Olá, pessoal!
O post de hoje se trata de um filme que eu estava louca para assistir: A Menina que Roubava Livros! Eu ainda não tive a oportunidade de ler o livro, então a opinião que vou expressar aqui é baseada exclusivamente no filme! 🙂 Cuidado, o texto abaixo pode conter alguns spoilers!

Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial, uma jovem garota chamada Liesel Meminger sobrevive fora de Munique através dos livros que ela rouba. Ajudada por seu pai adotivo, ela aprende a ler e partilhar livros com seus vizinhos, incluindo um homem judeu que vive na clandestinidade.
O filme começa em 1938, na Alemanha. Com o avanço do regime nazista, a jovem Liesel Meminger (Sophie Nélisse) é levada pela mãe comunista até um casal que se dispõe a adotá-la, junto com seu irmão mais novo. O menino, entretanto, não resiste à viagem e morre ainda no trem. Durante o enterro, à beira da ferrovia, um dos coveiros deixa cair um livro – um manual de sua profissão – e, mesmo sem saber ler, a menina o pega para si, iniciando a sua futura coleção roubada. Esse também foi o primeiro encontro de Liesel com a Morte, que é a narradora do filme (assim como no livro). A Morte foi o primeiro ponto que me chamou a atenção: é um narrador masculino! Acho que esperava uma mulher narrando, considerando o gênero feminino da palavra no português, mas adorei essa surpresa. Devo dizer que amei a interpretação do narrador, a ironia usada em suas palavras, a forma despreocupada com que conta os fatos e o interesse e a curiosidade que a Morte sente por Liesel e sua história.
A relação de Liesel com os novos pais, o amável e doce Hans (Geoffrey Rush) e a forte e amargurada Rosa (Emily Watson), evolui aos poucos, de forma progressiva. A simpatia da garota pela nova família começa com o carinho do pai, que a recebe de braços abertos e faz de tudo para que Liesel se sinta em casa. É ele quem a ensina a ler e quem a estimula a manter esse hábito. Contudo, aos poucos ela vai conhecendo Rosa melhor e percebe que, apesar do jeito mais duro e impaciente, ela realmente se importa com a família.

Um dos meus personagens favoritos – logo depois de Hans – é Rudy (Nico Liersch), o melhor amigo de Liesel. Logo que ela chega na nova casa, o garoto faz de tudo para se aproximar dela e os dois constroem uma amizade muito sólida. Eles são também o primeiro amor um do outro, aquele amor inocente de infância que nunca é declarado diretamente, mas que conforta o coração. Graças à amizade de Rudy, Liesel ganha uma perspectiva mais alegre de vida, possibilitando que ela deixe (pelo menos um pouco) todo o sofrimento precoce para trás. Além disso, Rudy é um garoto puro, com um coração enorme. Senti como se ele fosse um raio de sol naquele clima pálido (como nas próprias palavras de Liesel) do filme e da vida da pequena ladra de livros.

Falando sobre o hábito de roubar livros (ou “pegar emprestado”, como Liesel alega), esse aspecto da personagem foi abordado de forma um pouco superficial. Depois que Liesel conhece a esposa do prefeito – que se interessa pela coragem e pela curiosidade da menina –, ela passa a frequentar assiduamente sua biblioteca. Porém, o prefeito descobre a recente amizade das duas e proíbe a volta de Liesel, que passa a invadir o local e a pegar alguns livros para a sua coleção. Entretanto, essas cenas não parecem ter grande impacto sobre a narrativa, considerando que o filme é mais focado na relação de Liesel com as pessoas ao seu redor.

Uma das poucas “decepções” que eu tive, além da irrelevância do roubo de livros, foi com Max (Ben Schnetzer), o garoto judeu que é escondido pela família de Liesel no porão. Eu adorei o personagem, e as cenas dele com a Liesel – quando ele não está doente, pelo menos – são ótimas, repletas de sarcasmo, deboches, mas também lições de vida. Eu enxerguei Max como um irmão mais velho, dando conselhos e incentivando Liesel. Porém, o que me deixou chateada foi a escassez dessas cenas. Pelo que eu imaginava do livro, Max teria um grande papel na trama (e, de fato, ele tem), mas grande parte das cenas em que aparece ele está doente e muito fraco. Porém, o caráter de Max é indiscutível: no momento em que sua presença na casa de Liesel se torna uma ameaça (ainda mais) arriscada, ele decide partir. É um dos momentos mais tristes do filme, pois o garoto já havia se tornado parte daquela família.

Falando um pouco do filme de forma geral: eu gostei muito da trilha sonora, mas o que realmente me encantou foi a fotografia. As cenas são repletas de cores opacas, como o branco e o cinza, demonstrando a frieza e a desesperança daquele período histórico. Uma das cenas mais bonitas é protagonizada por Liesel e Rudy, à beira de um belíssimo lago, xingando Hitler e demonstrando o ódio por tudo aquilo que os cercava.
Eu adoro filmes ambientados durante a Segunda Guerra Mundial. A cena da Noite dos Cristais, que ocorreu em 9 de novembro de 1938, foi bem forte e mostrou a brutalidade nazista, um regime que estava em ascensão. Durante todo o filme existem passagens que nos lembram o quanto essa fase histórica odiosa destruiu a vida de milhares de pessoas, como nas cenas em que Liesel e seus vizinhos precisam se esconder em um abrigo antiaéreo, e todos ao seu redor estavam tomados pelo pânico. Além disso, o filme também aponta a dor daquelas famílias que perderam entes queridos para a guerra, tendo um marido, um pai ou um filho arrancado de seus braços e sendo mandado para a provável morte no campo de batalha.
Até a metade do longa, eu acreditei que a mensagem principal fosse a esperança nascendo das pequenas coisas, mesmo quando tudo à sua volta estava desmoronando e diversas tragédias já haviam acontecido. De certa forma, essa é mesmo a mensagem. Entretanto, o final do filme é realmente triste. Eu chorei em diversos momentos, mas foi no final que as lágrimas ganharam força e a emoção transbordou. As cenas finais ainda na Segunda Guerra me deixaram totalmente sem esperança de que alguma coisa boa ainda pudesse acontecer, me senti desolada com toda aquela tragédia. Felizmente, a vida ainda reservaria alguma alegria para Liesel. E mesmo a Morte teve que esperar para buscá-la, e pareceu ficar satisfeita com isso.

A Menina que Roubava Livros é emocionante e muito bonito. Minha curiosidade para ler o livro só aumentou, mas tenho que admitir que as emoções foram muito fortes e vou adiar esse reencontro com Liesel. Recomendo muito o filme. Afinal de contas, quando a Morte conta uma história, você deve parar para, nesse caso, ouvir. 🙂
Título original: The Book Thief
Ano de lançamento: 2013 (EUA) e 2014 (Brasil)
Direção: Brian Percival
Elenco: Sophie Nélisse, Geoffrey Rush, Emily Watson, Ben Schnetzer, Nico Liersch.