Especial Dia da Mulher: Livros sobre mulheres fortes

Oi galera, tudo certo?

Engana-se quem pensa que hoje, Dia Internacional da Mulher, é um momento para comemorações. Na realidade, a data representa a luta feminina por igualdade de gênero – luta esta que ainda é (muito) necessária.

Por isso, resolvi fazer uma semana especial de conteúdos relacionados ao universo feminino, com dicas de obras (começando por livros) que retratam mulheres fortes, incríveis e diversas – assim como nós somos. Espero que gostem. 💪

As Parceiras – Lya Luft

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Apesar da melancolia e da grande dose de reflexão, esse é um livro que me marcou muito por trazer o protagonismo feminino de maneira tão realista. Anelise narra não apenas suas conquistas e dores, mas também as das mulheres que a antecederam na família (e que marcaram sua vida e seu jeito de ver o mundo).

O Conto da Aia – Margaret Atwood

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Vocês devem estar cansados de me ver indicando esse livro, né? Desculpem, mas ele é incrível e todo mundo deveria ler. 🤷‍♀ A obra evidencia que retrocessos podem sim acontecer a qualquer momento, além de expor como o patriarcado impacta nossas vidas de muitas formas, das mais óbvias (como o controle sobre nossos corpos) às mais sutis (como o incentivo à rivalidade feminina). 

Outros Jeitos de Usar a Boca – Rupi Kaur

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Mesmo não sendo fã de poesias, fui fisgada pelo jeito singelo e particular de Rupi Kaur abordar o universo feminino. Dos prazeres às dores do ser mulher, a poetisa trata de assuntos que vão desde relacionamentos abusivos a amor próprio e ancestralidade.

Sejamos Todos Feministas – Chimamanda Ngozi Adichie

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Esse livro é uma excelente porta de entrada pra quem quer entender mais sobre o feminismo. De maneira acessível e clara, a autora aborda algumas situações pelas quais a maioria das mulheres já passou, exemplificando as muitas formas de desigualdade de gênero que sofremos hoje.

O Segredo do Meu Marido – Liane Moriarty

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O que gosto nas obras da Liane Moriarty é o modo como ela dá voz a diferentes tipos de mulheres, e isso acontece também em O Segredo do Meu Marido. As três protagonistas que conduzem a trama desse livro são cheias de defeitos e qualidades, com dilemas que envolvem principalmente maternidade e família.

Claro que existem inúmeros outros títulos clássicos que poderiam estar aqui, mas usei como critério pra lista livros que eu já resenhei aqui no blog e que eu não menciono sempre (com exceção de O Conto da Aia porque né, esse pode 🙈).

E vocês, quais livros com essa temática indicariam?
Me contem nos comentários! 📚

Resenha: O Conto da Aia: Graphic Novel – Margaret Atwood e Renee Nault

Oi pessoal, tudo bem?

No ano passado eu contei aqui no blog todas as inquietações e reflexões provocadas pela leitura de O Conto da Aia. 2019 me trouxe a oportunidade de revivê-las por meio de uma graphic novel maravilhosa (e, em breve, com a continuação da história, Os Testamentos). Hoje eu mostro pra vocês alguns detalhes da versão ilustrada desse livro que precisa ser lido por todo mundo. Vem ver!

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Sinopse: Tudo o que as Aias usam é vermelho: como a cor do sangue, que nos define. Offred é uma aia da República de Gilead, um lugar onde as mulheres são proibidas de ler, trabalhar e manter amizades. Ela serve na casa do Comandante e de sua esposa, e sob a nova ordem social ela tem apenas um propósito: uma vez por mês, deve deitar-se de costas e rezar para que o Comandante a engravide, porque em uma época de declínio da natalidade, Offred e as outras Aias têm valor apenas se forem férteis. Mas Offred se recorda dos anos anteriores a Gilead, quando era uma mulher independente, com um emprego, uma família e um nome próprio. Hoje, suas lembranças e sua vontade de sobreviver são atos de rebeldia. Provocante, surpreendente, profético. O conto da Aia é um fenômeno mundial, já adaptado para cinema, ópera, balé e uma premiada série de TV. Nessa nova versão em graphic novel, com arte arrebatadora de Renée Nault, a aterrorizante realidade de Gilead é trazida à vida como nunca antes.

Não é fácil adaptar um livro denso em uma história em quadrinhos. O Conto da Aia é narrado em primeira pessoa por Offred, uma Aia, cujo fluxo de pensamento não é linear. Enquanto rememora o passado e tenta reconstruir o passo a passo vivido pela sociedade para chegarem até onde estão, Offred também narra o presente opressivo no qual vive. E apesar de não ser fácil retratar essas idas e vindas de maneira clara, a graphic novel consegue fazer isso mantendo a fluidez da narrativa. Algumas ilustrações falam por si só, com frases mais soltas que retratam a desconexão das memórias de Offred – bem como sua tentativa de se desconectar com o próprio corpo, para tornar a vida mais suportável.

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Porém, obviamente, nem todos os detalhes da obra original têm espaço na graphic novel (não quero dar spoilers, mas tem um relacionamento importante, especialmente pelo caráter afrontoso, que ganha pouco espaço na HQ). Esse aspecto não chega a atrapalhar a condução da história, e mesmo o controverso (e chocante) epílogo aparece na graphic novel, ainda que de maneira condensada. É normal que algumas coisas precisem ser deixadas de fora quando uma obra é adaptada para os quadrinhos, e nesse caso os principais fatos foram mantidos e a história permaneceu coesa. Entretanto, a narrativa de Margaret Atwood é ímpar, e vale a pena conferir a obra original para absorver toda a intensidade de O Conto da Aia.

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Por último, mas não menos importante: a edição em si está incrível. A capa é aveludada, há um marca-páginas acetinado e as laterais das páginas trazem um pattern floral lindo. Não poderia deixar de mencionar o vermelho, cor marcante da obra (a cor das Aias), que faz parte de todos esses detalhes que mencionei. E o que dizer das ilustrações? Renee Nault usa a aquarela e o vermelho vibrante como pilares em toda a graphic novel. O traço da artista é muito bonito e cada virar de página merece uma atenção especial, para absorver cada detalhe.

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O Conto da Aia: Graphic Novel é uma obra imperdível pra quem já é apaixonado pela obra de Margaret Atwood, pela série The Handmaid’s Tale ou pra quem quer ter um primeiro contato com essa história impactante e necessária. Recomendo mil vezes! ❤

Título Original: The Handmaid’s Tale: Graphic Novel
Autor: Margaret Atwood e Renee Nault
Editora: Rocco
Número de páginas: 240
Gostou do livro? Então adquira seu exemplar aqui e ajude o Infinitas Vidas! ❤

Livro cedido em parceria com a editora.
Esse não é um publipost, e a resenha reflete minha opinião sincera sobre a obra.

Lista #5: Livros com protagonistas femininas fortes

Oi gente, tudo bem?

Seguindo a inspiração do Dia Internacional da Mulher e as pautas relacionadas a esse universo – como igualdade de gênero e empoderamento –, hoje resolvi indicar algumas leituras protagonizadas por mulheres fortes!

Katniss Everdeen – Jogos Vorazes

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Katniss é um grande exemplo de força feminina. Responsável pelo sustento do lar, a protagonista da trilogia Jogos Vorazes sempre cuidou de sua família com determinação. Ao ver sua irmã sendo selecionada para os Jogos, não hesitou em tomar seu lugar, atitude que deu início à revolução.

Nihal – As Crônicas do Mundo Emerso

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Nihal é uma jovem que sempre sonhou em ser uma Cavaleiro de Dragão. Desde a infância, alimentou esse sonho e fez de tudo para conquistá-lo, mesmo que a atividade fosse predominantemente masculina. Mesmo sofrendo diversas perdas e enfrentando batalhas sangrentas, Nihal nunca desistiu de ir busca do que acreditava ser certo.

Lou Clark – Como Eu Era Antes de Você

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Nem só poder físico e atitudes destemidas em batalha definem força. Lou Clark é uma personagem que tem grande crescimento no decorrer de Como Eu Era Antes de Você e, ao longo da trama, descobrimos as diversas provações que ela enfrentou em seu passado. Convivendo com o Will, ela desabrocha e reencontra sua luz e força próprias.

Offred – O Conto da Aia

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Força também pode significar sobrevivência. Offred perdeu tudo: sua família, sua liberdade e seus direitos. Oprimida por um governo autocrático e religioso, Offred encontra força em pequenas transgressões, que revelam que sua essência não foi apagada.

Noemi Vidal – Desafiando as Estrelas

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Soldado da Gênesis, um planeta colonizado pela Terra, Noemi é uma jovem de 17 anos que perdeu os pais muito cedo e precisou aprender a se virar sozinha. Entretanto, as desgraças de sua vida não a transformaram em alguém amarga ou cruel; Noemi é empática, corajosa e altruísta – além de ser uma soldado implacável.

E vocês, que personagens femininas fortes escolheriam para essa lista?
Me contem nos comentários quem inspira vocês! ❤

Beijos e até o próximo post. o/

Dica de Série: The Handmaid’s Tale

Oi pessoal, tudo bem?

Agora que The Handmaid’s Tale chegou à TV aberta, acho que é uma ótima oportunidade de falar novamente sobre essa trama tão poderosa, dolorida e necessária – agora no formato de série.

the handmaids tale

Sinopse: Baseado na obra de Margaret Atwood, The Handmaid’s Tale conta a história na distopia de Gilead, uma sociedade totalitária que foi anteriormente parte dos Estados Unidos. Enfrentando desastres ambientais e uma taxa de natalidade em queda, Gilead é governada por um fundamentalismo religioso que trata as mulheres como propriedade do Estado. Como uma das poucas mulheres férteis restantes, Offred é uma serva na casa do Comandante, sendo parte de uma das castas de mulheres forçadas à servidão sexual como uma última tentativa desesperada para repovoar um mundo devastado. Nesta sociedade aterrorizante onde uma palavra errada pode acabar com sua vida, Offred vive entre Comandantes, as suas mulheres cruéis e seus servos – onde qualquer um poderia ser um espião para Gilead – tudo com um único objetivo: sobreviver e encontrar a filha que foi tirada dela.

The Handmaid’s Tale é baseada no livro O Conto da Aia, sobre o qual já falei aqui no blog. A história segue basicamente a mesma premissa e se desenvolve de maneira muito fiel ao que é descrito no livro: em um futuro distópico, uma ditadura religiosa retirou os direitos civis das mulheres nos Estados Unidos (agora República de Gilead), determinando suas funções na sociedade em um modelo de castas. Há as Marthas (mulheres dedicadas ao serviço doméstico), as Tias (que educam as Aias), as Esposas (casadas com os Comandantes, membros do alto escalão militar dessa nova sociedade religiosa) e, por fim, as Aias (mulheres férteis responsáveis pela reprodução). Nossa protagonista é Offred, uma mulher que teve seu marido e filha arrancados de si e agora serve ao lar de seu Comandante como uma Aia. Com o passar dos episódios, Offred vai nos contando como tudo aconteceu e como é a vida nesse novo modelo de existência.

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Porém, diferentemente do livro, aqui temos uma visão bem mais ampla sobre o que ocorre em Gilead. Além do ponto de vista de Offred, também vislumbramos o papel da Esposa do Comandante no golpe, e a angústia que ela sente por ser deixada de lado pelo novo sistema que ajudou a construir. É um paradoxo muito interessante este: ela, a mulher por trás do ideal de Gilead, vê-se praticamente na mesma posição que as mulheres que ela ajudou a oprimir; ou seja, descartada e sem voz. Além disso, na série também temos acesso a mais cenas do passado de Offred com sua família, suas tentativas de fuga e até mesmo sobre o que aconteceu com seu marido, Luke.

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Offred é a personagem que mais muda do livro para a série, mas não de maneira negativa. Na produção audiovisual, ela tem um nome e faz questão de relembrá-lo: June. Mais irônica, sarcástica e afrontosa que sua contraparte literária, a June da série é alguém que causa ainda mais empatia e simpatia no espectador. No livro me entristecia ver a apatia de Offred, que só conseguia transgredir em atitudes muito pequenas. Na série, contudo, June é mais ativa e revoltada, ao mesmo tempo que transmite toda a dor e a emoção que permeiam sua nova existência. Elizabeth Moss, que a interpreta, faz um trabalho fenomenal nesse sentido, pois apenas com o olhar ela consegue passar os mais diversos sentimentos vividos por sua personagem. Mas ela não é a única a realizar um excelente trabalho; as atuações de modo geral são primorosas e causam as mais diversas reações: pena, asco, revolta, tristeza, desprezo.

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De certo modo, achei mais difícil assistir The Handmaid’s Tale do que ler O Conto da Aia. Se no livro Offred rememora tudo que lhe aconteceu de maneira mais linear e apática, em The Handmaid’s Tale somos obrigados a assistir todas as torturas e abusos sofridos pelas mulheres de Gilead. A primeira cena do primeiro episódio já me levou às lágrimas e, devo dizer, praticamente todos os episódios da primeira temporada o fizeram. A cada nova cena que surgia na tela, a cada nova violência a qual as mulheres eram submetidas, era um novo soco no estômago. Por outro lado, diferentemente do livro, existem cenas de MUITO girl power e empoderamento feminino. Há momentos de subversão tão poderosos – ainda que relativamente simples – que é impossível não ficar com cada pelo do corpo arrepiado. Somado a isto está uma fotografia de qualidade impecável, que abusa dos tons pálidos para reforçar ainda mais o destaque e o incômodo causados pelo vermelho das vestes das Aias.

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The Handmaid’s Tale é, assim como O Conto da Aia, uma obra necessária. Em tempos como os nossos, em que o fundamentalismo religioso se faz presente em diversas esferas do governo, é ainda mais necessário que a gente mantenha os olhos abertos. O retrocesso é muito mais fácil de acontecer do que pensamos, e manter nossos direitos é uma luta constante que jamais pode esmorecer. A série traz reflexões sobre o direito aos nossos próprios corpos, sobre a velocidade com que o retrocesso ganha espaço e sobre como precisamos nos unir enquanto mulheres. Todo mundo deveria assistir The Handmaid’s Tale. E cuidado: Gilead pode estar na esquina.

Título original: The Handmaid’s Tale
Ano de lançamento: 2017
Criador: Bruce Miller
Elenco: Elisabeth Moss, Yvonne Strzechowski, Joseph Fiennes, Alexis Bledel, Samira Wiley, Ann Dowd, Madeline Brewer, Max Minghella, O. T. Fagbenle

Melhores leituras de 2018

Oi, galera! Como estão?

Dezembro chegou e aquele clima de retrospectiva já tomou conta de mim.
Nesse post vou contar pra vocês quais foram minhas leituras favoritas em 2018. A ordem da lista é cronológica, não necessariamente por preferência.

Bora lá! 🙌

P.S.: Ainda Amo Você – Jenny Han

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Esse foi meu livro favorito da trilogia Para Todos Os Garotos Que Já Amei. Lara Jean está mais interessante, há uma discussão importante sobre slutshaming e tem também o fofo do John Ambrose McClaren! ❤

Escândalos na Primavera – Lisa Kleypas

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Meu queridinho da série As Quatro Estações do Amor. Daisy foi a melhor protagonista, e Matthew é um homem dos sonhos! O romance deles não tem drama desnecessário e eles se amam e se respeitam demais. Nenês! ❤

O Segredo do Meu Marido – Liane Moriarty

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Meu primeiro contato com a escrita da Liane Moriarty foi muito positivo. A autora faz um excelente trabalho ao destrinchar as relações familiares e os segredos ocultos que muitos de nós fazem de tudo para esconder. Foi no epílogo que meu queixo caiu e eu fiquei completamente arrebatada pela história.

Boneco de Neve – Jo Nesbø

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Como uma grande fã de romances policiais, adorei a experiência com Boneco de Neve. Os crimes brutais, o mistério por trás da identidade do assassino e as cenas de ação eletrizantes fizeram desse livro uma ótima experiência.

Clube da Luta Feminista – Jessica Bennett

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Esse é um daqueles livros que todo mundo precisa ler. A jornalista Jessica Bennett utiliza de sua experiência pessoal e também dados estatísticos para falar sobre o machismo sutil no ambiente corporativo, dando dicas para combatê-lo e incentivando o empoderamento feminino.

O Poderoso Chefão – Mario Puzo

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Trazendo as tensões das diversas Famílias da máfia italiana como fio condutor, O Poderoso Chefão acompanha as relações da Família Corleone, uma das mais importantes de Nova York, e desenvolve seus personagens ambíguos com maestria.

Warcross – Marie Lu

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Ambientado em um futuro no qual a tecnologia teve grande avanço e um gadget permite a interação entre real e virtual, Warcross é uma ficção científica cheia de ação e ótimos personagens. O final do livro é surpreendente e faz o leitor implorar pela continuação!

A Mulher na Cabine 10 – Ruth Ware

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Claustrofóbico e envolvente, esse livro é um ótimo thriller psicológico ambientado em um cruzeiro de luxo. A protagonista, Lo, sofre de TEPT e tem certeza de que ouviu um assassinato na cabine ao lado da sua; o problema é que ninguém acredita nela.

O Conto da Aia – Margaret Atwood

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Esse livro é uma obra-prima, e eu não estou exagerando. Ele narra um futuro distópico no qual as mulheres perderam seus direitos civis e viraram propriedade de um governo autocrático e religioso, sendo separadas em “castas” de acordo com sua função. É visceral e perturbador.

Espero que tenham gostado da lista, pessoal. 😀
Já leram ou pretendem ler alguma dessas obras? Me contem nos comentários!

Beijos e até o próximo post!

Resenha: O Conto da Aia – Margaret Atwood

Oi gente, tudo bem?

Hoje vim contar pra vocês o que achei de O Conto da Aia, clássico distópico de Margaret Wood que deu origem à série The Handmaid’s Tale. 😉

o conto da aia margaret atwood.pngGaranta o seu!

Sinopse: Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, o a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump.

Offred é uma moradora da República de Gilead (conhecida, no passado, como Estados Unidos). Diversos fatores fizeram com que grande parte da população tenha se tornado infértil, e há uma grande preocupação com a natalidade em declínio. A função de Offred nessa nova sociedade é ser uma Aia: uma mulher responsável por gerar um filho para a família de um membro do alto escalão do governo. Gilead é um país teocrata, calcado nas crenças do Antigo Testamento, e as mulheres têm papéis bem delimitados: reprodutoras (Aias), esposas, professoras (Tias) ou “domésticas” (Marthas). É através dos olhos de Offred que o leitor tem um vislumbre dos horrores que envolvem esse sistema

Eu terminei de ler esse livro em julho, mas só agora consegui escrever a respeito. A verdade é que O Conto da Aia não é um livro para ser devorado e lido de uma vez, mas sim uma obra que deve ser lida com calma, para que você possa absorver sua atmosfera enquanto compreende sua realidade. A autora é bem misteriosa no início da trama: você vai entendendo aos poucos, de acordo com as reflexões da protagonista.

A narrativa de Offred vai e vem no passado. Sabemos apenas que ela foi capturada 3 anos antes e, desde então, passou pelo treinamento necessário para se tornar uma Aia. Em Gilead, as mulheres são proibidas de ler e escrever (com exceção das Tias), então a oralidade é uma característica da narrativa: como Offred não pode escrever, ela conta ao leitor o que aconteceu com ela; desse modo, acompanhamos seu fluxo de pensamentos e seus devaneios. Isso confere à narrativa um tom intimista e também sufocante: estamos o tempo todo imersos na mente de Offred. Ela narra seu tédio, sua apatia e, claro, suas lembranças. Ela viveu em um mundo com liberdades e direitos civis e presenciou isso ser retirado das mulheres, o que é muito doloroso.

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A autora faz uma reflexão que mexeu bastante comigo: ela mostra ao leitor que as transformações podem ocorrer lentamente. Nem sempre é algo explosivo e repentino que causa mudanças drásticas em uma sociedade; muitas vezes, o discurso dos indivíduos vai dando indícios do que está por vir. Em O Conto da Aia, existem matérias nos jornais que dão pistas de que algo grave está por acontecer, mas a população não liga, não leva a sério, simplesmente porque parece distante e irreal demais. Até que acontece. Não nos comportamos exatamente assim fora da ficção?

Outra reflexão óbvia trazida por Margaret Atwood é a questão do papel da mulher em Gilead. Nessa sociedade extremista religiosa, as mulheres são designadas a papéis estereotipados: reprodutoras, professoras, donas de casa, esposas. Elas não podem ler, trabalhar, amar, conversar… Não podem nada. Nesse contexto, as Tias gozam de autoridade, mas somente sobre as mulheres sob sua tutela. Quando todos os seus direitos e liberdades são retirados, exercer poder sobre um grupo acaba sendo muito tentador, e as Tias ilustram essa situação. O papel biológico dita as regras em Gilead; sendo a reprodução o pilar dessa sociedade, gays e lésbicas não-férteis são descartáveis.

O Conto da Aia faz um trabalho primoroso em expor sutilezas do patriarcado de modo gritante. Por meio de lavagem cerebral (ou imposição de medo mesmo), as Tias fazem com que as mulheres aceitem seus papéis e condenem quem sai da normaGilead também exerce vigilância constante, por meio dos Olhos (espiões) e das próprias Aias, que fiscalizam e denunciam umas às outras, demonstrando o quanto mulheres estão inseridas em um contexto que as coloca contra si mesmas. Além disso, a obra também escancara a hipocrisia do sistema: apesar de ser baseado em regras religiosas rigorosas e punitivas, os Comandantes usufruem de prazeres proibidos graças ao seu status elevado.

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Eu tinha a expectativa de que a trama fosse sofrer alguma reviravolta. Mas a verdade é que o livro não se trata de uma revolta. Inclusive, esse aspecto me lembrou muito 1984 (do George Orwell), cujo foco é fazer o leitor mergulhar na realidade opressora dos personagens, muito mais do que propor um enredo que busque impressionar por conta dos acontecimentos em si. O final do livro incomoda, causa desconforto. As notas históricas mostram Offred sob a luz acadêmica – de um homem. Ele fala de suas vivências com frieza e até certo divertimento/ironia. É muito doloroso perceber a história de Offred, de uma mulher com tantos sofrimentos e nuances, sendo resumida a um estudo.

Como crítica, eu diria que o estilo narrativo é um pouco estranho. Não tem aspas nem travessão pra demarcar a maior parte dos diálogos: eles acontecem realmente como uma narração oral (o que faz sentido, considerando que é essa a sensação que a protagonista deseja transmitir). Essas situações ocorrem quando a personagem rememora conversas do passado, como as lições dadas pelas Tias. Com o tempo o leitor acostuma, mas é estranho ler frases construídas assim: Olá, meninas, disse a Tia Lydia. Vocês são especiais.

Sendo mulher e feminista, devo dizer que foi doloroso chegar ao fim de O Conto da Aia. O livro é poderoso não por trazer inúmeras reviravoltas de tirar o fôlego, mas por narrar com muito realismo e verossimilhança uma situação distópica com alicerces reais. Não é difícil imaginar algo desse nível acontecendo (lembrei da revolução no Irã, por exemplo, e Marjane Satrapi fala sobre as mudanças na sociedade em Persépolis). Entretanto, por mais difícil que a leitura seja, ela também tem seus momentos de inspiração: os lampejos de revolta e insubordinação de Offred dão certo consolo.

Sei que a resenha ficou enorme, mas fiz o melhor que pude pra botar pra fora todos os sentimentos e reflexões que tive ao ler O Conto da Aia. Esse é um daqueles livros que podem até não agradar todo mundo, mas que definitivamente mexem com você. Recomendo MUITO essa leitura, e obrigada por ter lido até aqui! ❤

Título Original: The Handmaid’s Tale
Autor: Margaret Atwood
Editora: Rocco
Número de páginas: 368
Gostou do livro? Então adquira seu exemplar aqui e ajude o Infinitas Vidas! ❤

Livro cedido em parceria com a editora.
Esse não é um publipost, e a resenha reflete minha opinião sincera sobre a obra.
Esta resenha foi selecionada para fazer parte da comemoração Shelfie Day da editora educativa Twinkl, com o objetivo de incentivar a leitura no Brasil.