nas personagens femininas. Shuri está enfrentando um luto violento e desesperançoso, que a afasta das possibilidades de cura (e Letitia Wright atuou tão bem em sua dor que até relevei por alguns momentos ela ser uma antivax); Okoye é responsabilizada pelas consequências de um acidente e vê toda a sua identidade estremecer; a rainha Ramonda é uma força da natureza, sendo um pilar mesmo após perder o marido e o filho e vendo seu reino ser ameaçado; temos também o retorno da espiã Nakia, uma personagem-chave no primeiro Pantera Negra que havia sumido do MCU; e por último, mas não menos importante, há a chegada da brilhante Riri Williams, a futura Coração de Ferro, que simplesmente roubou a cena – amei cada segundo dela em tela, porque seu carisma é simplesmente cativante.
O longa tem uma certa barriga ali pela metade, sendo um pouco mais longo do que o necessário. Apesar disso, não fiquei cansada ou entediada. Na verdade, pra ser honesta, fiquei talassofóbica: apesar de eu amar praia, tenho medo do alto-mar e de grandes profundidades, e uma parte considerável/importante do filme se passa nesses cenários (mas consegui ignorar esse desconforto pra apreciar a beleza de Talokan, cidade inspirada na mitologia asteca). Quando a produção consegue vencer essa barriga e voltar para a ação, a empolgação retorna e nos rende excelentes cenas de batalha.
Mas se eu tiver que resumir Pantera Negra: Wakanda Forever, eu diria que ele é uma homenagem a Chadwick Boseman do início ao fim. O filme consegue fazer na prática o que os personagens de Wakanda dizem: não é necessário estar fisicamente presente para se estar ali. T’Challa e Chadwick podem ter partido para um outro plano (pra quem acredita nele), mas eles estão presentes em cada segundo do longa. Wakanda Forever acerta em não correr com os processos de luto dos personagens, porque também não acelera o processo de luto do espectador. Pra mim, foi difícil assistir Pantera Negra: Wakanda Forever, mas não porque o filme seja fraco em relação ao seu antecessor (apesar de não chegar nem perto de sua grandiosidade). Foi difícil porque Chadwick estava ali, sua ausência estava ali, e ainda dói encarar o fato de que ele e T’Challa partiram. Resta torcer para que estejam em paz, com seus ancestrais, onde estiverem.
Título original: Black Panther: Wakanda Forever
Ano de lançamento: 2022
Direção: Ryan Coogler
Elenco: Letitia Wright, Angela Bassett, Danai Gurira, Lupita Nyong’o, Winston Duke, Tenoch Huerta, Martin Freeman, Dominique Thorne