Oi gente, tudo bem?
O post de hoje é sobre uma leitura que mexeu muito comigo recentemente: O Peso do Pássaro Morto. Peguem os lencinhos!
Sinopse: A vida de uma mulher, dos 8 aos 52, desde as singelezas cotidianas até as tragédias que persistem, uma geração após a outra. Um livro denso e leve, violento e poético. É assim O peso do pássaro morto, romance de estreia de Aline Bei, onde acompanhamos uma mulher que, com todas as forças, tenta não coincidir apenas com a dor de que é feita.
Contando a história de uma mulher dos 8 aos 52 anos de forma poética e reflexiva em primeira pessoa, O Peso do Pássaro Morto nos transporta para a mente e para o coração dessa personagem que desde o início da vida foi marcada pela dor. O primeiro capítulo se passa quando ela é uma menina de 8 anos, e a linguagem lúdica transmite o raciocínio imaginativo de uma criança. Essa inocência não demora a sofrer um baque ao ser exposta a duas perdas que vão marcar a sua vida: a de Seu Luís, um benzedeiro que cuidava dela e de sua família, e de sua melhor amiga, Carla. A protagonista conhece a solidão cedo demais e, na ausência de sua amiga, ela se vê numa escola nova, sem amigos e sem nenhum referencial de beleza e alegria que tinha até então. Pensar (e sentir, por meio da narrativa) em uma criança sofrendo isso já é suficiente para nos deixar de olhos marejados.
Mas a tristeza da protagonista não acaba nesse momento. Aos 17 ela é marcada por uma violência sexual que redefine toda a sua vida: ela é estuprada, não tem coragem de dizer o que aconteceu, se vê grávida e dando à luz o filho do homem que destruiu os seus sonhos e o seu futuro. Conforme os capítulos (ou seja, os anos) se passam, ela divide com o leitor as suas angústias e percebemos que nada do que ela planejava se realizou: se ela pretendia ser uma aeromoça e conhecer o mundo, agora ela se vê presa a um escritório tendo que sustentar sozinha o filho que ela nunca quis. E essa rejeição é um dilema e uma dor com a qual ela convive todos os dias.
Conforme Lucas, seu filho, cresce, vai ficando mais nítido que o afastamento dele para uma universidade é um alívio para ambos. A conexão entre os dois nunca aconteceu e, por mais que ela se esforce, a verdade é que olhar para Lucas é lembrar da sua agressão. Sua vida foi marcada por tragédias e a maior delas é ter um filho que ela nunca conseguiu amar. A melancolia presente nesse fato é sufocante, e a gente torce com todas as forças para que a protagonista consiga encontrar alguma fonte de esperança na sua rotina. E a esperança vem na forma de um cachorro vira-lata que ela decide adotar, Vento. Ao lado dele a vida ganha cor de novo e os dias são marcados pelo amor que ela nunca sentiu. São nessas páginas que a narradora (e o leitor) sente um pouco de alívio frente a todas as tristezas que inundam as páginas.
O Peso do Pássaro Morto é um relato poético e melancólico das mazelas da vida de uma mulher que, desde muito cedo – cedo demais –, teve tudo tirado de si. A inocência, os sonhos, a vontade de viver. A morte ao seu redor e a morte da sua própria essência marcam cada linha do livro, e nossa protagonista de fato parece um passarinho que caiu da árvore sem sequer ter a chance de voar. É muito difícil não derramar algumas lágrimas conforme as páginas avançam, porque além do realismo presente nelas, nos deparamos também com uma grande sensibilidade pra narrar tanto desalento.
Eu amei a experiência de ler O Peso do Pássaro Morto, mas entendo também que ele não seja um livro pra qualquer momento. Eu acho inclusive que escolhi um momento complicado para lê-lo, e fiquei triste por alguns dias após terminá-lo. Então meu conselho é que você dê uma chance a essa leitura quando se sentir emocionalmente forte e menos vulnerável, pra que essa experiência não seja mais triste do que precisa ser. E, quando esse momento chegar, leia O Peso do Pássaro Morto. É um livro do qual é impossível esquecer.
Título original: O Peso do Pássaro Morto
Autora: Aline Bei
Editora: Nós
Número de páginas: 168
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Oi, Pri. Como vai? Me parece uma obra bastante tocante. Sua resenha ficou incrível. Fiquei com vontade de o ler. Abraço!
https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Amei a resenha. Li esse livro no começo do ano e até hoje me lembro da sensação que senti ao ler esse livro. Eu amei a forma que a autora conduziu a história e em a história é pesada e delicada e mesmo assim gruda na gente.
A única coisa que eu não entendi era quem era o homem no cemitério…
Beijos
http://www.dearlytay.com.br/
Oi Pri, tudo bem?
Esse livro me deixou destruída. A forma como a autora constrói a história é tão tocante e triste ao mesmo tempo que fiquei sem chão no final. Acho que também li na época errada, fiquei meio deprê por dias. Mas foi uma experiência única.
Beijos;*
Ariane Reis | Blog My Dear Library.
Uau, deve ser um livro bem impactante. Fiquei bem curiosa para conhecer. ❤
https://www.kailagarcia.com
Oi Pri, espero que do lado daí tudo esteja bem.
Amei essa indicação de livro e a história parece tocar bem no nosso coração e concordo que não é para qualquer momento, eu vou esperar um pouco para ler, quero ler quando eu estiver muito feliz e leve, acho bacana esse tipo de leitura as vezes em momentos específicos pois, mexe demais com nosso emocional.
Beijos.
https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
Eu não estaria preparada para fazer a leitura. É um livro com tema que mexeria comigo, mas entendo que algumas pessoas amaram a experiência.
Abraço
Imersão Literária
Olá, Priih.
Vou anotar o título porque gosto muito de livros que contam a história da pessoa por anos assim. Mas também vou levar em conta sua dica e não vou ler tão já porque acredito que não estou em um bom momento para ler algo do tipo.
Prefácio
Oi, Priih!
Essa é uma leitura que aparenta não ser muito fácil, daquelas que realmente precisamos do momento ideal pra conferir, com bastante calma para digerir todas as tragédias que a personagem enfrenta.
xx Carol
https://caverna-literaria.blogspot.com/
Deve ser uma leitura muito tocante, geralmente gosto de livros pesadinhos e histórias densas esse parece ser bem o estilo que eu leria mas ultimamente estou apostando em leituras leves e engraçadas, mas já está na minha listinha para que eu leia futuramente ❤
Beijoss, Blog Seja Agridoce ♥️♥️♥️
Oi Priih,
Sendo sincera, já não é uma obra que chame muito minha atenção, mas depois de você falar que precisa estar emocionalmente estável, talvez não seja o meu momento mesmo.
A pandemia mexeu muito comigo e acho que agora, essa leitura me deixaria pior.
beijos
http://estante-da-ale.blogspot.com/
Alguns livros realmente são eternos em nossos corações. Com poucas palavras, em poucas páginas, ele transmite tanta emoção e tanta sensibilidade, que vale mais do que vários tijolinhos de capa chamativa. Eu não conhecia esse livro, mas só de ler sua resenha, já fiquei mexida com a protagonista. Infelizmente, não leria nesse momento, pois eu não estou muito bem emocionalmente, mas é um livro realmente emocionante.
Bjks!
Mundinho da Hanna
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Olá,
Sou bem curiosa com esse livro, pois sempre leio elogios pelas redes.
Gosto muito dessa proposta de acompanhar a vida de uma personagem feminina por anos num tom mais dramático, e com pontos do meu interesse.
até mais,
Canto Cultzíneo
Confesso que apesar de toda a poética e entendimento por trás desse livro, eu passo longe desse título por que drama é algo que suga muito das minhas energias. Pra mim, como leitora, nunca há um momento certo para ler um drama muito intenso.
Porém, não posso dizer que amei a sua resenha e senti o peso desse livro por meio dela.
Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥
reformulando a última frase: *não posso dizer que NÃO amei a sua resenha…
Seus textos são dignos de jornais e revistas profissionais inclusive.
Oie Prih!
Eu já vi muitas pessoas falando muito bem desse livro e você é uma delas!
No momento, eu tô correndo pra leituras mais leves… Meu emocional e psicológico tá bem abalado e acabo surtando por qualquer coisa, então acho que vou dar uma chance mais pra frente. Deeve ser um livro delicado e pelo que vocÊ falou, apesar das poucas páginas dá um grande impacto na gente !
Vi que tem no KU também, é um bom motivo hehehe
Beijos!
Pâm
Blog Interrupted Dreamer
Thank you so much for the review!
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Pri, segui sua dica de esperar a hora certa pra ler O peso do pássaro morto… e, uau, isso foi muito importante pra mim. Não só pela viscosidade da trama, que chega a ser sufocante, mas também pela estrutura narrativa. Em outros tempos, acho que eu resistiria à prosa descompromissada – mas não menos rica – da Aline Bei. Ao terminar de ler, me peguei pensando que a prosa em verso, o rompimento com a norma culta, a troca deliberada de maiúsculas por minúsculas, a contação no ritmo do pensamento foram as formas que a autora encontrou de tornar mais leve uma narrativa tão pesada. Morte, violência, solidão, tristeza, frustração, morte, morte, morte! Mas havia um jeito belo de contar essa história, e era esta. Acabei de terminar a leitura, foi rapidinho, mas tô triste, o que mostra o poder dessa história, a repercussão dela dentro de mim. Pessoalmente, também gostei muito de ler mais sobre o desamor na maternidade, que é mais comum do que imaginamos, mas ainda um grande tabu. Obrigado pela indicação e pela resenha!
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