Oi pessoal, tudo bem?
Finalmente Star Wars: A Ascensão de Skywalker chegou aos cinemas, encerrando a trajetória da família mais problemática da galáxia. 😂 E podem ficar tranquilos que a resenha não tem spoilers!
Sinopse: Com o retorno do Imperador Palpatine, todos voltam a temer seu poder e, com isso, a Resistência toma a frente da batalha que ditará os rumos da galáxia. Treinando para ser uma completa Jedi, Rey (Daisy Ridley) ainda se encontra em conflito com seu passado e futuro, mas teme pelas respostas que pode conseguir a partir de sua complexa ligação com Kylo Ren (Adam Driver), que também se encontra em conflito pela Força.
Para falar do episódio IX, preciso esclarecer um ponto: eu não espero de Star Wars roteiros mega complexos e disruptivos. Considero a saga um dos exemplos mais clássicos da jornada do herói e, portanto, não me importo muito que existam alguns clichês do gênero. Com isto posto, devo dizer que curti o longa, apesar dele não ser perfeito.
O terceiro episódio da nova trilogia traz os personagens principais em momentos decisivos de sua jornada: Poe e Finn estão em busca de informações que possam ajudar a derrotar a Primeira Ordem, Rey está treinando com Leia para se tornar uma Jedi e Kylo Ren (agora líder da Primeira Ordem, após o assassinato de Snoke) se torna aliado de um inimigo poderoso que não esperávamos re-encontrar: Palpatine, que de alguma forma conseguiu ressurgir dos mortos graças ao Lado Negro da Força. Porém, os vilões têm planos dissonantes: Palpatine deseja a morte de Rey, enquanto Kylo Ren deseja trazê-la para o Lado Negro. O filme ganha fôlego quando Rey e seu grupo decidem ir atrás do esconderijo dos seus inimigos em um planeta chamado Exegol, a mesma missão que Luke Skywalker um dia tentou cumprir.
Se tem uma coisa que não falta em A Ascensão de Skywalker é guerra nas estrelas (ba dum tss). O filme conta com muitas cenas de ação, desde batalhas aéreas até ótimas coreografias com sabres de luz. A conexão de Kylo e Rey permanece aqui, e o rapaz insiste em plantar dúvidas na mente da protagonista – especialmente relacionadas à sua verdadeira origem, finalmente revelada. Pra mim, ambos os personagens mantiveram a coerência e traçaram caminhos condizentes com o que foi apresentado até então. Rey enfrenta questionamentos e inseguranças relacionadas à sua identidade, mas a jornada de Kylo acaba sendo mais cheia de camadas e rende uma das cenas mais bonitas do filme (tem uma frase ali que dificilmente não vai emocionar). Seu caminho bifurcado, que poderia ou guiá-lo para a liderança de um novo império ou para a redenção, é bem interessante e vinha sendo trabalhado desde que o personagem decidiu matar o próprio pai no episódio VII. Porém, gostaria que Kylo Ren tivesse tido mais protagonismo e tempo de tela – o que daria ainda mais peso ao seu arco (que é provavelmente meu favorito).
Devo confessar que logo que Palpatine é revelado como o verdadeiro maestro por trás da Primeira Ordem, torci o nariz. Reciclar um personagem icônico e subitamente dar a ele uma frota de naves poderosíssimas e destruidoras de planetas foi conveniente demais. Porém, acabei decidindo entrar no modo “let it go” quanto a isso, afinal, não é difícil encontrar incoerências no roteiro de todos os filmes de Star Wars. Ainda abordando aspectos que me incomodaram, teve um elemento que eu curti muito e foi abandonado: a ideia apresentada no filme anterior de que a Força pode ser exercida por qualquer um, e não apenas pelas “figurinhas carimbadas” cujo sobrenome tem poder. Essa disrupção do conceito da Força foi algo muito interessante de Os Últimos Jedi, e trazer a linhagem para o centro da narrativa soou como um retrocesso. 😦
Vale ressaltar que A Ascensão de Skywalker traz um lembrete bem interessante, especialmente quando pensamos sobre a realidade política que vivemos hoje: o mal vence nos fazendo pensar que estamos sozinhos. É a esperança que motiva a Aliança Rebelde, que faz com que exista uma resistência e que pessoas se coloquem em risco pela causa. Ainda que Star Wars nunca aborde com maior profundidade as questões políticas e sociais causadas pelo sistema totalitário (ora do Império, ora da Primeira Ordem), essa mensagem é algo bacana de ser transmitido.
Eu entendo quem diz que o filme é uma reciclagem de ideias antigas e remonta a mesma estrutura dos longas anteriores. Pra mim, entretanto, isso não chegou a se tornar um problema (ainda que eu tenha gostado muito das ousadias de Os Últimos Jedi, que é menos maniqueísta e transita em uma zona muito mais cinza). Eu curti o ritmo do filme, as ótimas cenas de ação, o desfecho dos personagens e suas decisões. Como disse inicialmente, não espero muito brilhantismo de Star Wars, e sim um filme de ação que me cative e empolgue – o que A Ascensão de Skywalker conseguiu fazer. Saí do cinema satisfeita e já sentindo aquela pontinha de saudades dos personagens – novos e antigos.
Título original: Star Wars: The Rise of Skywalker
Ano de lançamento: 2019
Direção: J. J. Abrams
Elenco: Daisy Ridley, Adam Driver, John Boyega, Oscar Isaac, Mark Hamill, Carrie Fisher, Billy Dee Williams, Jonas Suotamo, Anthony Daniels