Dica de Série: What If…?

Oi pessoal, tudo bem?

Pra quem adora Marvel como eu, vim dividir minhas impressões sobre What If…?, uma série de animação interessante e muito bem feita. 😀

Sinopse: Reimagine os maiores eventos do universo Marvel e pondere as realidades que poderiam nascer.

Você já parou pra imaginar o que aconteceria se não tivesse sido o Steve Rogers a tomar o soro do Super Soldado? Ou se o Stephen Strange tivesse perdido a mulher que ama, em vez da habilidade com as mãos? E se os Vingadores fossem todos mortos? Essas são algumas das perguntas que essa série imagina e busca responder.

Com episódios curtinhos, entre 20 minutos e meia hora, What If…? dá um gostinho que leitores de HQ provavelmente já experimentaram em algum ponto: presenciar uma história já conhecida sendo totalmente repaginada, em um universo diferente, de forma diferente. E isso é muito legal porque a antologia provoca a nossa imaginação para a ideia do Multiverso.

Aliás, foi aqui que me deparei pela primeira vez com o Multiverso sendo algo de extrema relevância para a próxima fase do MCU. Não vou contar nenhum detalhe, mas é em What If…? que temos o primeiro vislumbre de um Stephen Strange diferente que, pelo menos ao que os trailers indicam, será introduzido também nos cinemas graças a Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. Além disso, o conceito de Multiverso também já apareceu na série do Loki e no filme mais recente do Homem-Aranha. Pra quem assistiu What If…?, isso já vinha sendo pavimentado muito bem.

Nem todos os episódios são legais, confesso (no episódio do Thor eu dormi rs). Mas os que são compensam! Além disso, a animação é super bonita e tem um traço bastante único, do qual gostei bastante. São apenas 9 episódios e já houve a confirmação de que teremos uma segunda temporada, agora basta aguardar se ela terá relação com os eventos que se aproximam no MCU.

Resumindo, What If…? é uma série bem produzida, com eventos interessantes e peculiares e também traz um gostinho desse tema tão importante que é o Multiverso. Pra quem gosta da Marvel, vale muito a pena dar o play e se perguntar também o que aconteceria se. Recomendo! 😉

P.S.: um outro motivo muito especial para assistir What If…? é a chance de ouvir pela última vez uma produção inédita com Chadwick Boseman, que dublou nosso querido T’Challa. Wakanda Forever! 🥺💔

Título original: What If…?
Ano de lançamento: 2021
Direção: Bryan Andrews
Elenco: Jeffrey Wright, Samuel L. Jackson, Chadwick Boseman, Hayley Atwell, Mick Wingert, Lake Bell, Jeremy Renner, Benedict Cumberbatch, Josh Keaton, Danai Gurira, Tom Hiddleston, Michael B. Jordan, Karen Gillan, Chris Hemsworth, Sebastian Stan

Dica de Série: Um de Nós Está Mentindo

Oi pessoal, tudo bem?

Já faz um tempo que tramas adolescentes e eu não damos match, mas como eu já quis ler Um de Nós Está Mentindo no passado (e não li), resolvi conhecer a trama por meio da sua adaptação, que estreou recentemente na Netflix. 😉

Sinopse: A detenção reúne cinco estudantes extremamente diferentes. Mas um assassinato e muitos segredos vão manter esse grupo unido até que o mistério seja desvendado.

Cinco alunos são colocados em detenção juntos. Somente quatro saem vivos. Esse é o plot da série, cujo objetivo é fazer o espectador duvidar da inocência dos envolvidos enquanto revela os segredos deles aos poucos. O aluno que morre é Simon, um adolescente que publicava os podres dos colegas em um app chamado About That. Os alunos que restam da detenção são Bronwyn (uma aluna exemplar), Nate (um rapaz problemático que vende drogas), Cooper (um atleta promissor) e Addy (a típica garota loira popular). A morte de Simon acontece na detenção quando a professora se ausenta pra impedir um trote, e o rapaz tem uma reação alérgica. O problema é que não há adrenalina nem na sua bolsa, nem na enfermaria da escola, e é a partir disso que a polícia começa a trabalhar com a hipótese de assassinato. Os suspeitos? Quem estava na detenção, é claro. E enquanto desconfiam uns dos outros, o Clube dos Assassinos (como passam a ser chamados) também precisa contar com o apoio mútuo para irem até o fundo dessa história e descobrirem quem está por trás de tudo.

Eu adoro histórias de investigação, então foi mais fácil pra mim relevar os clichês adolescentes devido a esse atenuante. Um de Nós Está Mentindo tem bons ganchos no final de cada episódio – ou bons o suficiente para me manter interessada, ainda que existam vários probleminhas de roteiro. Além disso, é difícil pra mim assistir atores de 30 anos na cara interpretando jovens de 17, especialmente quando eles têm menos expressão facial do que a Bella em Crepúsculo (Bronwyn, estou falando de você). 😂

O Clube dos Assassinos é composto por estereótipos muito óbvios. Mas, com o passar dos episódios, os adolescentes vão mostrando um pouco mais de profundidade, o que ajuda a criar simpatia. Cooper, por exemplo, é um atleta popular que sofre com um segredo que o impede de ser verdadeiramente honesto consigo mesmo. Addy é uma garota que todos enxergam como “a loira bonitinha”, resumindo-a a isso. Além disso, toda a sua vida gira em torno do namorado rico, Jake, com quem ela já traçou todos os seus planos. Quando a confusão em torno de Simon acontece, ela se vê sem o namorado e acaba passando por transformações que a tornaram minha personagem favorita. Nate é carismático, e tem uma família desestruturada. Ele vende drogas pra sobreviver e perdeu a fé em si mesmo, mas aos poucos a aproximação com Bronwyn o instiga a enxergar seu próprio valor para além de seus atos criminosos. Por último temos a inteligente Bronwyn, a personagem mais sem sal que eu vi em muito tempo. A atriz (que aparenta a idade que tem, o que torna ainda mais esquisito interpretar uma aluna de ensino médio) mantém sempre a mesma expressão seja para transmitir ansiedade, confusão, tristeza, raiva, emoção, alegria – e o mesmo tom de voz também. A química entre ela e Nate não funciona e o relacionamento simplesmente não cola.

Os episódios finais foram meus favoritos em termos de ritmo: eles colocam mais tensão à trama e uma ameaça mais real também. Fiquei curiosa pra descobrir quem era a pessoa responsável pela morte de Simon, e em nenhum momento desconfiei da verdade, o que considero positivo. Entretanto, o motivo pelo qual as coisas aconteceram do modo como aconteceram foi esdrúxulo. Dadas as características de Simon apresentadas pela série, não faz o menor sentido que tudo tivesse transcorrido daquele modo. Se você já assistiu, selecione a frase a seguir: Simon era inteligente e não precisava da aprovação dos outros, por que raios ele arriscaria a própria vida por causa de um desafio de um cara que FOI seu amigo, mas que há tempos não é mais? Ridículo.

Um de Nós Está Mentindo está longe de ser uma obra-prima e tem vários clichês tosquinhos de séries adolescentes. Mas, se você der o play com o intuito de se entreter sem grandes reflexões, a série cumpre bem esse papel. O Clube dos Assassinos (com exceção de Bronwyn) é carismático e me fez querer acompanhar sua missão de descobrir a verdade, bem como torcer para que limpassem seus nomes. Recomendo como entretenimento passageiro e com todas as ressalvas ditas ao longo do post. 😉

Título original: One of Us is Lying
Ano de lançamento: 2022
Criação: Erica Saleh
Elenco:  Annalisa Cochrane, Chibuikem Uche, Marianly Tejada, Cooper van Grootel, Barrett Carnahan, Jessica McLeod, Mark McKenna, Melissa Collazo

Dica de Série: Gavião Arqueiro

Oi galera, tudo bem?

Sabe quando você não dá nada por uma série e ela te surpreende e te diverte? Foi o que aconteceu comigo e Gavião Arqueiro (ou Hawkeye).

Sinopse: Kate Bishop, uma arqueira habilidosa cujo excesso de confiança pode afetar suas decisões, cai no meio de uma conspiração criminosa. Enquanto isso, a tão aguardada viagem de Natal de Clint Barton com os filhos para a cidade de Nova York é interrompida quando uma parte dolorosa do seu passado ressurge. É uma questão de tempo até os caminhos dos dois se cruzarem, tirando o Gavião Arqueiro da aposentadoria.

Um dos aspectos mais bacanas de Gavião Arqueiro é que ela traz de volta uma pegada menos ambiciosa em termos de desafios e antagonistas. Afinal, nem toda trama da Marvel pode envolver titãs e alienígenas superpoderosos, né? O que é bom, se não vira Dragon Ball, como diria meu namorado. 😂

Gavião Arqueiro apresenta novos personagens e traz de volta rostinhos novos que já ganharam nosso coração. A primeira dessas novas personagens é Kate Bishop: na infância, ela presenciou o ataque a Nova York por parte de Loki e os Chitauri, e a pessoa que ela viu lutando contra eles era Clint Barton. A visão de uma pessoa comum, sem poderes especiais, que apenas armado de arco e flecha era capaz de enfrentar aquelas ameaças terríveis, fez com que Kate sonhasse em se tornar uma heroína também. E a série tem uma forma muito legal de mostrar a trajetória da personagem de forma que justifique suas habilidades: já na abertura fica claro que, desde muito novinha, Kate treinou as mais diversas técnicas, indo da arquearia às artes marciais e ginástica olímpica. Com isso, não se torna nada forçada a capacidade dela de lutar, e os diversos troféus e medalhas dela evidenciam isso.

Kate é uma personagem impulsiva e imatura, ainda que não seja tãaao novinha assim (se não me falha a memória, ela tem 22 anos). Ela começa a investigar o noivo de sua mãe, que ela acredita estar envolvido com leilões ilegais, e acaba se metendo em uma confusão tremenda ao usar o traje do Ronin (que estava sendo leiloado). Pra quem não lembra, Ronin foi a identidade de Clint Barton ao longo dos 5 anos de Blip, e ele era implacável ao matar seus inimigos. Ao usar o uniforme dele, Kate ganha a atenção da Gangue do Agasalho, e nessa confusão ela conhece Clint Barton, que vê o “retorno de Ronin” sendo anunciado na TV e resolve intervir. A relação deles começa a partir daí, com um Clint que deseja resolver a situação logo e ir pra casa e uma Kate que está de frente para seu ídolo e quer ajudá-lo em tudo que puder.

A Gangue do Agasalho (nome ridículo, né? Os personagens fazem graça com isso 😂) é bem cômica, de forma geral. Os bandidos são praticamente uma piada e há diálogos que são feitos para não serem levados a sério. Mas há um personagem bem interessante que reaparece no final da série, sobre o qual não vou falar, que eu queria que tivesse mais tempo de MCU. E é na Gangue do Agasalho que também surge uma possível antagonista recorrente, ou futura anti-heroína, não sei: Maya, uma exímia lutadora que também traz representatividade étnica e PCD (pois é surda e usa uma prótese na perna).

É muito bacana ver a relação de Clint e Kate se desenvolver. Eu nunca fui muito fã dele (e nem do ator, pra ser sincera, já vi falas bem babaquinhas dele), mas ele consegue ter o carisma necessário pra funcionar em sua minissérie. Mas é ela quem brilha, isso é inegável: Kate tem um grande coração, um entusiasmo contagiante e uma personalidade que cativa. Ela faz muita burrada devido à inexperiência, mas aos poucos ela vai conquistando a confiança de Clint, que tenta evitar uma parceria com ela a todo custo por saber que a vida de herói envolve muitas perdas. E, já que falei em perda, é necessário ressaltar a presença (ou melhor, a ausência) de Natasha ao longo de toda a série. Gavião Arqueiro faz questão de deixar clara a falta que a personagem faz pra Clint e como existe uma melancolia permanente em torno de seu nome. Quando Yelena (está nos pôsteres e materiais de divulgação, não é spoiler) surge em busca de vingança pela irmã, a ausência de Nat é ainda mais sentida. Gostei muito dessa honraria à personagem, que teve tão pouco reconhecimento por parte do MCU de 2008 pra cá.

Gavião Arqueiro foi uma grata surpresa, trazendo cenas de ação dinâmicas e divertidas e mostrando o lado mais “comum” da vida de super-herói. Nem todo desafio vai ser colossal, e isso não quer dizer que as histórias não sejam boas e envolventes, né? Demolidor que o diga (sdds). Além disso, passa uma vibe de passagem de bastão, semelhante ao que vimos no filme solo da Viúva Negra, e isso me deixa empolgada pelo que está por vir no MCU. Se você busca uma série que entretém em poucos (mas suficientes) episódios, Gavião Arqueiro é uma ótima pedida. 😉

P.S.: tem um membro do elenco que merece uma menção honrosa: a fofura do Lucky (Sortudo), o cachorro resgatado pela Kate. ❤ Muito amor!

Título original: Hawkeye
Ano de lançamento: 2021
Criação: Jonathan Igla
Elenco: Jeremy Renner, Hailee Steinfeld, Vera Farmiga, Tony Dalton, Fra Fee, Alaqua Cox, Linda Cardellini, Florence Pugh

Dica de Série: Only Murders in the Building

Oi pessoal, tudo bem?

Cheguei com uma dica de série instigante e divertidíssima. Anotem aí: Only Murders in the Building!

Sinopse: Only Murders in the Building conta a história de três estranhos que compartilham uma obsessão pelo gênero true crime e que, de repente, se veem envolvidos em um crime na vida real. Quando uma morte horrível ocorre dentro de seu exclusivo prédio de apartamentos no Upper West Side, o trio – formado por Mabel (Selena Gomez), Charles (Steve Martin) e Oliver (Martin Short) – começa a suspeitar de assassinato e usa seu conhecimento de true crime para investigar o caso. Mas não demora para que o trio perceba que um assassino pode estar vivendo entre eles e que, portanto, estão em perigo. Agora, eles vão ter de correr para decifrar as pistas e descobrir a verdade – antes que seja tarde demais.

O que dois idosos e uma jovem na casa dos 20 e poucos anos têm em comum? Uma paixão por podcasts de true crime. Charles é um ator aposentado, Oliver é um antigo diretor de musicais e Mabel é uma artista que se aproximam de forma inusitada: quando um de seus vizinhos (Tim Kono) é encontrado morto, o interesse em comum dos três por investigações faz com que eles queiram tirar a limpo se a causa da morte realmente foi suicídio, como a polícia acredita. Os três notam pequenos indícios de que a história é um pouco mais complicada do que isso, e quando eles percebem já estão iniciando o projeto Only Murders in the Building, um podcast que promete desvendar a verdade sobre Tim Kono.

Only Murders conseguiu a proeza de unir em uma mesma história dois estilos de série que eu adoro: comédia e investigação criminal. E, acreditem, funciona bem demais! A parte humorística da trama fica por conta do contraste entre a personalidade do trio principal: Mabel é cínica e objetiva, Charles é um tantinho rabugento, e Oliver é efusivo e desorganizado. Porém, conforme adentram os segredos da vida de Tim Kono (e não apenas dele, mas de outro nome importante nessa dinâmica), os laços de amizade vão se estreitando para além do podcast. Este, por sinal, é o cerne da parte investigativa de Only Murders: os personagens principais partem para interrogatórios e buscas por pistas que vão revelando mais do que as circunstâncias da morte do vizinho – como também o fato de que existe um possível assassino no prédio.

Eu gostei muito da química entre os personagens principais. Mabel é uma jovem que esconde seus próprios segredos e traumas, e tem uma dificuldade enorme em deixar as pessoas se aproximarem dela. Com o tempo, porém, ela se dá conta de que está enxergando seus novos companheiros como amigos – algo que há muito ela não fazia. É engraçado demais ver a interação dela com os dois, porque ela ensina algumas modernidades que geram cenas cômicas (como por exemplo dizer ao Charles que ele não precisa assinar seu nome ao enviar uma mensagem instantânea). Oliver é a alma da festa, aquele cara otimista e visionário que coloca toda a sua energia em seus projetos. Porém, ele é também bastante irresponsável, justamente por faltar um pé no chão em relação a esse assunto. Charles vem para balancear esse lado de Oliver, sendo um homem mais contido e que pensa antes de agir (talvez até demais). Ele vive à sombra de seu passado como um ator de sucesso e de um relacionamento que ruiu, então suas novas amizades dão um novo propósito ao seu dia a dia.

A trama é super bem costuradinha e dá vontade de assistir um episódio atrás do outro, porque a duração de cada um não é muito longa. Only Murders começa com uma cena bem chocante e depois há um salto temporal para algumas semanas anteriores a essa cena, o que é um recurso um pouco batido, mas eficaz, para manter o espectador interessado em saber qual será o desenrolar dos fatos que culminará naquilo que foi exposto. Há um gancho imperdível para uma segunda temporada, que felizmente já foi confirmada!

É engraçado como dar um play despretensioso, bem sem expectativas mesmo, pode nos surpreender, né? Fui conferir o título nesse mood e no fim me diverti demais assistindo a Only Murders in the Building, Me apeguei aos personagens, gostei do ritmo da trama e das reviravoltas finais, e não vejo a hora de conferir a segunda temporada. Série recomendadíssima! 😀

Título original: Only Murders in the Building
Ano de lançamento: 2021
Criação: John Hoffman, Steve Martin
Elenco: Steve Martin, Martin Short, Selena Gomez, Aaron Dominguez, Amy Ryan, Julian Cihi, Nathan Lane

Review: Harry Potter: De Volta a Hogwarts

Oi pessoal, tudo bem?

Dia 1º de janeiro foi muito marcante para os potterheads: o especial de 20 anos da estreia de Harry Potter e a Pedra Filosofal, Harry Potter: De Volta a Hogwarts, estreou na HBO Max. ❤ A reunião contou com nomes importantes do elenco e revisitou toda a trajetória dos filmes da franquia de um dos bruxos mais amados da literatura e do cinema, então imaginem minha emoção ao conferir esse documentário. ❤

Sinopse: O tempo passou, e a saga do menino que viveu para enfrentar Lord Voldemort completou 20 anos! E pra comemorar em grande estilo, nada melhor do que reunir todo o elenco. Participe desse reencontro mágico, e reviva a história que marcou toda uma geração.

A HBO tem feito um ótimo trabalho em mexer com o coração de uma fangirl como eu, hein? Primeiro tivemos a reunião de Friends, que foi maravilhosa, e agora fomos presenteados com um especial delicado e bem produzido de Harry Potter. As cenas iniciais do documentário são responsáveis por nos ambientar a esse retorno, mostrando nomes como Emma Watson (Hermione), Robbie Coltrane (Hogwarts) e Matthew Lewis (Neville) recebendo cartas de Hogwarts que os convidam a voltar para celebrar o 20º aniversário do início da saga. Acompanhamos Emma chegando à estação 9 3/4 e reencontrando colegas de elenco como Bonnie Wright (Gina) e Evanna Lynch (Luna) no icônico Expresso de Hogwarts. Ao chegarem à escola, os atores (e os espectadores) são recebidos com cenários deslumbrantes e um baile incrível no Salão Principal, capaz de encher os olhos e nos deixar de queixo caído. Rupert Grint (Rony) também se junta ao time e, pra fechar com chave de ouro, vemos Dan Radcliffe (Harry) caminhando pelo Beco Diagonal – local tão importante pra sua história, o primeiro contato de Harry com o mundo bruxo.

De Volta a Hogwarts se divide em “capítulos” organizados por pares de filmes. Começamos com A Pedra Filosofal e A Câmara Secreta, depois evoluímos para O Prisioneiro de Azkaban e O Cálice de Fogo, e assim por diante. Cada um desses capítulos conta com entrevistas e relatos não apenas do elenco, mas também da produção. Chris Columbus, o primeiro diretor da saga, tem bastante espaço para dividir a experiência de como foi dar o tom inicial dos filmes, algo tão importante para criar as bases fundamentais para o que viria posteriormente. É muito legal ouvir dos diretores e da produção curiosidades de bastidores, como por exemplo o fato de que Richard Harris (o primeiro Dumbledore) ter achado que Fawkes era um animal real bem treinado, quando na verdade era um animatrônico. 😂 Ou, ainda, descobrir que a Helena Bonham Carter guarda um autógrafo do Dan de quando ele era mais novo, em que ele dizia querer que eles tivessem uma idade parecida pra que ele pudesse ter uma chance com ela HAHAHAHA!

Outro aspecto muito bacana foi perceber como diferentes momentos da vida do elenco pediam por conduções diferentes. Enquanto Chris Columbus precisava lidar com crianças (o que pede mais leveza e sensibilidade pra conduzir a direção), Alfonso Cuarón foi o primeiro diretor a trabalhar com jovens atores, já no período da adolescência. Conforme o elenco dos alunos crescia, novos desafios iam acontecendo, como a chegada dos hormônios e as crises de identidade geradas pela idade. A própria Emma relata que, em determinado ponto da franquia, chegou a pensar em desistir – tamanha a pressão da fama. Pra nós, fãs, é fácil esquecer que aqueles rostos que nos acompanharam enquanto crescíamos também estavam vivendo a mesma experiência (e os mesmos dilemas), então adorei ter a perspectiva dos atores sobre como foi crescer e viver os momentos mais marcantes do início da vida sendo parte de Harry Potter. Algumas das minhas partes favoritas são as cenas em que o trio principal conversa sobre esses momentos e rememora o tempo juntos – ainda que, confesso, pessoalmente eu sinta algum tipo de “distância” entre a Emma, o Rupert e o Dan. 👀

A emoção correu solta em diversos momentos, e ao mesmo tempo em que me provocou muitas risadas, o especial me levou às lágrimas mais de uma vez. Parte do documentário se dedicou a homenagear os membros do elenco e da produção que faleceram, e a falta que essas pessoas fizeram foi sentida. Alan Rickman (Snape) é o nome que provavelmente tem o maior peso nessa questão: além de ser um ator fantástico, ele também era querido por todos e muito generoso. Helen McCrory (Narcisa) também foi mencionada com destaque, e ambos foram pessoas que partiram muito cedo.

Harry Potter: De Volta a Hogwarts é um belo presente a quem cresceu com Harry Potter e às novas gerações que estão se encantando com a saga agora. Ele me lembrou as revistas que eu colecionava na adolescência, que eram lançadas próximo das estreias dos filmes e traziam várias entrevistas e informações de bastidores. 🥰 Essa sensação foi muito nostálgica e aproveitei cada segundo. Harry Potter sempre vai fazer parte da minha vida e voltar a esse universo tem um gostinho mágico que nunca vai embora. ❤

Título original: Harry Potter 20th Anniversary: Return to Hogwarts
Ano de lançamento: 2022
Direção: Casey Patterson
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Ralph Fiennes, Gary Oldman, Helena Bonham Carter, Tom Felton, Jason Isaacs, Bonnie Wright, Evanna Lynch, Matthew Lewis, Robbie Coltrane

Dica de Série: Arcane

Oi pessoal, tudo bem?

Começo esse post desejando um feliz Ano Novo a todos, cheio de esperanças renovadas, muita saúde e #ForaBolsonaro. ❤ Espero que tenham passado uma boa virada ao lado de quem vocês amam!

Pra começar 2022, ainda que o timing esteja um pouco atrasado, gostaria de compartilhar uma dica imperdível da Netflix: Arcane, uma série de animação impecável que, por sinal, é baseada nos personagens de League of Legends. E por que digo isso de forma tão casual? Pra não te assustar caso você não goste do jogo: a série não depende nadinha de conhecimentos acerca dele e você não precisa ser gamer pra gostar. 😉 Bora lá?

Sinopse: Em meio ao conflito entre as cidades-gêmeas de Piltover e Zaun, duas irmãs lutam em lados opostos de uma guerra entre tecnologias mágicas e convicções incompatíveis.

A trama de Arcane é focada na rica Piltover, conhecida como a Cidade do Progresso, e sua antítese, a Subferia – uma parte subterrânea da cidade deixada à própria sorte pelos governantes de Piltover. Em ambas as cidades, existem tramas que vão se desenvolvendo paralelamente até se encontrarem e darem início a combates cada vez mais ferrenhos entre elas. Em Piltover, acompanhamos principalmente uma dupla de cientistas (Jayce e Viktor) tentando provar que é seguro usar magia atrelada à tecnologia, no que eles chamam de Hextec. Seu mentor, Heimerdinger, é o principal oponente dessa ideia, porque sabe dos perigos de colocar algo com potencial tão destrutivo nas mãos humanas. Enquanto isso, na Subferia, acompanhamos a ascensão de Silco, um homem determinado a conquistar independência para a região, transformando-a numa própria cidade chamada Zaun. É nesse contexto que conhecemos as duas protagonistas mais marcantes de Arcane: Vi e Powder (ou Jinx).

As duas são irmãs cujos pais morreram numa batalha entre a Subferia e Piltover, mas foram acolhidas pelo gentil Vander, que “comanda” a Subferia com temperança. Quando Silco ascende na região, uma sequência de eventos afasta Vi de Powder, o que dá a Silco a oportunidade de usar o trauma da mais nova (que a leva à beira da insanidade) para transformá-la em Jinx. A partir dessa ruptura, Vi sofre diariamente pelo arrependimento de ter brigado com a irmã, querendo tê-la de volta, enquanto Jinx se vincula de forma intensa a Silco, encontrando um pai substituto nele. Existe uma passagem de tempo entre o início da série, em que as duas são crianças, para a metade final, em que já são adultas, e a transição de Arcane é muito bem feita para que o espectador entenda como elas chegaram onde chegaram. Minha única exceção, e é um ponto de que não gostei, foi a mudança abrupta de Powder para Jinx, que subitamente aceitou como seu mentor o homem que destruiu sua família e seus amigos – mesmo que ela seja desequilibrada mentalmente, me soou forçado, já que nos primeiros episódios ela não demonstra ser alguém desequilibrada a esse ponto. Sim, dá pra ver que ela tem problemas, mas aceitar Silco como seu novo “pai”? Depois de tudo que ele fez? Pra mim, não rolou.

Vale pontuar também que Arcane é uma série visualmente impecável. O traço é maravilhoso e as cores me lembram pintura a óleo, com pinceladas marcadas e uma singularidade que confere muita personalidade à obra. As cenas de luta são bem coreografadas e a animação é fluida, o que torna cada episódio muito bom de assistir. É muito bacana ver as discrepâncias entre Piltover e a Subferia: enquanto a primeira é brilhante, cheia de tons claros, com pessoas bem vestidas e cenários deslumbrantes, a segunda é marcada por tons de preto, roxo e cinza, com muita escuridão, sujeira e contraste. A “fotografia” (entre aspas porque né, é uma animação) dá o tom certo pra ficarem nítidas as desigualdades entre os dois locais.

O plot de Piltover foi o que menos me agradou. Jayce é um personagem muito do chatinho, bem sapatênis mesmo, e a sua luta para fazer a tecnologia Hextec acontecer simplesmente não dialogou comigo. Há em seu plot algumas maquinações políticas que até produzem alguma reviravolta, mas eu fiquei muito mais intrigada pela trama de seu melhor amigo, Viktor. Tão brilhante quanto Jayce, Viktor tem o azar de estar com os dias contados devido a uma doença, e coloca suas esperanças na tecnologia Hextec. Como eu já joguei League of Legends, sei que ele é um personagem jogável bem diferente, então fiquei muito curiosa pra ver como seria seu desenrolar.

Gostei muito da trama da Vi e da Jinx, ainda que eu já tenha dito ali em cima o que não gostei na transformação da segunda. Mas, na busca da irmã mais velha por resgatar a mais nova, vale comentar sobre outra personagem: Caitlyn, uma jovem policial de Piltover que deseja resolver um caso envolvendo a Subferia e acaba se tornando aliada de Vi. As duas têm uma química fortíssima e pra mim já são o shipp do momento. ❤ Cait é uma jovem muito responsável, corajosa e determinada, e traz um pouco de prudência à personalidade explosiva e impulsiva de Vi.

Arcane é uma série tecnicamente impecável e com um roteiro que te prende do início ao fim. Tanto pra quem gosta quanto pra quem não gosta de League of Legends, digo sem sombra de dúvidas que é um play muito bem dado na Netflix. E eu duvido que você não fique com a música de abertura na cabeça (de autoria do Imagine Dragons) por alguns dias depois de começar a assistir. 😛

Título original: Arcane
Ano de lançamento: 2021
Criação: Christian Linke, Alex Yee
Elenco: Hailee Steinfeld, Ella Purnell, Kevin Alejandro, Jason Spisak, Harry Lloyd, Katie Leung

Dica de Série: O Homem das Castanhas

Oi galera, tudo bem?

Eu tava devendo pra vocês a dica de hoje há um tempinho, mas cá estou pra me redimir e contar o que achei de O Homem das Castanhas, série policial da Netflix que adapta o romance As Sombras de Outubro (já resenhado aqui no blog).

Sinopse: Um boneco feito com castanhas é encontrado na cena de um crime e leva dois detetives a caçar um assassino ligado ao desaparecimento de uma criança.

A trama da série segue de forma muito fidedigna a do livro: acompanhamos uma dupla de policiais, Thulin e Hess, correndo contra o tempo para capturar um assassino que logo se torna conhecido como Sr. Castanha. Seus crimes são brutais e não deixam rastros, sendo a única pista possível um bonequinho de castanha deixado no lugar do assassinato. Acontece que nesse bonequinho é identificada a digital da filha da Ministra do Bem-Estar Social, que foi dada como desaparecida e morta no ano anterior.

Eu já esperava que a série fosse adaptar com fidelidade o livro, já que ele foi escrito por um roteirista – ou seja, as cenas já eram muito bem pensadas pra televisão. Søren Sveistrup se envolveu na produção e no roteiro de O Homem das Castanhas, então todo o clima aflitivo do livro acontece, com a vantagem de que a série melhora alguns aspectos que eu não havia curtido tanto na obra original (enquanto mantém outros rs).

A maior diferença positiva está nos protagonistas. Se no livro eu não “comprei” a parceria entre Hess e Thulin, aqui ela se desenvolve de forma mais orgânica. A própria Thulin é uma personagem da qual não gosto nas páginas, mas que conseguiu me cativar na tela. Diferente de sua contraparte literária, temos uma detetive mais empática e menos rabugenta, ainda que continue badass e competente. Ela se envolve mais nas deduções importantes e se torna um elemento que faz a diferença na investigação. Hess, por outro lado, é como imaginei e gostei bastante de vê-lo personificado. A única diferença que não caiu tão bem são seus estouros de raiva, que no livro não acontecem e achei meio fora do personagem. Mas nem só de elogios vivemos: quem leu a resenha talvez se lembre que reclamei dos personagens tomando atitudes burras (tipo entrar sozinho num lugar escuro). Pois é, elas acontecem, e sim, ainda irritam rs.

A ambientação e a trilha sonora da série são excelentes pra criar o clima sombrio que o thriller pede. As paisagens geladas e inóspitas do cenário nórdico casam perfeitamente com a tensão que os personagens experienciam, onde não há espaço para um minuto de paz porque a polícia está sempre muito atrás dos passos do assassino. Cada episódio traz cada vez mais desafios aos detetives, a investigação vai ficando cada vez mais complexa, e isso faz com que seja muito fácil dar o play e maratonar. A única ressalva é que, na adaptação televisiva, achei mais fácil adivinhar quem é a pessoa por trás dos crimes.

Outro aspecto muito bacana em O Homem das Castanhas é que a série coloca um enfoque maior em problematizar/evidenciar a diferença na cobrança de homens e mulheres nos seus papéis como pais. Thulin, por exemplo, é uma mãe bastante ausente por conta do trabalho, e no livro isso é pouco trabalhado. Na série, porém, não somente a mágoa de sua filha é abordada como também Thulin é criticada em determinado momento por conta dessa ausência. Acontece que a detetive não deixa por menos, se posicionando como alguém que não é uma mãe pior apenas porque precisa trabalhar. Sim, a ausência dela é um problema, mas ela está fazendo tudo que está ao seu alcance para encerrar o caso, trocar de departamento e ficar mais perto da filha. A frase seguinte pode ser um spoiler, mas é importante pra esse debate, então pule se não quiser ler: por que o assassino foca seus esforços nas mães que ele julga negligentes em vez de nos pais, que muitas vezes são as pessoas que realmente machucam e prejudicam os filhos? Confesso pra vocês que fico até um pouco incomodada de sempre ver mulheres sendo vítimas desses atos de violência brutais em tramas envolvendo serial killers, porque realmente me dói pensar no sofrimento dessas mulheres.

Resumindo, galera, eu curti muito O Homem das Castanhas e achei que a adaptação fez um trabalho excelente ao trazer a história das páginas para a tela. Se você gosta de romances policiais instigantes e cheios de tensão, essa minissérie é uma ótima pedida pra você. E, assim como no livro, apesar da trama terminar bem fechadinha, há potencial para expandir para uma nova temporada se a Netflix quiser. Quem sabe? 😉

Título original: The Chestnut Man
Ano de lançamento: 2021
Criação: Søren Sveistrup, Dorte W. Høgh, David Sandreuter, Mikkel Serup
Elenco: Danica Curcic, Mikkel Boe Følsgaard, Iben Dorner, David Dencik, Esben Dalgaard Andersen

Dica de Série: Superstore

Oi pessoal, tudo bem?

Hoje tem uma indicação de série de comédia super gostosinha que vi no Amazon Prime Video, mas que também chegou recentemente à Netflix: Superstore.

Sinopse: Em um hipermercado de Saint Louis, um grupo de funcionários com personalidades únicas lida com os clientes, as tarefas cotidianas e uns com os outros.

Superstore é uma série de 6 temporadas com episódios de 20 minutinhos, ou seja, perfeita pra maratonar. A trama acompanha o dia a dia dos vendedores de uma loja de departamentos, a Cloud Nine, bem como as bizarrices que acontecem em supermercados (normalmente apresentadas em cenas de transição muito engraçadas). O foco principal está em Jonah e Amy: ele consegue um emprego no episódio piloto e já começa com o pé esquerdo ao agir de forma meio condescendente com Amy – que, até então, ele não sabe que é sua supervisora. Porém, logo fica claro que na verdade Jonah é um sonhador otimista, enquanto Amy tem uma visão cética sobre a vida devido a muitos desafios que ela precisou vencer sendo uma mulher latina que engravidou no fim do Ensino Médio. Com o tempo, porém, Jonah vai mostrando que um momento de beleza extraordinário (ou “a moment of beauty”) pode acontecer na vida deles também.

Apesar de Jonah e Amy serem os personagens principais, Superstore está longe de depender dos dois pra funcionar. A série conta com personagens ótimos e muito engraçados, cada um à sua maneira. Dina é a assistente do gerente e é tão correta e rígida que chega a ser um meme ambulante (o desenvolvimento dela é um dos melhores da série, porque ela começa sendo uma general chata e, com o tempo, vai se tornando só meio peculiar de um jeito engraçado), Garrett é o cara que é a definição da lei do menor esforço, Glenn é o gerente inocente e sem noção, Sandra é uma das melhores coadjuvantes de todos os tempos, entre outros.

Em determinado momento, Superstore também flerta com assuntos importantes, como a sindicalização dos profissionais e as injustiças da imigração americana. Contudo, a série deixa a desejar na condução de ambos os assuntos, que tomam um grande espaço de umas duas temporadas e, depois, acabam sendo deixados de lado. Porém, como contraparte positiva, a última temporada de Superstore se passa durante a pandemia, então os episódios conseguem deixar claro o quão vulneráveis os profissionais ficaram e o quanto as grandes corporações não ligam (ou ligam o mínimo) pras suas vidas. As pessoas que precisaram seguir trabalhando em supermercados, farmácias, postos de gasolina e afins também fizeram parte da linha de frente, e é importante que a gente não esqueça do valor dessas profissões. Além disso, Superstore também problematiza estereótipos – principalmente na figura de personagens como Amy e Mateo, que representam grupos minoritários como os latinos e os imigrantes. Para exemplificar, há um episódio em que pedem pra Amy vender um molho de pimenta inspirado nas receitas mexicanas, sendo que ela tem descendência hondurenha.

Admito que a série não me fisgou de cara na primeira temporada, mas da segunda em diante Superstore se tornou uma das minhas queridinhas. A série é equilibrada, tem um senso de humor cativante e me fez rir em diversos momentos. Pra coroar, ela já está terminada e o final é perfeito! ❤ Recomendo muito e torço pra que vocês gostem tanto quanto eu!

Título original: Superstore
Ano de lançamento: 2015
Criação: Justin Spitzer
Elenco: America Ferrera, Ben Feldman, Lauren Ash, Colton Dunn, Nico Santos, Mark McKinney, Nichole Sakura, Kaliko Kauahi

Dica de Série: Nove Desconhecidos

Oi pessoal, tudo bem?

Terminei de assistir à minissérie Nove Desconhecidos, que adapta o livro de mesmo nome que resenhei um tempinho atrás. Bora pro review e pro comparativo com o livro?

Sinopse: Nove pessoas problemáticas se hospedam em um sofisticado retiro de bem-estar que promete uma transformação total. Lá, os hóspedes se entregam a um tratamento radical que ameaça levar esse instável grupo ao limite de suas emoções e medos.

O plot básico da série é o mesmo que o da obra original: nove pessoas contratam um pacote no spa Tranquillum House em busca de descanso para o corpo e para a mente por motivos diversos. Lá, eles encontram cenários paradisíacos, consultores de bem-estar bonitos e de voz tranquila e a diretora do lugar: Masha, uma russa magnética e enigmática. Logo fica claro que ela utiliza abordagens pouco ortodoxas e que o spa não é somente um espaço para o relaxamento, mas sim para terapias que podem levar cada um dos presentes ao extremo.

É nítido que a minissérie traz mais elementos de suspense para a trama do que o livro. Não demora para que o espectador comece a ficar desconfortável com algumas medidas adotadas na Tranquillum House, como o fato de fazerem exames de sangue diários nos hóspedes, por exemplo. Existem tensões entre os hóspedes, alguns rompantes de raiva e outras situações que nos levam a questionar se aquele é um ambiente totalmente seguro. Quando Masha começa a receber vídeos dela na propriedade (como se fosse de um stalker), o clima de mistério – e perigo – se acentua.

Diferente do que ocorre no livro, a série revela um de seus principais mistérios logo de início: a metodologia do tratamento de Masha. A partir daí, vemos os personagens “entrando na onda” e aceitando os tratamentos de forma voluntária. Essa é uma das principais diferenças em relação à obra original, e acho que é uma bem importante; particularmente, senti falta da revolta dos personagens com o que acontece em Tranquillum House. Eles não só aceitam aquilo que lhes é oferecido como entram de cabeça nas propostas arriscadas de Masha, sem medo das consequências.

Enquanto o livro é lento, mais focado no drama de cada personagem e menos no mistério, aqui a série se inverte, tendo mais cenas de tensão e fazendo com que alguns personagens mal tenham tempo de tela (como o casal cujo casamento está em crise, Ben e Jessica). Felizmente, duas das minhas tramas favoritas foram bem exploradas ao longo dos episódios: a primeira delas é a aproximação da escritora Frances (que sofreu um golpe de amor pela internet) e do ex-atleta Tony (que teve que parar de jogar após uma lesão e se fechou para o mundo). A química entre Melissa McCarthy e Bobby Cannavale transborda na tela e eles protagonizam cenas emocionantes e outras engraçadas. A segunda trama que eu curti demais, superando a emoção do livro, foi a da família Marconi, que foi ao spa na tentativa de superar o luto pela perda do filho/irmão. Heather, Napoleon e a filha, Zoe, carregam muita culpa e sofrimento, e todas as cenas em que eles enfrentaram tais sentimentos me fizeram chorar. A atuação visceral de Asher Keddie (Heather) me deixou arrepiada e de coração partido.

A reta final da série é um pouco fraca. O clímax não causa aflição, o que ocorre nas páginas. Por outro lado, a produção televisiva foca em humanizar Masha e suas experiências, transformando-a em uma personagem que causa mais simpatia (enquanto no livro ela está em busca de fama e reconhecimento). Além disso, diferente do que ocorre no material original, a minissérie tem um final aberto – cabendo a você escolher no que acreditar.

A adaptação de Nove Desconhecidos é uma ótima produção, com um enredo bacana e ganchos interessantes. Mas seu maior mérito é o mesmo que o do livro: seus personagens – aqui muito bem representados por um elenco que entrega atuações impecáveis. As mesmas coisas que me incomodaram no livro também me incomodaram na série, mas em ambos os casos minha percepção geral da história é muito boa. Vale a pena colocar Nove Desconhecidos na lista e passar um tempinho em Tranquillum House. 😉

P.S.: pra quem ficou interessado em saber as diferenças entre a série e o livro (com spoilers, obviamente), é só conferir a lista abaixo:

  • Descoberta da verdade sobre o tratamento: quem se liga que Masha está drogando os hóspedes é Heather, que é enfermeira. Ela também é a primeira a se revoltar, assim como Ben, que odeia drogas por ter perdido a irmã para o vício;
  • Plot de Ben e Jessica: o casal vai até o spa para tentar salvar o casamento e, enquanto na série os dois realmente se reaproximam, no livro eles percebem cada vez mais o abismo que se construiu na relação. Ele inclusive se aproxima de Zoe, dando a entender que eles vão manter uma amizade (ou algo mais) no futuro;
  • Propósito das alucinações: diferente do que a série mostra, o livro não traz todo o plot de alucinações com os mortos como uma tentativa de trazê-los de volta;
  • Passado da Masha: no livro ela também perde a filha, mas quando ainda é um bebê. Ela também não tem nenhuma relação com Carmel e não sofreu uma experiência de quase morte pelo tiro, e sim por infarto;
  • Propósito da Masha: enquanto na série ela quer uma forma de reencontrar a filha morta e, por isso, faz os tratamentos nos hóspedes, no livro ela deseja reconhecimento e sucesso por seu método inovador;
  • Yao e Delilah: no livro a Delilah transa com Yao mas não existe a camada romântica/amorosa que a série traz. Consequentemente, ela é uma personagem mais “foda-se” na obra original, que vai embora muito mais por medo de ser pega pela polícia do que por princípios;
  • Plot da Carmel: a mudança mais drástica da série. No livro ela também é uma mulher insegura e magoada pelo fato de ter sido trocada pelo marido e confesso que, no início da trama, achei que ela seria meio maluca por venerar a Masha. No fim, foi uma personagem bem sem sal. Na série ela é completamente desequilibrada, sendo a pessoa por trás do tiro em Masha e responsável por stalkear a diretora da Tranquillum House;
  • Passado do Tony: diferente do que a série mostra, o ex-atleta não se envolveu em uma briga que culminou na morte de um homem, e também não era viciado em analgésicos. Ele decide ir a Tranquillum por estar completamente sozinho e perceber que ficou “triste” ao ir ao médico e descobrir que sua saúde estava ok, servindo de sinal de alerta para buscar ajuda.

Título original: Nine Perfect Strangers
Ano de lançamento: 2021
Criadores: John-Henry ButterworthDavid E. Kelley
Elenco: Amy Poehler, Rashida Jones, Nick Offerman, Aubrey Plaza, Chris Pratt, Adam Scott, Aziz Ansari, Retta, Jim O’Heir, Rob Lowe

Dica de Série: Parks and Recreation

Oi pessoal, tudo bem?

Apesar do meu gênero favorito ser thriller/policial, ele é seguido de perto por sitcoms. Sempre preciso ter alguma série divertida, com episódios de 20 minutos, no radar. Por isso, vim dividir com vocês uma que ganhou meu coração: Parks and Recreation.

Sinopse: Leslie Knope, uma burocrata de nível médio no Departamento de Parques e Recreação de Indiana espera embelezar sua cidade (e impulsionar sua própria carreira) ajudando a enfermeira Ann Logan a transformar uma construção abandonada em um parque comunitário, mas o que deveria ser um projeto relativamente simples é frustrado o tempo todo por burocratas estúpidos, vizinhos egoístas, a burocracia governamental e um infinidade de outros desafios.

Assim como aconteceu com The Office, foram necessárias duas tentativas pra gostar de Parks. Acredito que ter me acostumado com a vibe da primeira fez com que tornasse mais fácil gostar da segunda quando me propus a tentar de novo. E como valeu a pena! Parks é incrível ao início ao fim, cheia de cenas memoráveis e personagens cativantes.

A trama acompanha Leslie Knope, uma funcionária pública apaixonada pelo que faz e por sua cidade, Pawnee. Ela é vice-diretora do setor de Parques e Recreação da prefeitura, e leva seu trabalho muito a sério. Tentar descrever Leslie é como tentar descrever um unicórnio fofinho e saltitante: ela é otimista, fofa, carinhosa, leal e inocente. Por isso, quando a enfermeira Ann Perkins comparece a uma reunião pública e revela que seu namorado caiu numa cratera que deveria ser de responsabilidade da prefeitura, Leslie faz de sua missão de vida ajudar Ann e conseguir transformar aquele espaço em um parque. Esse é o início de uma das amizades mais fofas da televisão.

Parks and Recreation, portanto, começa girando em torno desse objetivo de fechar a cratera. Porém, com o desenrolar das temporadas, vemos Leslie se envolvendo em mais camadas políticas e assumindo tarefas cada vez mais desafiadoras – tudo isso com muito bom humor e leveza. E, pra mim, o grande mérito da série está nos personagens (e seu elenco que dá vida a cada um deles). O grupo do setor de Parques e Recreação é composto por pessoas muito diferentes, mas com o tempo vemos que há algo em comum entre todos: a lealdade, especialmente à Leslie.

Parks é tão engraçada que conseguiu fazer com que o chefe de Leslie, Ron Swanson, fosse um dos meus personagens favoritos. E por que isso é uma grande conquista da série? Porque Ron personifica tudo que eu abomino e, na vida real, eu atravessaria a rua pra não ter que cruzar com ele: o homem é pró-armas, acha os Estados Unidos a única nação que presta, é conservador e come carne até de sobremesa. Só que eu juro pra vocês que na série esse jeitão dele funciona, e todos os momentos em que ele demonstra seus sentimentos e vulnerabilidade são incríveis de assistir. Há também uma dupla que eu adoro demais, mas sobre a qual não posso falar muito pra não dar spoilers: Ben e Chris. Eles são auditores do governo e chegam à série na segunda temporada, sendo adições essenciais pro desenvolvimento da trama. Por último, mas não menos importante, vale comentar que Pawnee por si só é um personagem. A cidade é a grande paixão de Leslie, que a defende com unhas e dentes, e tem inúmeras peculiaridades (como o fato de idolatrar um pônei, Lil’ Sebastian).

Se você procura um entretenimento capaz de levantar o seu astral, corre na Amazon Prime Video pra dar o play em Parks and Recreation. Você vai se divertir em cada episódio com o jeito marcante de cada personagem e provavelmente vai terminar a série acreditando também que Pawnee é um lugar incrível. 😀

Título original: Parks and Recreation
Ano de lançamento: 2009
Direção: Greg Daniels, Michael Schur
Elenco: Amy Poehler, Rashida Jones, Nick Offerman, Aubrey Plaza, Chris Pratt, Adam Scott, Aziz Ansari, Retta, Jim O’Heir, Rob Lowe