Resenha: Modern Love – Daniel Jones

Oi galera, tudo certo?

Vocês sabiam que Modern Love, da Amazon Prime Video, é baseada numa coluna do New York Times? Esse ano foi publicado pela Editora Rocco o livro homônimo, que reúne não apenas as 8 histórias da série, mas inúmeras outras. Vamos conhecer? 😀

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Sinopse: Algumas das histórias de Modern Love não são nada convencionais, enquanto outras parecem bem familiares. Algumas revelam como a tecnologia mudou para sempre o namoro, outras exploram as lutas atemporais vividas por quem já procurou amor. Acima de tudo, todas constituem relatos honestos que mostram como os relacionamentos começam, como geralmente fracassam e, quando temos sorte, perduram. Organizado pelo editor Daniel Jones, este é o livro perfeito para quem é amado, está perdido ou sendo perseguido por um ex nas redes sociais, ou para aqueles que sempre desejaram um romance verdadeiro. Em outras palavras, uma leitura para qualquer pessoa interessada no funcionamento infinitamente complicado do coração humano.

Modern Love é dividido em 4 partes, focadas em diferentes formas de amor. Entretanto, é importante pontuar que desde a introdução do livro o leitor é avisado de que nem todas as histórias são bonitas e com finais felizes. Existem amores doloridos, amores que não deram certo, amores que mudaram, amores de diferentes tipos. Essa multiplicidade de maneiras de amar torna Modern Love um livro muito real e relacionável, sendo este o primeiro ponto positivo que faz a leitura valer a pena.

E a primeira parte do livro, “Em algum lugar lá fora”, já exemplifica o aviso da introdução: ela conta histórias de relações que não foram para frente ou, quando foram, não necessariamente tiveram seu “felizes para sempre”. As histórias narradas aqui evidenciam que grande parte dos amores não são aqueles vistos em novelas ou filmes, sendo feitos de diferentes formas de viver esse sentimento. Há uma carta que narra a idealização de um rapaz pela namorada (sua própria Maniac Pixie Dream Girl, nas palavras dele); há a reflexão de uma mulher que só quer viver os relacionamentos casuais, mas acaba sofrendo devido a promessas vazias feitas pelos homens com quem se relaciona; e há a minha história favorita dessa primeira parte, que é o material de inspiração para o último episódio da minissérie: “A corrida fica mais gostosa perto da última volta”. Esse capítulo é delicioso e emocionante, mostrando uma relação madura que, apesar de ter a morte como elemento fundamental, não se torna menos importante, feliz ou valiosa.

A segunda parte do livro, “Acho que amo você”, é mais romântica e conta histórias de inúmeros relacionamentos felizes (alguns à primeira vista, outros que sobreviveram aos percalços). Uma história que me surpreendeu bastante foi a de uma mãe que diz que nada supera seu amor pelo marido, nem mesmo os próprios filhos. A maternidade é muito romantizada na nossa sociedade, e eu costumo ser bem crítica disso; entretanto, me vi enfrentando minhas próprias ideias pré-concebidas inconscientes ao me ver surpresa com a narrativa de uma mulher que ama os filhos, mas cujo amor pelo marido é ainda maior. Gosto quando um livro me faz questionar as minhas crenças, e esse capítulo foi interessante por isso. Mas o capítulo que mais gostei foi “Você talvez queira se casar com o meu marido”, escrito por uma mulher com câncer em fase terminal que deseja que seu amado siga em frente após sua partida. Encarar a própria finitude não é uma tarefa fácil, principalmente quando tudo que você gostaria é de mais tempo com quem você ama. Ainda assim, a abnegação da autora em querer que o marido encontre alguém e ame novamente é comovente.

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O título da terceira parte, “Segurando firme nas curvas”, já nos dá uma pista do que vamos encontrar: narrativas cheias de desafios, momentos complicados a serem vencidos e a luta para erguer a cabeça e seguir em frente. Os capítulos aqui agrupados focam nas dores e nas adversidades dos diversos tipos de amores que, mesmo imperfeitos, valem a pena ser contados. É nessa parte que está uma das cartas que originou um dos melhores episódios da minissérie, protagonizado por Anne Hathaway: “Aceite-me como eu sou, não importa quem eu seja”. Apesar de menos intensa e emocionante que sua contraparte televisiva, ainda sim é relevante por falar de saúde mental. A história dos Beatles (“Agora eu preciso de um lugar para me esconder”), de uma mãe que perdeu a filha quando ela ainda era criança, foi dolorosa de ler. Mas a resiliência do ser humano é algo inspirador, e essa história traz essa característica com muita delicadeza. Por fim, a quarta parte, “Assuntos de família”, narra principalmente o amor familiar – romântico ou não. E, encerrando o livro, temos a história que dá início à adaptação televisiva, a respeito da amizade entre uma jovem e seu porteiro (eu amo essa história!).

Assim como ocorre na maioria das coletâneas, existem contos melhores do que outros em Modern Love, o que é esperado e natural. Alguns são meio enfadonhos, outros não provocam muita simpatia, mas em compensação existem inúmeros que renovam sua esperança no amor e na humanidade, bem como provocam muita gratidão pelas pessoas que nos cercam. Agora, falando especificamente sobre as 8 histórias que viraram episódios de TV, eu diria que a dramatização nos episódios conferiu um peso bem maior a elas. No livro, os relatos são mais breves e menos aprofundados, não causando a mesma comoção das contrapartes audiovisuais. Além disso, existem no livro histórias muito mais emocionantes do que as escolhidas para a série (eu realmente não gostei de uns 3 episódios, achei cansativos), e vejo um potencial enorme para uma segunda temporada focada em algumas delas.

Resumindo, Modern Love é uma leitura fácil, gostosa e cheia de emoções. O livro me fez sorrir e me fez chorar enquanto me conectava às histórias de vida de pessoas reais que, assim como eu e você, amam, sorriem, se magoam e seguem em frente dando o melhor de si. Vale a pena? Com toda a certeza. ❤

Título original: Modern Love
Autor:
Daniel Jones
Editora: Rocco
Número de páginas: 304
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Livro cedido em parceria com a editora.
Esse não é um publipost, e a resenha reflete minha opinião sincera sobre a obra.

Dica de Série: Modern Love

Oi gente, tudo bem?

Apesar de ter assinado a Amazon Prime logo que a plataforma saiu (afinal, o valor mensal de R$ 9,90 é bem atrativo), ainda assisti a poucas de suas produções. Depois da ótima The Boys, resolvi explorar mais o Prime Video e acabei conferindo outra série original da qual gostei muito: Modern Love.

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Sinopse: Um compilado de histórias reais que exploram não só o amor em suas múltiplas formas – romântica, sexual, familiar, platônica -, mas também outros sentimentos comuns à experiência humana, como perda e redenção.

Essa minissérie antológica dramatiza histórias reais publicadas em uma coluna semanal do The New York Times. Com temáticas e personagens distintos a cada episódio, Modern Love tem aquele gostinho de comédia romântica intercalado com boas cenas de drama. Entretanto, é importante dizer que nem todos os episódios brilham, e em alguns deles falta carisma à trama e aos personagens. Vou contar pra vocês quais foram os maiores destaques. 😀

O primeiro episódio (When the Doorman Is Your Main Man) é provavelmente o meu favorito. Protagonizado por Cristin Miliotti (a eterna Mother, de How I Met Your Mother) e Laurentiu Possa, a trama narra a busca da jovem por um par romântico. Seu porteiro, porém, é a pessoa que sempre a alerta sobre as ciladas, como se sentisse o cheiro de encrenca de longe. Quando a moça fica grávida por acidente, é na amizade com o porteiro que ela encontra suporte. Retratando um amor genuíno e fraternal, esse primeiro episódio me causou melancolia e felicidade na mesma medida.

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O segundo episódio (When Cupid Is a Prying Journalist) também é excelente. Ao entrevistar um jovem desenvolvedor a respeito do sucesso de seu app de relacionamentos, uma jornalista descobre que o rapaz não tem muita sorte nessa área. Após ser traído pela ex-namorada, ele nunca mais conseguiu se reconectar com ninguém. Em paralelo, a própria jornalista precisa encarar pendências do passado e amores não superados. Esse episódio é muito bacana porque retrata personagens absurdamente humanos, com defeitos que não são exaltados, mas que os tornam mais reais. No fim, parece que as peças se encaixam onde de fato deveriam estar.

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O terceiro episódio (Take Me as I Am, Whoever I Am) é incrível, protagonizado pela excelente Anne Hathaway. Vivendo em segredo com o Transtorno Bipolar, a trama nos causa uma angústia muito grande. A personagem oscila entre euforia e depressão e nos sentimos impotentes enquanto a vemos tentando lidar com o dia a dia e com os relacionamentos (tanto amorosos quanto amizades) em meio a um turbilhão de emoções. Aqui temos mais um exemplo de que, muitas vezes, o amor de que tanto precisamos não tem nada a ver com romance.

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Os episódios 4, 5 e 6 não funcionaram pra mim (especialmente o 6º, que é deveras problemático). No episódio 7 temos uma melhora no ritmo com o episódio “Hers Was a World of One, que narra a história de um casal gay que deseja adotar uma criança e da jovem grávida que está esperando o futuro bebê que o casal vai adotar. Eu gostei muito da dinâmica da Olivia Cooke e do Andrew Scott (que também fez Moriarty, em Sherlock), trazendo uma dose de bom humor bem-vinda. Por fim, temos o episódio 8 (The Race Grows Sweeter Near Its Final Lap), que traz o amor maduro como principal pilar. A história é agridoce: ela nos lembra que nunca é tarde para amar, mas também expõe a dor da perda. Sem dúvidas é muito emocionante.

Modern Love é uma daquelas séries curtinhas, com episódios de 30 minutos, que fazem o tempo passar voando. Apesar 3 dos 8 episódios não serem arrebatadores, os outros 5 valem cada segundo. Se você busca histórias de amor pé no chão, que poderiam ser vividas por qualquer um ao seu redor, você vai gostar de Modern Love (e seu coração provavelmente vai ficar quentinho). 🙂

Título original: Modern Love
Ano de lançamento: 2019
Direção: John Carney
Elenco: Cristin Milioti, Laurentiu Possa, Catherine Keener, Dev Patel, Anne Hathaway, Gary Carr, Tina Fey, John Slattery