Oi pessoal, tudo bem?
Apesar da Colleen Hoover ter uma legião de fãs, os livros dela nunca me chamaram a atenção. Até o lançamento de Verity. Sendo eu apaixonada por thrillers e livros policiais como sou, mal pude esperar para conferir essa obra que deu o que falar na blogosfera. Vamos descobrir o que eu achei? 😉
Sinopse: Verity Crawford é a autora best-seller por trás de uma série de sucesso. Ela está no auge de sua carreira, aclamada pela crítica e pelo público, no entanto, um súbito e terrível acidente acaba interrompendo suas atividades, deixando-a sem condições de concluir a história… E é nessa complexa circunstância que surge Lowen Ashleigh, uma escritora à beira da falência convidada a escrever, sob um pseudônimo, os três livros restantes da já consolidada série. Para que consiga entender melhor o processo criativo de Verity com relação aos livros publicados e, ainda, tentar descobrir seus possíveis planos para os próximos, Lowen decide passar alguns dias na casa dos Crawford, imersa no caótico escritório de Verity – e, lá, encontra uma espécie de autobiografia onde a escritora narra os fatos acontecidos desde o dia em que conhece Jeremy, seu marido, até os instantes imediatamente anteriores a seu acidente – incluindo sua perspectiva sobre as tragédias ocorridas às filhas do casal. Quanto mais o tempo passa, mais Lowen se percebe envolvida em uma confusa rede de mentiras e segredos, e, lentamente, adquire sua própria posição no jogo psicológico que rodeia aquela casa. Emocional e fisicamente atraída por Jeremy, ela precisa decidir: expor uma versão que nem ele conhece sobre a própria esposa ou manter o sigilo dos escritos de Verity?
“Ouço o barulho do crânio se quebrando antes mesmo de o sangue respingar em mim.” É com essa frase que Verity inicia, e com ela já é possível sentir o impacto de muitas coisas que serão narradas dali em diante. O livro nos apresenta a Lowen, uma autora com problemas financeiros que se depara com um acidente a caminho de uma reunião importante. Ainda em choque, ela é auxiliada por um homem bem vestido que também presenciou a cena e, para a surpresa de ambos, eles voltam a se reencontrar na sala de reuniões. Ele é Jeremy Crawford, marido de uma escritora de sucesso chamada Verity, que se encontra em estado vegetativo após sofrer uma colisão enquanto dirigia. Lowen então recebe a proposta de ser co-autora da série que Verity deixou inacabada, já que o estilo literário de ambas se assemelha. Apesar da insegurança e do medo de assumir um trabalho tão aclamado, as dificuldades financeiras de Lowen fazem com que ela aceite a proposta de trabalho e tope passar alguns dias na casa dos Crawford para conferir todos os materiais deixados por Verity. O que Lowen encontra, porém, é um manuscrito autobiográfico que narra a história do casal de modo perturbador – fazendo com que a casa não pareça mais tão segura assim.
Acredito que eu nunca tenha lido algo tão perturbador quanto o manuscrito de Verity. A obra (dentro da obra rs) inicia com a autora-personagem avisando que as próximas páginas trarão à luz o seu pior lado, os aspectos mais sinistros de sua vida. E Verity cumpre a promessa. Ao longo dos capítulos, ela discorre sobre sua vida após conhecer e se apaixonar por Jeremy, descreve como os dois são o encaixe perfeito e como o sexo é fantástico. Aos poucos, vai se revelando mais do que uma história de amor, mas sim uma obsessão doentia. Em seu manuscrito, Verity se revela como uma mulher manipuladora, dissimulada e extremamente cruel, cujo objetivo é manter Jeremy perto de si e com as atenções voltadas somente a ela. Isso por si só já é bastante incômodo, mas a coisa piora quando o casal engravida: eu não tenho palavras pra descrever os horrores causados por Verity como resposta à gravidez indesejada. A personagem odeia as filhas (pois são gêmeas) antes mesmo delas nascerem, o que não necessariamente ameniza após a chegada das crianças. Eu não vou descrever aqui determinadas situações que Verity protagoniza porque foram capazes de me provocar náuseas, mas preciso avisá-los de que a descrição dos eventos é muito gráfica e perturbadora. Eu provavelmente nunca senti um incômodo tão grande quanto essas cenas me proporcionaram, e olha que eu adoro ler livros policiais que descrevem corpos mutilados sem pudor.
Porém, assim como Lowen, o leitor também não consegue desgrudar os olhos. Inclusive, os capítulos do manuscrito são muito mais interessantes do que os capítulos de Lowen interagindo com os Crawford e lidando com a presença (aparentemente) inofensiva de Verity. Acontece que, com o decorrer das páginas, as atrocidades cometidas por Verity não vão deixando apenas Lowen assustada: o leitor também fica angustiado, temendo pela segurança das pessoas na casa. Essa capacidade de um autor de nos deixar verdadeiramente apreensivos é algo que eu tenho em alta conta, especialmente em livros do gênero. E Colleen Hoover conseguiu provocar esse sentimento com maestria, porque não foram poucas as vezes em que eu, na vida real, senti meu coração acelerar.
Mas nem tudo são flores. Verity recai em alguns clichês do gênero para os quais eu não tenho muita tolerância e nem paciência. O principal deles é o fato de Lowen não tomar uma atitude para se proteger: sério que você tá lendo sobre a psicopatia de uma mulher que no momento divide o teto com você e ainda assim você não saiu correndo? A desculpa utilizada por Colleen Hoover também é fraca: Lowen precisava ficar na casa para terminar de pesquisar para a série de livros inacabada, ou Lowen duvidava da sua própria sanidade e por isso não conseguia decidir se Verity estava realmente em estado vegetativo ou apenas fingindo… Sério? Gente, se alguém me descreve o que Verity descreveu, eu saía correndo porta afora de calcinha e sutiã se fosse preciso.
Outro aspecto bem fraco da leitura é o romance entre Lowen e Jeremy. De certa forma, ao ler o manuscrito (recheado de cenas sexuais bem explícitas), a protagonista começa a projetar o sentimento de Verity nele. Mesmo com o momento que eles partilharam após o acidente, no início do livro, a conexão entre os personagens não me convenceu. Jeremy é perfeitinho demais, Lowen é o clichê da personagem que duvida de si mesma… Não curti nenhum dos dois e achei a relação bem artificial.
Por fim, me decepcionei também com o final. Após um desenrolar tão envolvente, eu simplesmente… esperava mais. Conduzido de forma mega corrida e com uma revelação totalmente anticlimática, parece que Colleen Hoover se perdeu na conclusão da sua história. O desfecho é ambíguo e não me agradou, parecendo uma tentativa meio forçada de encerrar a história com certa “genialidade”, pensando em chocar. A verdade é que a personagem Verity foi tão intensa que simplesmente eu esperava uma condução mais digna dela (afinal, vilões também podem ser muito bem construídos e merecem algo à altura).
Em resumo, Verity é um excelente livro com um final decepcionante, que não consegue causar a mesma sensação que o resto da obra proporciona. Com isso em mente, ainda assim recomendo a leitura, porque Colleen Hoover faz um excelente trabalho em proporcionar angústia e causar um medo real pela segurança dos personagens. É uma história de arrepiar e eu curti muito a experiência de modo geral. 😉
Título original: Verity
Autor: Colleen Hoover
Editora: Galera Record
Número de páginas: 320
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