Olá!
Gente, em primeiro lugar, gostaria de pedir desculpas pelo atraso do post. Eu viajei no feriado e não tive acesso a computador, o que me impossibilitou de dar a devida atenção ao blog. Ao mesmo tempo, eu queria muito que a atualização fosse uma resenha do filme que eu estava aguardando e que foi maravilhoso ao cumprir minhas expectativas: Divergente! Essa resenha será baseada somente no filme, já que ainda não li o livro. 🙂
Sinopse: Na futurística Chicago, quando a adolescente Beatrice completa 16 anos, ela tem que escolher entre as diferentes facções em que a cidade está dividida. Elas são cinco, e cada uma representa um valor diferente, como honestidade, generosidade, coragem e outros. Beatrice surpreende a todos e até a si mesma quando decide pela facção dos destemidos, escolhendo uma diferente da família, e tendo que abandonar o lar. Ao entrar para a Dauntless (Audácia), ela torna-se Tris e vai enfrentar uma jornada para afastar seus medos e descobrir quem é de verdade. Além disso, Tris conhece Four (Quatro), um rapaz mais experiente na facção que ela, e que consegue intrigá-la e encantá-la ao mesmo tempo.
Muitas pessoas vem me recomendando a trilogia Divergente, já que eu sou super fã de Jogos Vorazes e o clima distópico das obras é parecido. As várias resenhas positivas sobre a história ajudaram a provocar a minha curiosidade, mas – assim como aconteceu com Jogos Vorazes – acabei decidindo por esperar pelo filme. E ele é excelente!
O filme começa com uma explicação sobre o sistema adotado na futurística cidade de Chicago, após uma guerra, para estabelecer e conservar a paz. Esse sistema consiste na divisão das pessoas em facções, de acordo com suas aptidões individuais. Existem cinco facções: Abnegação, Erudição, Amizade, Franqueza e Audácia. Cada facção é responsável por certas funções dentro da sociedade, e é de fundamental importância que cada indivíduo “saiba seu lugar”, de forma a contribuir para a facção e, consequentemente, para a cidade. Aos 16 anos, os jovens passam por um teste de aptidão para verificar em qual facção se encaixam, podendo escolher entre qualquer uma das cinco (sendo o mais comum escolher a facção sugerida no teste). Beatrice Prior, a protagonista, está prestes a realizar o seu teste e se encontra num grande conflito: ela teme ter que deixar a família se escolher outra facção, mas teme mais ainda continuar na Abnegação, facção na qual ela nasceu.
Após realizar o teste, Beatrice descobre que é uma Divergente: alguém cujas aptidões se encaixam em mais de uma facção. E isso é um risco, pois o sistema não deseja ninguém que não possa ser categorizado e, consequentemente, controlado. A jovem se empenha em esconder sua condição e escolhe a facção Audácia. Lá, ela muda seu nome para Tris, faz novos amigos e conhece e se apaixona por Quatro, o seu instrutor. Além disso, ela se esforça até o limite para se encaixar nos padrões da Audácia e para se sentir pertencente àquele lugar, treinando exaustivamente para melhorar seu desempenho. A partir das experiências na Audácia, Tris passa a correr cada vez mais riscos de ser descoberta como Divergente, já que a facção Erudição tem planos de tomar o governo da Abnegação e, para isso, arquiteta diversos planos e exerce contínua observação para descobrir os Divergentes.
Não falando mais sobre o enredo (até para não estragar as surpresas de ninguém), mas abordando um pouco os personagens. Me impressionei demais com Shailene Woodley! A atriz é muito expressiva e o diretor soube usar essa característica perfeitamente, focando a câmera diversas vezes no rosto dela. Conhecemos Tris já em conflito: ela não sabe a que facção ela pertence e quem ela realmente é. A única coisa que fica clara sobre seu passado antes do teste é que ela nunca se sentiu parte da Abnegação a ponto de querer passar o resto da vida ali. A protagonista é uma jovem muito forte, decidida, determinada e solidária. Desde o primeiro momento na Audácia, ela dá sempre o seu melhor e se dedica de corpo e alma a passar nos testes que são impostos, de forma a pertencer à facção. Ela também faz uma amizade muito bacana com Christina, uma oriunda da Franqueza. Em um momento de dificuldades de Christina, Tris a incentiva para que ela não desista. Senti muita simpatia pela família de Tris também, mas a protagonista é totalmente cativante e realmente “rouba a cena”.
Quatro, o instrutor, é um personagem complexo e interessante. Inicialmente desinteressado e hostil, aos poucos passa a observar e admirar Tris e sua coragem. Quando a garota não se saía bem nos testes e nos treinamentos, ele procurava ensiná-la e até mesmo protegê-la. O romance dos dois não me pareceu forçado, pois cada um tinha características peculiares que chamavam a atenção do outro. Aos poucos, o interesse foi crescendo e, com isso, veio a atração e posteriormente o amor. Uma das melhores cenas acontece quando Quatro se propõe a ajudar Tris a “enganar” a sua mente em um teste que determina se ela realmente deve ou não ficar na Audácia: a proposta é entrar em uma alucinação com seus piores medos e vencê-los de forma destemida e característica da facção. Como Tris é uma Divergente, ela consegue escapar de seus medos percebendo que nada daquilo é real. Quatro então a leva para dentro da cabeça dele, ensinando-a como escapar de uma forma que alguém da Audácia faria. E, nesses medos, descobrimos revelações sobre o passado do rapaz e que explicam o seu nome peculiar. Entretanto, acho que o filme deixou algo sem resposta sobre ele: como ele consegue escapar do controle da Erudição? Seria Quatro um Divergente? Se for, o filme não explicitou. Ele sabe o segredo de Tris, mas em nenhum momento ele menciona ser igual a ela. Espero que isso seja explicado futuramente, porque foi algo que me inquietou.
Kate Winslet teve uma interpretação excelente no papel de Jeanine Matthews, a líder da Erudição. Fria, calculista, manipuladora e aparentemente inofensiva e diplomata, a personagem é totalmente sagaz e eficiente ao influenciar no povo uma imagem negativa sobre a Abnegação e aumentar a força da Erudição. Outros personagens também são carismáticos, como os amigos de Tris, ou como os pais da protagonista, que continuam preocupados com a filha mesmo depois que ela decide deixar a facção de origem. Porém, com exceção de um amigo de Tris (Albert) que se mostra mais complexo ao longo da trama, os outros personagens são abordados de forma mais rasa, fazendo com que o filme seja muito mais focado em Tris e Quatro. Não sei se isso é algo positivo ou negativo, mas considerando que é um filme introdutório, é compreensível.
Também gostei muito dos cenários e dos figurinos! Adorei a visão de Chicago dividida em uma zona confortável e moderna e em outra zona miserável e suja, que é o local em que vivem os sem-facção (os excluídos da sociedade). Os trajes específicos de cada facção também são incríveis, revelando aspectos importantes de cada uma. A fotografia do filme é muito bonita e o visual geral é muito caprichado, provocando uma imersão muito interessante no mundo futurista proposto, que retrata uma cidade que conseguiu se reconstruir depois de um conflito. O muro que cerca Chicago traz uma sensação claustrofóbica e opressora, já que Chicago se exclui de todas as outras cidades que não foram capazes de se reestruturar, mantendo seus habitantes “protegidos” dentro do muro. Ou seja, além do sistema de facções – que já prende os indivíduos em categorias – existe também uma barreira física que impede o seu direito de ir e vir. Entretanto, essa opressão ocorre de forma mais discreta e camuflada em Divergente, já que o argumento utilizado é o de sempre manter a paz para todos os habitantes.
Acho que a única coisa que realmente me fez pensar “wtf?” foi o desfecho do pai de Tris, que eu achei bem sem noção. No mais, eu achei o filme muito coerente, com uma história bem estruturada e interessante. É um filme longo, com aproximadamente 2h20 de duração, mas que não me deixou entediada ou cansada em nenhum momento. Quanto mais o enredo ia se revelando, mais interessada e tensa eu ficava, desejando saber o que viria a seguir. O final deixa a brecha para a sequência, mas de uma forma não tão urgente (como aconteceu com Em Chamas, por exemplo, cuja cena final faz com que o espectador necessite a continuação). Foi um final satisfatório, que concluiu muito bem o enredo e diminuiu o ritmo da narrativa de forma gradual e eficiente. Em suma, eu realmente adorei o filme! Pretendo comprar os livros assim que aparecer alguma promoção, porque fiquei muito curiosa pela continuação e também porque quero mergulhar mais fundo nesse mundo concebido por Veronica Roth. Acredito que os fãs do livro vão achar o longa muito bem produzido, e quem não teve a oportunidade de ler vai se deparar com uma história muito bem construída e com um filme totalmente cativante. Mais do que recomendado!
Título original: Divergent
Ano de lançamento: 2014
Direção: Neil Burger
Elenco: Shailene Woodley, Theo James, Kate Winslet, Zoë Kravitz, Jai Courtney, Miles Teller, Ansel Elgort