Resenha: Em Águas Sombrias – Paula Hawkins

Oi pessoal, tudo bem?

Vim resenhar pra vocês mais um suspense psicológico (gênero que adoro). Hoje é dia de falar sobre Em Águas Sombrias, da Paula Hawkins.

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Sinopse: Nos dias que antecederam sua morte, Nel ligou para a irmã. Jules não atendeu o telefone e simplesmente ignorou seu apelo por ajuda. Agora Nel está morta. Dizem que ela se suicidou. E Jules foi obrigada a voltar ao único lugar do qual achou que havia escapado para sempre para cuidar da filha adolescente que a irmã deixou para trás. Mas Jules está com medo. Com um medo visceral. De seu passado há muito enterrado, da velha Casa do Moinho, de saber que Nel jamais teria se jogado para a morte. E, acima de tudo, ela está com medo do rio, e do trecho que todos chamam de Poço dos Afogamentos…Paula Hawkins nos presenteia com uma leitura vigorosa e que supera quaisquer expectativas, partindo das histórias que contamos sobre nosso passado e do poder que elas têm de destruir a vida que levamos no presente.

Eu adorei o filme A Garota no Trem. Achei a construção do mistério e a crítica ao machismo tão poderosas que fiquei ansiosa pra ler algum livro da Paula Hawkins. Decidi começar com Em Águas Sombrias, para ter uma experiência inédita, mas infelizmente a leitura não foi o que eu esperava. Como a sinopse é bem satisfatória e objetiva, vou partir direto para as minhas considerações sobre a obra, certo? 😉 Então, o livro não é ruim, e eu seria injusta se dissesse isso. Mas ele também passa longe de ser maravilhoso. Percebi que o livro não estava me ganhando logo nas primeiras páginas, que já não são tão envolventes. Praticamente cada capítulo é narrado por um personagem diferente, o que, nesse caso, não funcionou (porque quebrou muitas vezes o ritmo da narrativa, diminuindo minha curiosidade).

Além disso, tive problemas com personagens. Jules é uma personagem sem brilho e sem carisma, e isso não me parece ter a ver somente com seus traumas do passado. Na verdade, ela é tão desinteressante quando comparada a outras personagens (como Lena, Nickie e até mesmo a já falecida Nel) que os capítulos dela simplesmente não me envolveram ao longo da narrativa. Entretanto, é importante exaltar uma qualidade do plot da Jules, pois ele aborda uma questão que precisa ser discutida: consentimento.

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Outra trama importante, a de Katie e Mark, não me agradou. Em primeiro lugar, por ter sido previsível; em segundo, porque me pareceu desconectada, especialmente quando penso no plot de Nel. Parece que toda a questão envolvendo os personagens serviu apenas para criar um mistério maior ao longo do livro que, na verdade, não teve impacto. A fuga e o desfecho de Mark também foram desconexos, e não teriam feito diferença caso não existissem. A morte de Nel, por outro lado, conduz a uma série de revelações sobre os moradores de Beckford, e sua morte – ao contrário da de Katie – faz sentido dentro do contexto maior que envolve o livro.

Mas os elogios também merecem ser feitos. Paula Hawkins mais uma vez traz um enredo que expõe os diversos tipos de violência que nós, mulheres, sofremos ou corremos o risco de sofrer apenas por sermos mulheres. O Poço dos Afogamentos, o local para se livrar de mulheres encrenqueiras, infelizmente não é tão distante da nossa realidade.

Outro aspecto interessante de Em Águas Sombrias é a sensação cíclica que o fim proporciona. Senti, ao fechar o livro, que a autora conclui sua narrativa colocando os personagens em pontos diferentes da vida – mas que outros já ocuparam anteriormente. Existe ainda a inquietação e o desejo por saber a verdade, existe uma tentativa de recomeço, existe uma sensação de continuidade. Não pude evitar lembrar de O Segredo do Meu Marido, da Liane Moriarty, quando cheguei ao final da trama, porque Paula Hawkins também me causou a sensação de que existem coisas que, no fim das contas, nunca serão reveladas. Nesse caso, ficarão submersas nas águas de Beckford.

Título Original: Into The Water
Autor: Paula Hawkins
Editora: Record
Número de páginas: 364
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Resenha: Boneco de Neve – Jo Nesbø

Oi gente, tudo certo?

Cá estou para resenhar mais um thriller policial – já deu pra sacar que sou apaixonada por esse gênero, né? Estou falando sobre Boneco de Neve, do sueco Jo Nesbø. 

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Sinopse: No dia da primeira neve do ano, na fria cidade de Oslo, o inspetor Harry Hole se depara com um psicopata cruel, que cria suas próprias regras. O terror se espalha pela cidade, pois um boneco de neve no jardim pode ser um aviso de que haverá uma próxima vítima. No caso mais desafiador da sua carreira, Hole se envolve em uma trama complexa e mortal, com final surpreendente.

Boneco de Neve foi minha primeira experiência com Jo Nesbø. Apesar de ser o sétimo livro da série de Harry Hole (nome do investigador protagonista), devo dizer que não me senti perdida ou prejudicada durante a leitura – ainda que, provavelmente, existam detalhes que talvez eu não tenha captado tão bem em função de ser uma série em andamento. Nesse volume, acompanhamos Harry Hole investigando um serial killer cruel, cujas vítimas são mulheres – mães e esposas aparentemente sem conexão. Quando a primeira neve cai em Oslo (cidade na qual a trama acontece), uma morte a acompanha, causada pelo assassino conhecido como Boneco de Neve. Durante sua investigação, Harry ainda precisa lidar com sua nova e eficiente colega de trabalho, Katrine Bratt, e com os sentimentos mal resolvidos que tem pela ex-namorada, Rakel.

Harry Hole foi um personagem que me lembrou muito Cormoran Strike, de Robert Galbraith: um investigador na faixa dos 30-40 anos cheio de amarguras do passado, com cara de poucos amigos, mas muito bom no que faz. Talvez seja um estereótipo do gênero mas, ainda assim, Harry me agradou. O personagem é sagaz e tem certa fama por ter desvendado um caso envolvendo um serial killer no passado. Apesar disso, ele sabe ouvir seus colegas e dá ouvidos às suas ideias e teorias. A dinâmica com Katrine é ótima, e ela é uma policial determinada e competente – ainda que repleta de segredos. Outra semelhança de Harry com Cormoran são os sentimentos conflitantes e ainda presentes pela ex. Harry tem uma ligação muito próxima com o filho de Rakel, Oleg e, por conta disso, acaba sendo próximo dela também. Rakel agora tem um relacionamento com um médico prestativo e gentil, Mathias, que acaba sendo uma peça-chave durante a investigação. Mas ok, prometo que parei por aqui com as comparações. 😛

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O desenrolar da investigação é o ponto forte do livro. Jo Nesbø constrói uma história envolvente e impossível de largar. As cenas nas quais as mortes ocorrem causam aflição e medo, devido a crueldade dos atos do assassino. Assim como Harry Hole, nos sentimos perdidos e sem nenhuma pista de quem pode estar por trás dos crimes. Entretanto, uma crítica negativa em relação ao caso é que, pra mim, ficou bastante óbvio o motivo pelo qual o criminoso escolhia suas vítimas e fazia o que fazia. Por outro lado, demorei muito a desconfiar do culpado, o que ocorreu em um momento muito próximo da revelação. Esse é um aspecto que eu apreciei bastante, pois estava sentindo falta de ser surpreendida em um thriller.

Um aspecto curioso que vale mencionar foi o estranhamento com o local no qual a trama se desenrola: foi a primeira vez que li um livro ambientado na Noruega e, por isso, foi um tanto difícil decorar alguns nomes. Confesso pra vocês que diversas palavras eu lia “de qualquer jeito” e, provavelmente, de modo incorreto. 😂 Mas, sinceramente, eram tantas consoantes que nem eu mesma me julgo por isso HAHAHA!

Boneco de Neve foi uma ótima experiência para conhecer a escrita tão elogiada de Jo Nesbø. Com sua trama envolvente, o leitor nem sente que já se passaram 420 páginas. Contudo, preciso ser sincera e admitir que não pretendo seguir lendo os outros livros da série Harry Hole porque, simplesmente, muitos deles não me chamaram a atenção. Mas Boneco de Neve está mais do que recomendado a todos que apreciam um bom romance policial. 😉

Título Original: Snømannen
Série: Harry Hole
Autor: Jo Nesbø
Editora: Record
Número de páginas: 420
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Resenha: A Mulher Na Cabine 10 – Ruth Ware

Oi gente, tudo bem?

Hoje trago a resenha de um excelente thriller pra vocês: A Mulher Na Cabine 10, de Ruth Ware, publicado pela Editora Rocco.

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Sinopse: No livro, uma jornalista de turismo tenta se recuperar de um trauma quando é convidada para cobrir a viagem inaugural de um luxuoso navio. Mas, o que parecia a oportunidade perfeita para se esquecer dos recentes acontecimentos acaba se tornando um pesadelo quando, numa noite durante o cruzeiro, ela vê um corpo sendo jogado ao mar da cabine vizinha à sua. E o pior: os registros do navio mostram que ninguém se hospedara ao seu lado e que a lista de passageiros está completa. Abalada emocionalmente e desacreditada por todos, Lo Blacklock precisa encarar a possibilidade de que talvez tenha cometido um terrível engano. Ou encontrar qualquer prova de que foi testemunha de um crime e de que há um assassino entre as cabines e salões luxuosos e os passageiros indiferentes do Aurora borealis.

Lo Blacklock é uma jornalista de viagens que vive uma experiência traumatizante: no meio da noite, percebe que sua casa está sendo invadida. Apesar dos ladrões não a agredirem diretamente, o trauma e a sensação de violação causam na personagem sintomas semelhantes ao TEPT (crises de ansiedade, pesadelos e até mesmo alucinações). Dali a dois dias, Lo precisa viajar a trabalho para cobrir a viagem inaugural do cruzeiro de luxo Aurora borealis e, mesmo estando com o emocional virado de cabeça para baixo, ela decide não abrir mão da oportunidade de crescer na carreira. Na primeira noite a bordo do navio, Lo se dá conta que esqueceu o rímel, e decide recorrer à pessoa na cabine ao lado da sua, a cabine 10. Lá, Lo se depara com uma mulher jovem e bonita, que empresta o rímel com pressa, fechando-se novamente em sua cabine. Até aí, nada de (muito) estranho, né? O problema acontece durante a noite: Lo escuta um grito na cabine vizinha e, logo depois, o barulho de algo pesado sendo jogado no mar. Ao espiar pela varanda, uma mancha escura muito semelhante a sangue chama a sua atenção, e ela corre para acionar a segurança do navio. A questão é: segundo a equipe, não havia ninguém hospedado na cabine 10.

O plot de A Mulher Na Cabine 10 me conquistou de cara: uma personagem instável emocionalmente devido a um trauma, passando por uma situação tensa em um ambiente claustrofóbico e sem ninguém que acredite nela. A minha curiosidade para entender o que estava acontecendo era instigada a cada página, ao mesmo tempo em que Ruth Ware nos fazia duvidar da sanidade de Lo. A única prova que a personagem dispunha para provar a existência da tal mulher era o rímel que fora emprestado por ela, mas as evidências iam todas contra a teoria de Lo: ninguém da equipe vira tal mulher, ela não estava na lista da tripulação, tampouco dos passageiros. Não havia nenhum registro que comprovasse sua existência. A experiência traumática recente e o excessivo consumo de bebida alcoólica também não estavam a favor de Lo, que acaba entrando em um estado paranoico, temendo tudo e todos ao seu redor.

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Um recurso que Ruth Ware adotou e eu achei genial para aumentar ainda mais a tensão foi utilizar, ao fim de cada parte do livro, informações sobre o que estava acontecendo com pessoas externas ao navio, como o namorado de Lo (Jude) ou notícias que saíam na mídia. Essas passagens eram narradas alguns dias no futuro, e mostravam fatos como, por exemplo, Jude entrando em contato com os amigos pois estava sem notícias de Lo, uma notícia falando sobre um corpo encontrado no mar, outra notícia narrando o desaparecimento de uma jornalista do Aurora borealis chamada Laura Blacklock… Esses momentos do livro aumentavam em muito a curiosidade, a tensão e a expectativa para saber o que afinal aconteceria com Lo, mais até do que descobrir afinal quem era a tal mulher. O plot twist que envolve a revelação final também foi muito bom e convincente, me deixando muito satisfeita com o desfecho do livro.

A ambientação em um navio a mar aberto colabora muito com a sensação de claustrofobia e medo sentido pela personagem (e por nós, leitores). Me lembrei muito de Assassinato no Expresso do Oriente (o filme, pois não li o livro) e o receio constante de que qualquer pessoa ali possa ser um assassino. O fato de Lo estar sozinha, encarando a possibilidade de ter um criminoso em seu encalço, é uma situação muito aflitiva. O cansaço da personagem, que não consegue dormir direito desde a invasão ao seu apartamento, também é palpável, e o leitor fica agoniado com a exaustão psicológica da protagonista. Mas ela também se revela uma personagem forte, especialmente na reta final, e empática. Apesar de sofrer muito nas mãos dos responsáveis por tudo que aconteceu, ela ainda consegue perceber quem é também uma vítima e quem é apenas algoz na situação.

A Mulher Na Cabine 10 é um livro incrível e envolvente, excelente para quem é apaixonado por thrillers. Vai ser impossível não ficar angustiado, querendo descobrir o que realmente aconteceu no luxuoso Aurora borealis. Recomendo muito!

Título Original: The Woman in Cabin 10
Autor: Ruth Ware
Editora: Rocco
Número de páginas: 320
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Livro cedido em parceria com a editora.
Esse não é um publipost, e a resenha reflete minha opinião sincera sobre a obra.

Resenha: A Fogueira – Krysten Ritter

Oi pessoal, tudo bem?

Preparados para mais uma resenha em parceria com a Editora Rocco? 😀 Hoje vim contar pra vocês o que achei de A Fogueira, o livro de estreia de Krysten Ritter (mais conhecida por interpretar a personagem Jessica Jones).

a fogueira krysten ritter.pngGaranta o seu!

Sinopse: Na trama, Abby Williams é uma advogada de 28 anos especializada em questões ambientais. Hoje uma mulher independente vivendo em Chicago, Abby teve uma adolescência problemática numa cidadezinha no estado de Indiana que até hoje ela luta para esquecer. Mas um caso de contaminação envolvendo uma grande empresa obriga Abby a voltar à pequena Barrens e confrontar seu próprio passado. Quanto mais sua equipe avança nas investigações sobre a Optimal Plastics, mais Abby se aproxima também da verdade sobre o misterioso desaparecimento de sua antiga melhor amiga anos atrás e de outros acontecimentos até então sem resposta.

A Fogueira tem um enredo bastante familiar a quem está acostumado a ler thrillers: uma jovem bem-sucedida precisa voltar à cidade natal (normalmente no interior) e se vê envolvida por mistérios do passado. A trama não é muito original e remete a várias outras obras do gênero, causando uma sensação de “já vi isso antes” durante a leitura. Porém, Krysten Ritter é capaz de unir esses elementos clichês em uma história envolvente com uma narração competente: a autora usa diversas alegorias e analogias interessantes, que deixam a escrita rica sem ser cansativa.

Outro aspecto positivo da leitura são os capítulos curtos, que conferem agilidade à história. O livro é narrado por Abby, a protagonista, e consequentemente tem muitos devaneios dela em relação ao passado (muitos deles extremamente “convenientes” à trama, como se viessem para preencher a lacuna necessária naquele instante. Isso me desagradou um pouco). Entretanto, apesar de Abby ficar refletindo bastante sobre o que aconteceu, a personagem não é irritante ou enfadonha, e seus pensamentos não entediam o leitor. Além disso, o final foi muito satisfatório! Em determinado ponto, eu já pensava que não aconteceria nada muito “uau” na trama, e Krysten Ritter me surpreendeu com o desenrolar dos fatos na reta final. Surge uma situação aflitiva e uma resolução pra trama que fecha muito bem o enredo, concluindo não só a história do livro, mas também o passado de Abby. Por fim, vale elogiar a edição em si, que tem páginas amareladas e fonte confortável, com poucos erros de revisão ao longo do livro.

resenha a fogueira krysten ritter

Agora, preciso falar sobre os aspectos negativos da obra. Em primeiro lugar, fiquei meio ??? com as atitudes da Abby assim que chega em Barrens. Ela vai até o local para resolver uma questão profissional (investigar a maior empresa da região, a Optimal Plastics, e seu envolvimento com a possível poluição da represa local); entretanto, a personagem passa mais tempo beijando as duas primeiras bocas do passado (aka ex-colegas de escola) que vê pela frente: Condor, um cara fortão e bonito que trabalha em uma loja de bebidas, e Brent, um executivo importante da Optimal, por quem Abby foi apaixonada na adolescência. A advogada me pareceu meio imatura demais com essa atitude, que desviou muito a atenção dela em relação ao caso.

Outro aspecto decepcionante diz mais respeito à trama em si. A trama da poluição se resolve rapidamente, e o livro dá uma guinada em uma direção que não tem nada a ver com esse problema em si. Foi isso que me deu a sensação de que a autora tentou juntar elementos demais em um livro tão curto. Ela poderia ter focado em um plot só, desenvolvendo-o melhor, mas acabou falando em poluição de água, o tal Jogo, o mistério de Kaycee, entre outras coisas. Achei too much. Falando em Kaycee, infelizmente não consegui comprar toda a consternação sentida por Abby em relação à antiga amiga desaparecida; por mais que as duas tenham sido muito próximas quando crianças, o adoecimento e posterior “fuga” de Kaycee me parecem situações quase triviais pra perturbar tanto assim a protagonista.

Como tenho experiência lendo thrillers (já que sou apaixonada pelo gênero), não vi nada de muito novo em A Fogueira. Entretanto, percebi o incrível potencial de Krysten Ritter para criar uma história envolvente e bem escrita, que conseguiu me manter entretida mesmo nos pontos da trama que não me agradavam tanto assim. A autora tem potencial, isso é inegável. Eu diria que A Fogueira é uma ótima obra pra quem quer dar o pontapé inicial na leitura de thrillers: é de rápida leitura, tem narração objetiva e uma conclusão satisfatória. Se você está procurando uma obra para começar a se aventurar nesse gênero literário, A Fogueira é uma ótima pedida. 😉

Título Original: Bonfire
Autor: Krysten Ritter
Editora: Fábrica231 (selo da Editora Rocco)
Número de páginas: 288
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Livro cedido em parceria com a editora.
Esse não é um publipost, e a resenha reflete minha opinião sincera sobre a obra.

Resenha: O Segredo do Meu Marido – Liane Moriarty

Oi pessoal, tudo bem?

Hoje vim contar pra vocês o que achei de O Segredo do Meu Marido, de Liane Moriarty.

capa o segredo do meu marido.pngGaranta o seu!

Sinopse: Imagine que seu marido tenha lhe escrito uma carta para ser aberta apenas depois que ele morresse. Imagine também que essa carta revela o pior e o mais profundo segredo dele – algo com o potencial de destruir não apenas a vida que vocês construíram juntos, mas também a de outras pessoas. Imagine, então, que você esbarra nessa carta enquanto seu marido ainda está bem vivo… Cecilia Fitzpatrick tem tudo. É bem-sucedida no trabalho, um pilar de sua pequena comunidade, uma esposa e mãe devotada. Sua vida é tão organizada e imaculada quanto sua casa. Mas uma carta vai mudar tudo, e não apenas para ela: Rachel e Tess mal conhecem Cecilia – ou uma à outra –, mas também estão prestes a sentir as repercussões do segredo do marido dela. Emocionante, O segredo do meu marido é um livro que nos convida a refletir até onde conhecemos nossos companheiros – e, em última instância, a nós mesmos.

Eu ainda não tinha lido nada de Liane Moriarty, mas fiquei completamente apaixonada pela minissérie da HBO baseada em uma de suas obras, Big Little Lies. Por isso, estava ansiosa para conhecer seus livros também. Em O Segredo do Meu Marido, percebi semelhanças com a série, especialmente em relação às personagens. Consegui ver traços da Madeline em Cecilia Fitzpatrick e de Jane em Tess, por exemplo. Mas, além disso, também vi que Liane Moriarty sabe construir muito bem personagens femininas, suas diferenças, suas qualidades e defeitos e suas motivações pessoais. Isso fica nítido nas três, Cecilia, Tess e Rachel, as personagens que são conectadas pelo segredo do marido de Cecilia.

Cecilia é uma personagem que se vê diante de uma decisão praticamente impossível. A solidez de seu casamento e de sua vida fica completamente ameaçada quando ela descobre a carta que deveria ser aberta apenas quando John-Paul, seu marido, já tivesse morrido. O que ela descobre a desestabiliza e a faz questionar não apenas quem é seu companheiro, mas ela mesma, devido às atitudes que precisa tomar. Tess também enfrenta uma reviravolta ao descobrir que as duas pessoas que mais ama (o marido e a prima/melhor amiga) estão apaixonados. Em um esforço quase irracional de salvar sua família de um divórcio, ela vai embora de casa para que os dois vivam essa paixão, na esperança de que tudo volte ao normal depois disso. Por fim, temos Rachel, uma mulher que recebe a notícia de que seu filho vai se mudar para Nova York com a esposa e o filho, sendo a criança a única alegria na vida de Rachel, que teve a filha assassinada há mais de 20 anos.

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Essas três mulheres, tão diferentes entre si, têm suas vidas conectadas de uma forma inesperada. Para elas, mas não para o leitor. Minha maior crítica em relação ao livro foi a obviedade do segredo de John-Paul, que já tinha ficado claro pra mim muito antes de sua revelação. Entretanto, não é o mistério que move a narrativa, mas sim as consequências do segredo. Liane Moriarty conta uma história que, apesar de ter momentos mais parados, nos faz querer saber o que vai acontecer com aquelas mulheres. E apesar de eu ter gostado de acompanhá-las, também senti que durante parte da narrativa a história andava em círculos, e isso me cansou um pouco.

Contudo, como eu disse antes e enfatizo novamente, a autora sabe como construir mulheres e suas diversas camadas, com qualidades e defeitos. Essa característica ficou evidenciada durante a leitura de O Segredo do Meu Marido. Cecilia, Tess e Rachel tem motivações próprias, atitudes humanas (e, muitas vezes, falhas) e não fazem o que o leitor acha que elas devem fazer, mas sim o que acreditam ser o melhor para si mesmas e para quem amam. Essa habilidade de Liane Moriarty de criar boas personagens femininas é algo que me agrada muito em sua escrita.

Se em determinado momento da trama de O Segredo do Meu Marido eu estava ficando levemente decepcionada, o epílogo chegou e mudou tudo. Arrebatador e, de certo modo, revoltante, ele me chocou e me fez questionar meus pensamentos e insatisfações ao longo da trama. A sensação é de que, assim como Pandora – na alegoria da autora –, era melhor não ter aberto a caixa e descoberto o que descobri. Leitura recomendada!

Título Original: The Husband’s Secret
Autor: Liane Moriarty
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 368
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Review: A Garota no Trem

Oi, meu povo! Tudo bem com vocês?

Semana passada fui conferir um filme que me deixou muito curiosa: A Garota no Trem! Ele é uma adaptação do livro de Paula Hawkins e, apesar de eu não ter lido a obra original, só pelo trailer ele fisgou minha atenção.

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Sinopse: Rachel (Emily Blunt), uma alcoólatra desempregada e deprimida, sofre pelo seu divórcio recente. Todas as manhãs ela viaja de trem de Ashbury a Londres, fantasiando sobre a vida de um jovem casal que vigia pela janela. Certo dia ela testemunha uma cena chocante e mais tarde descobre que a mulher está desaparecida. Inquieta, Rachel recorre a polícia e se vê completamente envolvida no mistério.

A única coisa que eu costumo achar previsível em thrillers psicológicos é o fato de que, na maioria das vezes, o personagem suspeito nunca é de fato o assassino (até porque isso tornaria o enredo todo óbvio demais). Apesar de ter uma premissa já explorada em outros filmes (lembrei diversas vezes de Garota Exemplar, principalmente no início do longa), A Garota no Trem me surpreendeu pelo caminho que o enredo trilhou, pelo desfecho incrível e pelas críticas SENSACIONAIS.

O filme nos apresenta à Rachel, uma mulher divorciada e alcoólatra. Todos os dias, Rachel pega o mesmo trem em direção à cidade para esconder sua demissão da colega de apartamento e passar em frente à casa do ex-marido, Tom, e de sua nova família. Rachel não superou o fato de Tom tê-la traído, casado com a amante e ter tido um bebê com ela, e demonstra vários sinais de que está assediando a família. Durante suas viagens, Rachel se encanta com um casal que mora a poucas casas de Tom: jovens e apaixonados, Rachel projeta nos dois todas as suas expectativas em relação ao amor. As coisas se complicam quando essa moça que Rachel observa – que depois descobrimos se chamar Megan – desaparece, e a protagonista torna-se suspeita.

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Como acontece em Garota Exemplar, A Garota no Trem também nos mostra diversas perspectivas em tempos diferentes, com o intuito de confundir o espectador. Porém, enquanto Garota Exemplar me decepcionou, A Garota no Trem me surpreendeu, me chocou e me manteve atenta a cada detalhe. Mas prometo que as comparações acabam aqui. 😛 É que, de fato, durante a primeira parte do longa eu temi que o filme seguisse a mesma linha – o que não acontece.

Uma das coisas mais interessantes no filme é que nossa protagonista não é confiável. Ela tem sérios problemas com bebida, o que torna suas lembranças totalmente deturpadas, e é obcecada pelo ex-marido e sua família. Ou seja, assim como ela, nós também ficamos à mercê dos acontecimentos e sem uma visão clara do que está acontecendo. Porém, com o desenrolar dos fatos, essa confusão ganha uma proporção genial, e o filme passa a falar não apenas do mistério em relação ao desaparecimento de Megan, mas também sobre abuso psicológico e traumas.

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Eu realmente não quero e não gosto de dar spoilers, mas preciso falar sobre a questão do abuso. Por isso, se você não quiser ler essa parte, pode pular para o próximo parágrafo. 😀 É brilhante a forma como A Garota no Trem faz o espectador duvidar da sanidade de Rachel para depois nos mostrar o que realmente levou a protagonista a esse ponto. Lidar com os abusos físicos e psicológicos do marido, que a tratava como louca e distorcia os acontecimentos (aproveitando-se da condição da esposa, que passou a sofrer com o alcoolismo por não conseguir engravidar) simplesmente destruiu a sanidade da personagem. Ela vivia se condenando por coisas que não haviam ocorrido, pois seu marido abusador a fazia acreditar naquilo e, mais do que isso, ele destruía a credibilidade de Rachel onde pudesse – inclusive com Anna, sua atual esposa, que acreditava que Rachel era uma stalker. No fim, Anna percebe que foi tão manipulada quanto Rachel e, felizmente, as duas se unem para se proteger de Tom. Em uma sociedade que vive dizendo que nós, mulheres, somos loucas, foi maravilhoso ver Rachel e Anna virando-se contra ele. A história de Megan também é triste e a personagem tem sérias falhas de caráter, mas ainda assim entendemos porque ela não consegue se conectar emocionalmente com as pessoas, utilizando apenas o sexo para tal.

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Outro aspecto a ser elogiado são as atuações. Emily Blunt foi genial e roubou a cena, trazendo à vida uma Rachel frágil e emocionalmente perturbada. As cenas em que Rachel está bêbada e confusa foram feitas de modo impecável. Haley Bennett também se saiu bem com sua fria e traumatizada Megan. Alguns atores famosos fazem parte do elenco, mas não tiveram grande destaque: é o caso de Laura Prepon, que fez exatamente o que já faz como Alex em Orange is the New Black, e Lisa Kudrow, a eterna Phoebe, que fez uma participação curta (mas de grande importância, pois revela um fato crucial na trama). Também gostei muito da atuação de Justin Theroux e Luke Evans (Tom e Scott, respectivamente): os dois me fizeram ter várias dúvidas a respeito de suas verdadeiras intenções ao longo do filme.

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Enfim, A Garota no Trem foi um filme genial, com um desfecho surpreendente e com uma crítica verossímil e atual. Saí da sala de cinema querendo falar sobre o enredo o tempo todo, tamanha a euforia que o longa me causou. Pra mim, foi um dos melhores filmes do ano. Recomendo DEMAIS! 

Título original: The Girl On The Train
Ano de lançamento: 2016
Direção: Tate Taylor
Elenco: Emily Blunt, Haley Bennett, Rebecca Ferguson, Justin Theroux, Luke Evans, Édgar Ramírez, Lisa Kudrow, Laura Prepon