Uma carta sobre maio.

Olá. Tem alguém aí?

Pela primeira vez em 10 anos de blog, eu sumi. Mas não me levem a mal, não foi descaso, esquecimento ou porque simplesmente chutei o balde e desisti sem me despedir de vocês direito. É porque maio foi o pior mês que qualquer gaúcho já viveu.

Pra quem acompanhou as notícias, não é novidade que as chuvas torrenciais e as enchentes destruíram o Rio Grande do Sul. Mas acreditem em mim, a mídia não conseguiu dar a dimensão do que aconteceu aqui. Estive na linha de frente durante cerca de duas semanas e eu provavelmente nunca vou esquecer do que eu vi. Pessoas sendo remanejadas de abrigos mais de uma vez porque a água continuava subindo e atingindo mais locais; casas, conquistas e lembranças preciosas sendo levadas pela água; animais chegando machucados e quebrados aos pontos de resgate e precisando de atendimento emergencial pra tentarem ser salvos; necessidades tão, mas tão básicas, sendo solicitadas, que você como voluntária chorava só de tentar atendê-las. É verdadeiramente inexplicável o nível de destruição que está acontecendo aqui, e é ainda mais assustador saber que estamos em mãos incompetentes e negligentes de governantes que pioraram e causaram danos muito maiores ao lidar com esse caos – como o prefeito de Porto Alegre, cuja incompetência e irresponsabilidade deixou a cidade ser alagada mais de uma vez, levando as pessoas ao desespero.

Com tudo isso acontecendo, a última coisa que eu poderia pensar era em indicar uma leitura ou uma série pra alguém. Então o blog ficou aqui, quietinho, com tudo que já produzi servindo como indicação caso alguém quisesse descobrir algo pra ler ou para assistir em um momento de descompressão. Se o meu ritmo vai voltar ao normal? Ainda não sei. No meio do turbilhão, sigo tentando encontrar meu ponto de equilíbrio pra não ser levada embora também. As pessoas que me amam fizeram questão de cuidar de mim pra que isso não acontecesse, e por isso sou muito grata. ❤

E agora que a água está baixando, a gente vê muita destruição. Se depara com um cemitério de corpos e de destroços.
Mas com a água baixando também vem a esperança de que as coisas vão começar a melhorar. O caos de maio me mostrou como pessoas são capazes de se unir e como a solidariedade tem força. E é nisso que eu vou seguir acreditando daqui pra frente.

5 comentários sobre “Uma carta sobre maio.

  1. Eu realmente não tenho nem palavras, não consigo imaginar o que você está sentindo, mas gostaria de te dar um abraço 😦

    Desejo muita força nesse momento e que seu coração receba consolo.

    Obrigada pela reflexão e tenhamos esperança.

    beijos

  2. Olá. Vim bem tarde para ler essa postagem de desabafo. Sinto muito. Tentei ajudar como podia, mas sinto que minha ajuda foi insuficiente diante de tanto sofrimento. Sigo torcendo para que as vidas se recuperem, reconstruindo assim suas vidas. Um abraço.

  3. Oi Priih,

    Não sabia que vc morava nessa região… Eu acompanhei pelas redes sociais e todos da minha cidade ajudaram muito, incluindo a minha Igreja. Eu tenho certeza do que vc disse é verdade, com certeza não ficamos sabendo nem da metade das coisas que aconteceram por aí. Fico muito triste por tudo isso.

    Quando vi o seu título do post fiquei até com medo de ler, pq neste dia que estou comentando dois outros blogs que eu acompanhava deixaram de existir =( Eu sei, as pessoas seguem seus caminhos, e são raro os blogs que continuam indicando coisas tão legais e interessantes como o seu. Fiquei feliz que você não vai parar ❤

    Meu coração fica com vc e com todos aí do seu Estado.

    Bjos,

    Kelen Vasconcelos Martins

    https://www.kelenvasconcelos.com.br/

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