Oi pessoal, tudo bem?
Se vocês estavam em busca de uma boa série pra maratonar, a dica de hoje vai cair como uma luva. Vamos conhecer Bel-Air, o reboot de Um Maluco no Pedaço?
Sinopse: Com produção executiva de Will Smith, “Bel-Air” reimagina a icônica comédia dos anos 90 “The Fresh Prince of Bel-Air” para uma nova era. Situado na América moderna, a série dramática de uma hora oferece uma nova e dramática visão da jornada de mudança de vida de Will, das ruas do oeste da Filadélfia às mansões fechadas de Bel-Air. Deixando para trás a única casa que ele já conheceu por uma segunda chance em um lugar desconhecido, Will vê sua vida virada de cabeça para baixo ao encontrar novos desafios e preconceitos em um mundo de riqueza e aspiração.
Antes mesmo de iniciar Bel-Air, eu já tinha um feeling muito bom de que a série tinha potencial, afinal, ela se propõe a contar a história do jovem Will Smith com um viés de drama, e não de humor. Quem assistiu a Um Maluco no Pedaço deve lembrar que a comédia era irreverente e divertida, mas vez ou outra tocava em assuntos sérios como racismo estrutural, abandono parental, porte de armas, entre outros temas. Justamente esse aspecto me deixou tão curiosa com o reboot, pela possibilidade de ver esse universo dramático se desdobrar. E eu fiquei muito satisfeita com o que vi!
Em linhas gerais, a série segue a mesma trama da original: Will Smith é um jovem brilhante da Filadélfia, que arrasa no basquete e já tem convites para universidades graças a esse talento. Porém, ele é temperamental e se deixa levar pela provocação de um traficante local, o que o coloca em um jogo de basquete perigoso. Quando tudo dá errado e seu melhor amigo, Tray, começa a ser agredido pela gangue do traficante, Will utiliza a arma que Tray levou para segurança dos dois e atira pra cima, o que o faz ser preso. Isso obriga sua mãe, Vy, a pedir ajuda de sua irmã rica, Vivian, e seu cunhado, Phil Banks. Cobrando alguns favores e usando de sua influência como um advogado poderoso em Los Angeles, Phil consegue tirar Will da cadeia e ele é enviado pela mãe para morar com os tios e fugir das ameaças de morte do traficante.
Se em Um Maluco no Pedaço a “fuga” de Will é abordada rapidamente na abertura – e com um tom mega leve –, em Bel-Air essa situação é desenvolvida e tem o peso que lhe cabe. Will realmente tem sua vida colocada em perigo, assim como Tray. Além disso, ele perde oportunidades na faculdade e precisa ir para um lugar no qual ele não deseja estar. Esse ponto é super positivo e demonstra como um minuto de uma decisão ruim pode mudar toda a sua vida. Além disso, também já temos evidenciada outra novidade importante: a área cinza em que Phil atua. Se na série original ele é sempre um guia de moralidade pros filhos e pra Will, em Bel-Air o personagem caminha num território mais nebuloso e, por vezes, de moral duvidosa. Pra vários de seus trabalhos menos nobres, o tio Phil conta com a ajuda de Geoffrey, que aqui deixa de ser um mordomo sarcástico para se tornar o braço direito calado, misterioso e implacável que faz os trabalhos sujos do patrão.
Os filhos dos Banks também sofrem transformações consideráveis. A que mais gostei foi Hilary, que é uma microinfluencer em busca do sucesso como uma personalidade do ramo gastronômico. Ainda que use o dinheiro dos pais (por ter desistido da faculdade), a personagem sonha alto e corre atrás dos seus objetivos, bem diferente da patricinha fútil de Um Maluco no Pedaço. A Hilary de Bel-Air é menos bidimensional, além de ter um coração enorme e construir uma relação muito bacana com Will, Ashley e – acreditem – Jazz. Em compensação, uma mudança de personagem que foi difícil de engolir foi a de Carlton. Na nova versão, ele não é o engomadinho inocente de Alfonso Ribeiro, mas sim um atleta popular que sofre de ansiedade e é viciado em drogas. Ele acaba sendo um pouco estereotipado naquela imagem do rico poderoso que usa drogas pesadas pra lidar com o dia a dia, além de ser cruel com Will em diversos momentos. Infelizmente a série coloca um triângulo amoroso pra complicar a relação dos primos, e essa foi uma decisão de roteiro da qual não gostei. Com o passar dos episódios, porém, Carlton vai se abrindo para a presença de Will e eles começam a construir uma relação mais saudável.
Um ponto que adorei em Bel-Air é a forma como a série coloca pequenas homenagens ao material original, mexendo com a nossa nostalgia. A forma como Will usa o blazer do avesso, por exemplo, é super legal. Há também uma homenagem às antigas tia Viv e Vy, assim como ao tio Phil original, que faleceu em 2013. 😥 Quem for mais atento vai perceber o momento em que ele aparece, e é uma inserção singela mas muito bonita.
Em resumo, Bel-Air é um reboot que faz justiça a Um Maluco no Pedaço e trata superbem de vários dos temas mais pesados que eram mais superficiais na obra original. Jabari Banks, o novo Will Smith, consegue dar vida ao personagem de maneira excelente, trazendo vários dos trejeitos do antigo Will com naturalidade, fazendo o espectador associá-lo com o personagem sem esforço. A série a princípio terá uma segunda temporada, mas talvez demore a ser feita devido à polêmica do verdadeiro Will Smith no Oscar. Fico na torcida pra que não mudem de ideia e continuem com esse projeto, porque realmente gostei muito do novo olhar que essa história recebeu. Se você curtia Um Maluco no Pedaço, vale a pena dar uma chance a Bel-Air. 😉
Título original: Bel-Air
Ano de lançamento: 2022
Criação: Andy Borowitz, Susan Borowitz e T.J. Brady
Elenco: Jabari Banks, Cassandra Freeman, Adrian Holmes, Olly Sholotan, Coco Jones, Jimmy Akingbola, Simone Joy Jones, Akira Akbar, Jordan L. Jones, April Parker Jones