Review: Malévola

Olá, pessoal!

Venho hoje para falar de um dos filmes mais aguardados do ano pelo menos por mim hahaha e que finalmente estreou na semana passada: Malévola! Cuidado, o texto abaixo pode conter alguns spoilers!

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Sinopse: Baseado no conto da Bela Adormecida, o filme conta a história de Malévola (Angelina Jolie), a protetora do reino dos Moors. Desde pequena, esta garota com chifres e asas mantém a paz entre dois reinos diferentes, até se apaixonar pelo garoto Stefan (Sharlto Copley). Os dois iniciam um romance, mas Stefan tem a ambição de se tornar líder do reino vizinho, e abandona Malévola para conquistar seus planos. A garota torna-se uma mulher vingativa e amarga, que decide amaldiçoar a filha recém-nascida de Stefan, Aurora (Elle Fanning). Aos poucos, no entanto, Malévola começa a desenvolver sentimentos de amizade em relação à jovem e pura Aurora.

O que esperar de uma histórica clássica sendo contada por uma das vilãs mais icônicas da Disney? A mesma história, sob o ponto de vista de quem provocou o mal? Ou uma “verdadeira versão” que nós ainda não conhecíamos? A Disney optou pela segunda opção. Os trailers e as fotos evidenciavam a aparência clássica da Malévola – vivida pela maravilhosa Angelina Jolie, que vai merecer um parágrafo só pra ela a seguir –, então eu imaginava que o filme seria mais próximo da animação de 1959. Bom, eu me enganei. Não que isso tenha sido algo ruim.

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A narradora do filme (que posteriormente descobrimos ser Aurora) diz que vai contar uma história que nós já conhecemos, porém de uma forma equivocada. E assim conhecemos a pequena fada Malévola, uma criança de coração puro e poderes mágicos. A menina é protetora do reino dos Moors, um lugar pacífico onde habitam criaturas fantásticas e onde a natureza é exuberante. Porém, os Moors têm um inimigo: o reino vizinho, governado pelos seres humanos. A jovem Malévola acaba conhecendo um membro desse reino, o jovem Stefan. A amizade que começa entre eles se transforma em amor, porém Stefan é ambicioso e deseja viver no palácio. E, para chegar ao trono, ele é capaz de trair Malévola, tirando dela uma das coisas que ela mais amava: suas belas asas. Com essa atitude, o mal é criado. Malévola, amargurada, torna-se a vilã que conhecemos: uma mulher fria, sarcástica e extremamente vingativa.

Angelina Jolie está fantástica no papel! Desde que vi as primeiras fotos, fiquei impressionada com a caracterização para o papel. A maquiagem está muito fiel ao clássico, marcando bem os olhos e, principalmente, a boca. ♥ A transição da doce Malévola, preocupada com a proteção dos Moors, para a Malévola traída, angustiada e vingativa é bem convincente. Minha cena favorita é, sem sombra de dúvidas, a cena clássica do batizado, em que Malévola amaldiçoa Aurora. Jolie discursou com tanto sarcasmo e desprezo que foi impossível não torcer pra que seus planos fossem bem sucedidos hahaha!

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Os outros personagens também são interessantes. Diaval (Sam Riley), o corvo que Malévola encanta e transforma periodicamente em ser humano (e em outros animais que ele não gosta muito), é muito carismático. Ele cuida de Aurora em diversos momentos na floresta – já que as três fadas responsáveis pela criação da menina até que ela complete 16 anos, que é a data prevista na maldição de Malévola, são completamente birutas e incapazes de cuidar de uma criança. O Rei Stefan, pai de Aurora, é outro personagem que é trazido ao espectador sob uma perspectiva totalmente nova: agora ele é o verdadeiro vilão, a personificação da ambição e do egoísmo, o homem que foi capaz de trair o amor puro de Malévola em troca de poder. Um personagem totalmente insignificante no filme é o Príncipe Phillip. Ele só está ali para fazer menção ao personagem e para fazer parte de uma quebra de paradigmas que vou mencionar em breve. E, por fim, temos Aurora: eu não gostei da atuação da Elle Fanning, mas gostei muito de terem colocado uma atriz que APARENTE ter 16 anos. As princesas Disney em geral são muito sexualizadas, quando na verdade todas não passam de adolescentes. Gostei bastante dessa abordagem, com uma atriz que aparenta a idade que a princesa deveria ter. Porém, o sorriso débil dela o tempo todo não foi nem um pouco convincente. Na animação, a Aurora tem um papel bem insignificante. Em Malévola, apesar de continuar em segundo plano, a personagem representa a oportunidade de redenção da nossa “vilã”.

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Outro aspecto positivo do filme são os cenários. Começando pelo reino dos Moors, na primeira parte do filme: nos deparamos com uma natureza estonteante, repleta de criaturas mágicas e originais. É o tipo de lugar que imaginamos quando pensamos em “contos de fada”, acolhedor e magnífico. Depois que Malévola se transforma e cria a famosa barreira de espinhos para isolar o lugar, podemos sentir o clima obscuro que toma conta do ambiente, afetando até mesmo as criaturas mais pacíficas e deixando-as totalmente amedrontadas. O reino dos homens também é muito bem retratado, tendo como principal cenário o sombrio castelo de Stefan.

Claro que nem tudo no filme é perfeito. A mudança drástica na história da Bela Adormecida pode desagradar a quem esperava por mais cenas que referenciassem a animação. Eu particularmente não me importei muito, apesar de ter sido surpreendida. Minha única reclamação diz respeito à batalha final, que utilizou um recurso forçado pra dar vantagem à nossa vilã/heroína. Aliás, essa dualidade da personagem é o ponto forte do filme. A Disney nos mostra Malévola não como alguém de uma única face, mas sim uma personagem complexa e cheia de sentimentos conflitantes – ora de ódio pelo homem que a traiu, ora de afeto por aquela que deveria desprezar. Ao rogar a praga sobre a filha de Stefan, Malévola buscou apenas vingança, com o desejo de causar dor àquele que a magoou no passado. Porém, ao conviver com a jovem Aurora, Malévola foi amada novamente, de uma nova maneira, e teve seu coração acalentado, fazendo com que ela se arrependesse genuinamente de seu erro. Essa capacidade de mudar de ideia e de se arrepender é algo que torna Malévola não apenas uma vilã, não apenas uma heroína: a torna humana, verossímil, tangível. E é esse amor fraterno que surge entre a “Fada Madrinha” e Aurora que é capaz de quebrar a maldição. Assim como aconteceu em Frozen, a Disney buscou uma forma alternativa de abordar o amor, sem a necessidade de solucionar os problemas com o auxílio do Príncipe Encantado. Ponto pra Disney novamente!

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O balanço geral do filme foi totalmente positivo! Acho que a Disney está acertando em cheio nessa quebra gradual de estereótipos, então Malévola é mais do que recomendado! 😀

Título original: Maleficent
Ano de lançamento: 2014
Direção: Robert Stromberg
Elenco: Angelina Jolie, Elle Fanning, Sharlto Copley, Sam Riley