Oi pessoal, tudo bem?
Um dos filmes mais aguardados por mim finalmente chegou à Netflix, e hoje vou contar pra vocês o que achei de Por Lugares Incríveis.
Sinopse: Devastada pela perda da irmã, a introvertida Violet Markey (Elle Fanning) recupera a vontade de viver ao conhecer Theodore Finch (Justice Smith), um jovem excêntrico e imprevisível.
Quem leu minha resenha sabe que o livro de Jennifer Niven me tocou profundamente e se tornou um dos meus favoritos. A trágica história de amor de Violet Markey e Theodore Finch arrebatou meu coração, arrancou lágrimas e soluços e me causou uma tremenda ressaca literária. Em parte, sua adaptação conseguiu causar sensações semelhantes.
Na história, conhecemos dois adolescentes repletos de cicatrizes emocionais. Violet perdeu a irmã em um acidente e desde então vive num torpor. Finch, por sua vez, se apresenta com uma fachada irreverente e efusiva – que esconde demônios internos e um quadro depressivo do qual ninguém sabe. Unidos por um projeto da escola, os dois precisam conhecer e escrever a respeito de lugares de Indiana, e essas andanças permitem que um amor nasça e certas feridas se fechem.
Preciso dizer que me apaixonei pela performance de Elle Fanning como Violet. A atriz superou minhas expectativas e conseguiu dar vida às nuances e profundidade da personagem. Suas expressões apáticas lentamente vão sendo substituídas por sorrisos tímidos e, conforme o longa acontece, ela vai desabrochando. Justice Smith, por outro lado, não conseguiu evocar o mesmo apego que senti pelo Finch do livro. Sinto que até houve esforço na atuação mas, para ser justa, o roteiro não favoreceu: o roteiro foca muito mais em Violet e em sua transformação do que nos problemas que Finch mantêm ocultos. Isso faz com que o personagem perca muito de sua riqueza e até dificulta para o espectador entender o quê afinal ele está vivendo. No livro existem vários momentos narrados pela sua perspectiva, e lá fica claro (ainda que nunca escrito explicitamente) que os quadros de depressão que o acometem são frequentes e intensos. O jovem fala sobre a morte em diversas oportunidades, o que não acontece no filme. Essa foi a maior falha da adaptação, na minha opinião: Finch é importante demais pra ficar em segundo plano, apenas como um trampolim para a melhora de Violet.
Apesar de não ter me apaixonado pela performance de Justice Smith, gostei da sua química com Elle Fanning. As cenas em que os dois jovens passam juntos e pouco a pouco se apaixonam são encantadoras e prometem arrancar sorrisos bobos. Assim como no livro, o romance acontece de maneira natural, conforme Violet vai se abrindo para viver (e se permitir sentir) novamente.
Infelizmente, os temas importantes tratados no livro não ganham o mesmo espaço no filme (o que pode ser lido até como irresponsabilidade da adaptação, devido à gravidade do assunto abordado). Como mencionei anteriormente, os problemas de Finch ficam em segundo plano quando comparados aos de Violet. Acontece que, para entender o final, é imprescindível ter todo o contexto a respeito do personagem: o bullying que ele sofre, sua família disfuncional, a omissão dos adultos ao seu redor. Esse somatório de eventos faz com que Finch se sinta cada vez mais sem esperança, sem conseguir sair sozinho do vazio no qual ele frequentemente se encontra. No filme temos uma única cena que eu considero poderosa nesse sentido: ao conversar com sua irmã, Finch tenta encontrar um modo de acreditar que seu pai (que também enfrentava momentos sombrios) poderia ser salvo. Indiretamente, ao falar sobre o pai, o jovem revela uma vontade dele próprio ser salvo, um desejo de encontrar algum argumento que prove que há saída.
Apesar das falhas relacionadas a Finch, Por Lugares Incríveis me emocionou demais (os olhos inchados que o digam). Parte dessa emoção aconteceu por lembrar do livro e da tristeza que eu senti quando cheguei ao fim, mas a outra parte é mérito do longa. O filme consegue trazer a atmosfera das páginas com competência, a fotografia encanta e a trilha sonora é emocionante, sendo crucial para evocar emoções. Apesar das ressalvas, que considero importantes, eu gostei bastante do que vi na tela, e sinto que foi feito um bom trabalho na adaptação. Foi bom lembrar de todas as cores em uma, em pleno brilho, mais uma vez. ❤
Título original: All The Bright Places
Ano de lançamento: 2020
Direção: Brett Haley
Elenco: Elle Fanning, Justice Smith, Alexandre Shipp, Luke Wilson, Kelli O’Hara, Keegan-Michael Key