Oi pessoal, tudo bem?
Vim resenhar pra vocês mais um suspense psicológico (gênero que adoro). Hoje é dia de falar sobre Em Águas Sombrias, da Paula Hawkins.
Sinopse: Nos dias que antecederam sua morte, Nel ligou para a irmã. Jules não atendeu o telefone e simplesmente ignorou seu apelo por ajuda. Agora Nel está morta. Dizem que ela se suicidou. E Jules foi obrigada a voltar ao único lugar do qual achou que havia escapado para sempre para cuidar da filha adolescente que a irmã deixou para trás. Mas Jules está com medo. Com um medo visceral. De seu passado há muito enterrado, da velha Casa do Moinho, de saber que Nel jamais teria se jogado para a morte. E, acima de tudo, ela está com medo do rio, e do trecho que todos chamam de Poço dos Afogamentos…Paula Hawkins nos presenteia com uma leitura vigorosa e que supera quaisquer expectativas, partindo das histórias que contamos sobre nosso passado e do poder que elas têm de destruir a vida que levamos no presente.
Eu adorei o filme A Garota no Trem. Achei a construção do mistério e a crítica ao machismo tão poderosas que fiquei ansiosa pra ler algum livro da Paula Hawkins. Decidi começar com Em Águas Sombrias, para ter uma experiência inédita, mas infelizmente a leitura não foi o que eu esperava. Como a sinopse é bem satisfatória e objetiva, vou partir direto para as minhas considerações sobre a obra, certo? 😉 Então, o livro não é ruim, e eu seria injusta se dissesse isso. Mas ele também passa longe de ser maravilhoso. Percebi que o livro não estava me ganhando logo nas primeiras páginas, que já não são tão envolventes. Praticamente cada capítulo é narrado por um personagem diferente, o que, nesse caso, não funcionou (porque quebrou muitas vezes o ritmo da narrativa, diminuindo minha curiosidade).
Além disso, tive problemas com personagens. Jules é uma personagem sem brilho e sem carisma, e isso não me parece ter a ver somente com seus traumas do passado. Na verdade, ela é tão desinteressante quando comparada a outras personagens (como Lena, Nickie e até mesmo a já falecida Nel) que os capítulos dela simplesmente não me envolveram ao longo da narrativa. Entretanto, é importante exaltar uma qualidade do plot da Jules, pois ele aborda uma questão que precisa ser discutida: consentimento.
Outra trama importante, a de Katie e Mark, não me agradou. Em primeiro lugar, por ter sido previsível; em segundo, porque me pareceu desconectada, especialmente quando penso no plot de Nel. Parece que toda a questão envolvendo os personagens serviu apenas para criar um mistério maior ao longo do livro que, na verdade, não teve impacto. A fuga e o desfecho de Mark também foram desconexos, e não teriam feito diferença caso não existissem. A morte de Nel, por outro lado, conduz a uma série de revelações sobre os moradores de Beckford, e sua morte – ao contrário da de Katie – faz sentido dentro do contexto maior que envolve o livro.
Mas os elogios também merecem ser feitos. Paula Hawkins mais uma vez traz um enredo que expõe os diversos tipos de violência que nós, mulheres, sofremos ou corremos o risco de sofrer apenas por sermos mulheres. O Poço dos Afogamentos, o local para se livrar de mulheres encrenqueiras, infelizmente não é tão distante da nossa realidade.
Outro aspecto interessante de Em Águas Sombrias é a sensação cíclica que o fim proporciona. Senti, ao fechar o livro, que a autora conclui sua narrativa colocando os personagens em pontos diferentes da vida – mas que outros já ocuparam anteriormente. Existe ainda a inquietação e o desejo por saber a verdade, existe uma tentativa de recomeço, existe uma sensação de continuidade. Não pude evitar lembrar de O Segredo do Meu Marido, da Liane Moriarty, quando cheguei ao final da trama, porque Paula Hawkins também me causou a sensação de que existem coisas que, no fim das contas, nunca serão reveladas. Nesse caso, ficarão submersas nas águas de Beckford.
Título Original: Into The Water
Autor: Paula Hawkins
Editora: Record
Número de páginas: 364
Gostou do livro? Então adquira seu exemplar aqui e ajude o Infinitas Vidas! ❤