Resenha: A Última Festa – Lucy Foley

Oi gente, tudo certo?

Um dos lançamentos do ano da Intrínseca foi A Última Festa, um livro que me chamou a atenção por me lembrar de E Não Sobrou Nenhum (um dos meus livros favoritos). Li a obra recentemente e hoje vou dividir com vocês se as expectativas foram atingidas ou não. 😉

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Sinopse: Todo ano, nove amigos comemoram o réveillon juntos. Desta vez, apenas oito vão voltar para a casa depois da festa. Programado para acontecer em um cenário idílico, o réveillon que Miranda, Katie e os outros amigos que conheceram na faculdade passarão juntos este ano promete refeições deliciosas regadas a champanhe, música, jogos e conversas descontraídas. No entanto, as tensões começam já na viagem de trem — o grupo não tem mais nada em comum além de um passado de convivência, feridas jamais cicatrizadas e segredos potencialmente destrutivos. E então, em meio à grande festa da última noite do ano, o fio que os mantém unidos enfim arrebenta. No dia seguinte, alguém está morto e uma forte nevasca impede a vinda do resgate. Ninguém pode entrar. Ninguém pode sair. Nem o assassino. Contada em flashbacks a partir das perspectivas dos vários personagens, a história deste malfadado encontro é um daqueles mistérios de assassinato cheio de tensão e de ritmo perfeito. Com uma trama assustadora e brilhantemente construída, A Última Festa planta no leitor a semente da dúvida: será que velhos amigos são sempre os melhores amigos?

Todo ano, um grupo de amigos se reúne para celebrar o Ano Novo. Para a virada de 2018 para 2019, a responsável pela organização é Emma, a membro mais recente do grupo – que entrou para a turma por namorar um dos rapazes, Mark. Na tentativa de fazer uma celebração memorável (afinal, ela sempre se sente uma outsider, já que todos os outros se conhecem desde a faculdade), ela organiza um Réveillon no interior da Escócia, em uma mansão afastada da civilização que promete oferecer uma verdadeira experiência highlander. Contudo, nada sai como o planejado: uma nevasca terrível deixa o grupo isolado, o que inclui os três funcionários da mansão, e uma das pessoas presentes é encontrada morta – mas o leitor não sabe quem.

Essa premissa foi o suficiente para me instigar e, como comentei antes, me lembrou da vibe claustrofóbica presente na obra de Agatha Christie. Os oito amigos, o guarda-caça da mansão (Doug) e a responsável pelas reservas (Heather) se veem presos no ambiente devido à nevasca e, quando uma das pessoas desaparece e é encontrada morta, todos percebem que o responsável está entre eles, dando à trama um clima mais pesado. Isso na teoria, tá gente? Na prática a coisa é bem diferente, e vou explicar porquê.

Desde o início da viagem, percebemos que há algo errado no grupo. À exceção de Emma, como comentei antes, todos se conhecem desde a faculdade, então muitas das conversas e memórias que vêm à tona são dessa época. Fora isso, o grupo não parece ter mais nada em comum. Os capítulos são intercalados entre alguns narradores: antes do desaparecimento, por indivíduos do grupo de amigos; depois do desaparecimento, por Heather ou sob o ponto de vista de Doug. Nos capítulos antes da tragédia fica nítido como existem mágoas não resolvidas e expectativas não atendidas em toda a relação de “amizade” ali presente.

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O que complica e muito a leitura desses capítulos é que nenhum dos personagens do grupo de amigos cativa (sendo honesta, eles são péssimos!). Miranda é o “Sol” do grupo, em torno de quem todos os outros orbitam. Ela é mesquinha, vingativa, egocêntrica e faz questão de que tudo saia do jeito que ela quer. Ao longo do feriado, ela se ressente de Katie, sua melhor amiga, que está mais diferente do que nunca: de visual renovado e personalidade mais independente, ela já não lembra mais a garota que era sua sombra na faculdade. Mas Katie não é flor que se cheire: apesar de transparecer ser alguém que só quer “ficar na sua” e estar na viagem a contragosto, ela se revela uma amiga mentirosa e, em até certo nível, interesseira. Foi muito conveniente usar o prestígio de Miranda enquanto ela era jovem e deslocada, mas agora ela não se digna a dedicar nem um instante do seu tempo àquela que chama de melhor amiga. A terceira narradora mais relevante é a organizadora da viagem, Emma. Ela tem um complexo de inferioridade por ter entrado no grupo por último e coloca Miranda num pedestal: esse combo de características faz dela uma pessoa desesperada por aprovação.

A Última Festa gira muito em torno de saber quando temos que deixar algo pra trás. Ele aborda como nem sempre nossos planos na juventude dão certo quando caímos no “mundo real” e o quão frustrados podemos nos tornar por conta disso. O apego do grupo de amigos é um sintoma dessa incapacidade de abandonar o que já não faz bem e revela uma tentativa desesperada de manter um vínculo que já se perdeu, talvez pelo desejo de manter aquele espírito da juventude vivo, bem como os sonhos da época. Esses temas são bem interessantes, o problema é que são narrados por personagens irritantes e com os quais o leitor simplesmente não se importa (pelo menos essa foi a minha experiência). Para completar, o final me lembrou muito outro livro que li, Bela Gentileza. Isso, somado à sensação de similaridade com E Não Sobrou Nenhum, fez de A Última Festa um livro sem surpresas, pois pareceu que eu já tinha visto tudo aquilo antes, em outras obras. 😦

A Última Festa foi um livro que exigiu um pouco de paciência pra ser terminado. Apesar de ter alguns temas relevantes e relacionáveis, a condução da história foi exaustiva e os personagens me causaram asco. Se você decidir ler, é por sua conta e risco – mas fico na torcida pra que seja uma experiência melhor que a minha.

Título original: The Hunting Party
Autor:
Lucy Foley
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 304
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